**Capítulo 23**

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Passei dias trancado ali naquela maldita salinha, sendo torturado pra caralho pelos caras.

Estava todo fodido, com vários cortes pelo corpo, e diversas queimaduras espalhadas também. Não comia e nem bebia água fazia dias, e já estava achando que dali eu não iria sair mais.

O diretor vinha todo dia aqui tentar saber de algo, e eu nunca falava, por que até então eu não podia. E sempre que eu ficava quieto, ignorando ele, ele pegava uma tora de madeira e dava nas minhas pernas.

Não tava aguentando mais essa porra não, minha vontade era só de matar geral e sair de uma vez dessa porra. Estava no puro ódio com esses filhos da puta mermo, na moral.

Quando eu já estava quase dormindo ali naquela porra, a porta de abriu e entrou os dois policiais com uma velha do lado.

Ela estava toda de branco, segurando uma maleta. Seu olhar era frio em cima de mim, e mesmo eu percebendo que ela estava meio que com nojo de se aproximar de mim, ela veio!

A mulher abriu aquela maleta e eu vi algumas paradas ali de primeiros socorros.

Assim que ela começou a limpar os cortes e os machucados, a parada começou arder pra caralho, me segurei maneiro pra não gritar e xingar essa porra.

A velha ficou uma cota ali cuidando dos meus machucados, e depois saiu dali com aquela cara de cu dela.

- Vai porra, levanta que tu tem consulta com a psicóloga hoje. Vai porra!

Me levantei dali com dificuldade, por conta das algemas e dos machucados, e fui saindo dali com eles.

Andava mancando pra caralho, e ficava de cabeça baixa. O sol ainda tava fraquinho, e o céu meio nublado. Tinha quase ninguém no pátio quando passamos por ali, só mais alguns guardas mesmo.

Fomos indo em direção a sala daquela mulher, e quando paramos ali na porta, eles abriram a mesma pra mim, e eu fui entrando.

Jade tava ali dentro, sentada, e nem me olhou quando eu entrei, só depois de alguns segundos ela levantou o olhar pra mim, arregalando os olhos no mesmo instante.

Jade: O que aconteceu contigo, Sinistro? - perguntou baixo, se levantando e vindo até mim.

Me sentei na cadeira com dificuldade, e olhei serinho pra ela.

Sinistro: Tortura né, porra. Fui cobrado por esses filhos da puta. - murmurei, e ela fez careta.

Jade: Já até sei o por que...- suspirou, se agachando na minha frente. - Me falaram o que aconteceu no pátio esses dias atrás...

Balancei a cabeça confirmando, e me ajeitei ali na cadeira. Ela se levantou, e se sentou em seu lugar, me encarando seria também.

Jade: Por que você matou aquele cara? - eu fiquei quieto, virando o rosto. - Pode confiar em mim, Rafael...

Respirei fundo, e mesmo não querendo, eu comecei a falar, por que não tava aguentando mais guardar tudo pra mim.

Sinistro: Tinham me passado uma visão que aquele cara era X9, e me mandaram matar ele, e eu matei, mas depois eu soube que aquele cara era inocente, porra...- falei tudo de uma vez, suspirando alto. - Tu não tem noção do quanto isso tá pesando na minha mente, caralho. Eu não queria ter matado ele, mas se não fosse ele, seria eu...

Jade: Tá se sentindo culpado? - fiz careta mas concordei com a cabeça. - Isso mostra que você ainda tem sentimentos, e isso é bom! Mas Sinistro, acho que você não tem culpa do que aconteceu, você só fez o que te mandaram, não fazia idéia que aquele homem era inocente...quem tem que se sentir culpado é quem mandou você matar ele!

Sinistro: Se liga, Jadeane! Tu acha mermo que esses caras que só mandam, se sentem culpados por errar alguma vez? Claro que não, pô. Não foram eles que mataram mesmo. - bufei, apoiando meus braços na mesa.

Jade: Eles podem até não se sentirem culpados, mas um dia eles vão pagar por isso, de um jeito, ou de outro...

Diário de um DetentoWhere stories live. Discover now