**Capítulo 64**

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• Jade •

Sinceramente eu já estava chegando no meu limite com o Sinistro. A arrogância dele, me deixando que nem uma tonta ali naquela sala. Ficava sentida com algumas falas sim!

E o pior é que ele sabe que sou desse jeito, já disse pra ele, mas mesmo assim ele continua sendo arrogante na maior parte do tempo.

Eu quebrei minha ética falando os bagulhos pra ele sobre o que o GG disse, e ele vem me tratar assim. Olha, não dá!

Eu fiquei calada ali por um tempo, apenas rabiscando naquele meu caderno, e sabia que ele já estava puto – como sempre, por eu estar com a cara naquele caderno outra vez. Toda hora ele bufava, ou ficava se mexendo na cadeira.

Jade: Da pra parar? Parece um retardado se mexendo nessa cadeira, euem. - bufei, ainda sem olhar pra ele.

Sinistro: Então tira a porra da cara desse caderno aí, pô. Vim aqui pra ter consulta, não pra ficar vendo tu só nesse caderno.

Jade: E eu vim aqui pra tentar te ajudar, não pra receber respostas arrogantes, e você sempre com grosseria pro meu lado. Tá achando que eu sou o que, Sinistro? - olhei pra ele, fechando o caderno.

Sinistro: Ala, posso fazer nada não, pô. É meu jeito, atura quem quer. - cruzou os braços, olhando para o lado.

Jade: Não aturo porque eu quero, porquê se fosse assim eu teria desistido faz tempo. Estou aqui porque é meu trabalho, e sou obrigada a isso!

Passei a mão no rosto, respirando fundo e tentando me controlar pra não falar algumas coisas que estão entaladas na minha garganta a dias já, mas não me aguentei.

Jade: Olha Sinistro, eu realmente estou me cansando de aguentar essa sua grosseria, e vai ter uma hora que eu vou largar você de mão, e te passar pra outro psicólogo. Não tô suportando você mais com essa arrogância toda, me tratando mal em diversas vezes. Você tá achando que eu sou o que pra aguentar tudo isso? Hm? - olhei seria pra ele. - Não sou tão trouxa a essa ponto não. Quebrei minha ética por você, pra te falar os bagulhos que o GG falou, e você segundos depois me trata na maior grosseria. Vai tomar no seu cú.

Falei quase tudo, e respirei bem fundo outra vez, apertando meus dedos. Fechei meus olhos me encostando na cadeira, e fiquei até que esperando alguma resposta dele, mas o cara não disse nada.

Jade: Eu só acho melhor você mudar esse teu jeito comigo, se não eu realmente vou desistir de você.

Eu me levantei, pegando as chaves das algemas, e fui até ele, atraindo a atenção dele pra mim. Coloquei as algemas nele, e fui abrir a porta.

Chamei os guardas e disse que a consulta tinha acabado mais cedo hoje. O Sinistro me olhou sem entender, e eu nem se quer disse alguma coisa, só dei as costas pra ele, ouvindo logo a porta se fechar.

Deveria sim manter o profissionalismo na frente de tudo nessas horas, mas eu já não estava aguentando por hoje. Tive que acabar mais cedo, se não iria surtar de vez para o lado dele.

Peguei minhas coisas ali, e sai daquela salinha. Antes de sair do presídio, passei na sala do Juliano, avisando que eu já iria embora.

Quando já estava saindo do presídio, alguém começou a andar ao meu lado, e assim que olhei, vi uma das enfermeiras daqui da prisão, a Vanessa.

Vanessa: Oi.

Jade: Oi. - respondi, dando um sorriso fraco.

Já tinha falado com ela algumas vezes, mas não era aquela intimidade que nós tinha.

Vanessa: Aí Jade, vou nem enrolar. Sei que é você que atende o detento Sinistro, e eu só queria saber mesmo se ele tem alguém aqui fora.

Parei de andar na hora, encarando ela serinha. Ala, do nada essa mulher vem com uma dessas, euem.

Jade: Eu não sei de nada sobre a vida dele, sinto muito. - dei um sorriso falso. - Mas você quer saber disso porque?

Vanessa: Sei lá, fiquei um pouco interessada nele, sabe? Quando ele foi na enfermaria a gente conversou bastante até, ele me tratou super bem, e senti interesse da parte dele também.

Fiquei sem saber o que dizer ali, então só fiquei calada, tentando entender de uma vez o que ela tinha acabado de falar.

Sinistro tava interessado nessa mulher? E ainda tratou ela bem? Como assim?

O cara parecia um cavalo quando a gente se conheceu, e até hoje é um na maioria do tempo comigo. Não tô entendendo legal não.

Jade: Tem certeza de que você está falando do mesmo Sinistro que eu atendo? - perguntei, e ela deu risada.

Vanessa: Tenho sim! É o Wanderson Oliveira.

Na mesma hora eu neguei com a cabeça, nem querendo acreditar nessa parada. Realmente o Sinistro é foda.

Jade: Olha, não sei se ele tem alguém lá fora, e sinceramente isso não me interessa.

Sai andando, deixando ela ali sozinha e fui praticamente correndo até meu carro.

Sinistro demorou quase meses pra me dar se quer um pouco de intimidade pra conversar, e com a Vanessa ele mal conheceu e já tava de risinhos com ela? Pelo amor mesmo.

Eu nem vou falar nada, até porque eu e ele não tem porra nenhuma mesmo.

Diário de um DetentoOnde histórias criam vida. Descubra agora