**Capítulo 39**

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Jade ficou um tempo me olhando que nem uma tonga, e eu só dei uma risada baixa, negando com a cabeça outra vez.

Sinistro: Bora dar uma volta pela favela, vai. - me levantei, e ela continuou ali com aquela cara dela. - Vai filha, levanta, porra.

Ela parece que saiu do transe, e me olhou, se levantando. Ficou um tempo ajeitando as coisas dela ali no canto, e depois saímos da casa da minha mãe.

Sinistro: Vou te apresentar a favela que nasci.

Jade concordou com a cabeça, e cruzou os braços. Começamos a andar por aquela favela, e eu reparava em cada parada que tinha mudado ali nos anos em que fiquei fora.

A outra lá só ficava olhando tudo também, sem dizer nada, só no canto dela.

Do nada essa maluca tinha ficado estranha. Ala, entendi não!

Mas também nem disse nada. Fiquei na minha mesmo, só observando aquela quebrada em que cresci.

Sentia uma saudade do caralho dali, todo dia dentro daquela cela só ficava imaginando quando eu voltaria pra cá novamente, e hoje estou aqui, andando pela favela que tanto amo, finalmente longe daquela cadeia.

Já tinha pensado em não voltar pra lá, mas eu realmente quero cumprir os anos que faltam, pra eu ficar suave outra vez. Tranquilão mesmo, sem nada nas costas me fazendo ficar escondido e fugindo sempre da polícia.

Sinistro: Aí, tu não vai dormir lá em casa não, né? - olhei ela ela, fazendo uma careta.

Jade: Não, Sinistro. Vou embora hoje de noite e volto amanhã cedo. - suspirou, sem nem se quer me olhar.

Sinistro: Ih ala, qual foi, Jadeane? - parei de andar, encarando ela serinho. - Do nada tu ficou estranha.

Jade: Não é nada, eu só...tô com dor de cabeça mesmo. - deu um sorriso forçado, e eu neguei com a cabeça, voltando a andar.

Ficamos um tempão andando pela favela, os dois em silêncio, e quando nós já estava voltando pra casa, ela parou em um beco, se sentando em um bagulho de concreto que tinha ali.

Sinistro: Que foi, porra? Bora pra casa, parceira. - cruzei os braços, parando na frente dela.

Ela me ignorou, e eu já fiquei meio puto por ela nem estar se quer olhando pra mim, e agora ignorando. Odeio isso, na moral.

Jade: Rafael...você ficaria comigo? - perguntou do nada, e eu olhei estranho pra ela.

Sinistro: Ih, tá me perguntando isso por que em, Jade?

Jade: Só...me responde! - pediu, ainda sem me olhar.

Cocei a cabeça, virando o rosto e fiquei pensando nas paradas. Do nada essa maluca joga uma dessas.

Sinistro: Tu é gostosa e tudo mais, reparei em tu hoje só, mas não te pegaria não...eu acho...- disse a última parte bem baixo, e ela me olhou.

Ela negou com a cabeça, suspirando alto, e se levantou, ficando frente a frente comigo. Virei o rosto outra vez, e só vi ela chegando perto de mim.

Sinistro: Qual foi, Jade? Tô te entendendo não, mulher. - me afastei um pouco dela, olhando serinho pra cara daquela maluca.

Jade: Nem eu tô me entendendo, Sinistro. - bufou.

Ela se afastou de mim, e saiu daquele beco andando rápido. Eu dei risada e fui indo atrás dela.

Do nada essa mulher vem de caô estranho pra cima de mim. Mulher nunca se quer deu bola, e logo agora vem querendo me beijar. Ala, doidona mermo.

Assim que chegamos na casa da minha mãe, ficamos o dia todo sem nem olhar na cara um do outro. Quer dizer...eu olhava pra ela, já ela, nem se quer olhava na minha direção.

Quando foi de noite já, depois de jantarmos, tive que levar essa doida lá pra baixo, pra poder ir embora.

Fui na base do ódio mermo, com maior preguiça de depois ter que subir tudo de novo, mas fui.

Parei perto do carro dela, e ela já foi entrando no carro, mas segurei teu braço.

Sinistro: O que deu em tu, que tu tá toda estranhona hoje, em? - perguntei, olhando pra cara dela.

Jade: Já disse que não sei, Sinistro, euem. - bufou, tentando puxar o braço da minha mão, mas eu não soltei.

Fiquei olhando serinho pra cara daquela maluca, e devagar, fui me aproximando dela.

Vi ela engolindo em seco, e fechando os olhos por alguns segundos. Só encostei ela no carro, ficando de frente com ela, com nossos rostos bem perto um do outro.

Jade mordeu o lábio inferior virando o rosto, e eu só fiquei olhando pra boca daquela loira dos infernos.

Segurei em seu rosto, virando ele pra mim, desviando o olhar da boca dela, para seus olhos.

E sem mais enrolação, eu puxei ela pela cintura mais pra mim, fazendo seu corpo bater contra o meu, e segurei mais firme em seu rosto, aproximando nossas bocas cada vez mais.

Jade: Sinistro...

Sinistro: Na moral Jade, cala a boca!

Antes que ela pudesse falar mais alguma coisa pra me irritar de vez, eu colei nossas bocas, encostando mais ainda nossos corpos um no outro.

Ela demorou um tempo até se entregar ao beijo, e quando se entregou, me puxou pelo pescoço, dando mais intensidade entre nós dois.

Ala, tava nem entendendo isso tudo.

Diário de um DetentoWhere stories live. Discover now