**Capítulo 19**

32.1K 3.4K 1.6K
                                    

São Paulo, dia 17 de março de 2016.
11 hrs da manhã.

Sai daquela cela algemado e fui seguindo com os guardinhas em direção a sala daquela loira...dos infernos.

Hoje tinha mais uma consulta com ela, e todos já estavam ligados que eu não iria falar porra nenhuma naquela sala.

Não iria mudar apenas por saber que ela é filha de um parceiro meu das antigas, ou por que conheço ela desde menor, só continuaria o mesmo e já era.

Quem quiser que aguente, pô.

Assim que entrei na salinha que ela me atendia, nem olhei pra cara dela, só sentei na cadeira e fiquei de cabeça baixa, quieto na minha.

Ainda estava meio assim só de lembrar que a qualquer hora eu vou matar um mano na frente de todo mundo.

Nesses dias que passou eu só fiquei mais nervoso ainda, por que tava ligado que poderia pegar mais alguns anos de cadeia por conta do que me mandaram fazer.

Eu sou apenas um peão, então quem se fode é eu mesmo.

Enquanto o Tulião tá lá no bem bom mandando eu dar fim no cara, eu tô aqui quase me fodendo mais do que já tô fodido nessa porra.

Se foder em maluco.

Jade: E aí Rafael...

Olhei pra ela na hora erguendo a sobrancelha.

Sinistro: Nem sei quem é esse...- me fiz de maluco, e ela revirou os olhos.

Jade: Cínico! - negou com a cabeça. - Rafael Menezes, 34 anos...

Sinistro: Quem foi o filho da puta que te falou essas porras? - ela sorriu na hora, e eu já fiquei puto. - Foi o Neguinho, não foi?

Ela deu de ombros, e isso pra mim confirmou que foi ele. Filho da puta, fofoqueiro do caralho! Vai ser cobrado legal nessa porra.

Jade: Fica de boa, Sinistro. Ninguém aqui dentro vai saber disso, pra todo mundo você ainda é e sempre vai ser o Wanderson Oliveira.

Sinistro: Foda se, pô. Não era para aquele vacilão ter falado não. - bufei. - Qual foi? O que tu fez pra ele te falar esses bagulhos?

Jade: Eu não fiz nada demais...apenas ficamos conversando do lado de fora do presídio depois das visitas e ele acabou soltando.

Sinistro: Joga a real, filha...qual foi? Pagou mamada pro cara?

Ela arregalou os olhos na hora, e vi que aquilo tinha afetado ela, mas eu nem disse nada.

Jade: Eu não sou assim, então por favor, não fala o que você não sabe. - falou toda seca, e por um momento me senti meio assim por ter perguntando aquela porra.

Pra mim não tinha sido nada demais, mas pra ela de longe eu via que tinha afetado a mina.

Sinistro: Foi...mal, pô. - falei bem baixo, quase em um sussurro, e ela me olhou.

Jade: Tá...tudo bem. - suspirou, mexendo em alguns papéis ali. - Como foi a tua semana?

Eu nem disse nada, só virei o rosto e fiquei encarando a parede calado. Ouvi ela bufando e batendo as unhas na mesa.

Jade: Será que dá pra você conversar comigo, caralho? Tô perdendo a paciência já, porra.

Sinistro: Na boa? Tô afim não.

Jade: Então vai se foder!,

Ela levantou e bateu na porta toda putinha. Os caras abriram e ela pediu pra me levarem, por já tava sem paciência.

Fui saindo dali sendo empurrado, mas antes olhei pra trás, pra cara dela e sorri de lado.

Sinistro: Até daqui uns dias...Jadeane!

Diário de um DetentoOnde histórias criam vida. Descubra agora