**Capítulo 12**

35.4K 3.6K 2.9K
                                    

No dia seguinte amanheceu com um sol do caralho, que eu já acordei soando que nem maluco. Tirei minha camiseta assim que sentei na cama, e fiquei moscando olhando para o chão.

Os carinhas passou dando o café da manhã, e eu peguei o meu, me sentando na cama novamente pra comer.

Magrão já veio pro meu lado, querendo pegar minhas bolachas de água e sal. Fiquei logo puto e joguei aquelas porra na cara dele, pra parar de me encher o saco logo.

Cara chato pô. Sempre quando ele vê algo que não sou muito chegado pra comer, ele vem que nem maluco pra cima de mim pedindo a parada.

Assim que nós terminou de comer, a cela foi aberta e jogaram um mano ali dentro.

- Estuprador. - o guardinha falou fechando a cela.

Olhei para o Marquinhos na hora, e ele riu baixo balançando a cabeça. Olhei pro cara e vi a tatuagem de um pau no braço dele.

Os caras forçavam os manos a fazerem essa tatuagem pra "avisar" para os manos das celas que era estuprador.

Vários caras aqui ou matavam esses vermes, ou faziam de boneca sexual. Eu nunca fui nessa onda, por que por mas que eu não transe a anos, não vou comer homem não, pô, tá maluco?!

Magrão: Esse vacilão não passa de amanhã. - suspirou alto.

- Eu sou inocente, pô. - o cara falou, olhando para o Magrão. - Foi a mina que se jogou pra mim, e na hora falou que não queria.

Magrão: Foda se, caralho. Tu não tinha que ter feito isso não, pô. Bagulho feião.

Sinistro: Se tu não morrer, vai virar bonequinha dos caras. De qualquer forma tu tá fodido. - murmurei, passando a mão no rosto. - Vacilão.

O cara me olhou de cara feia, mas eu nem fiz ou disse alguma coisa. Fiquei na minha, não era eu que iria se foder na mão dos caras mesmo.

Bagulho feio demais estuprar, véi. Tem tanta mulher aí que tu só dá alguns trocados e elas liberam pra tu, não tem necessidade de forçar não, pô. Caiu aqui, não vai passar batido.

******

Já fiquei logo puto quando os caras vieram me buscar pra ver aquela mulher lá. Não sei por que ainda insistiam nesse caralho, não abri e nem vou abrir a porra da boca pra ela, e pra nenhum outro psicólogo não.

Assim que entrei naquela sala, já olhei para aquela loira dos infernos, e bufei, me sentando na cadeira. Os caras me prenderam ali, e saíram fechando a porta.

Jade: Enfim...

Sinistro: Fala nada não. - murmurei, e ela me olhou com a sombracelha erguida.

Jade: Até parece que manda em alguma coisa aqui, eu em. - suspirou, mexendo em alguns papéis ali. - Como foi sua semana?

Eu nem respondi, fiquei calado, e ela me olhou com a cara fechada.

Jade: A minha foi ótima...- abri a boca, mas ela foi mais rápida que eu. - E eu não tô nem ai se você perguntou ou não.

Fiz careta pra ela, que me ignorou, pegando a pasta em cima da mesa.

Jade: Teu nome aqui está Wanderson Oliveira...- falou, com os olhos fixos naquela pasta. - Sei que teu nome não é esse, mas ok.

Sinistro: Meu nome é Sinistro, e fim, caralho.

Ela levantou seu olhar pro meu rosto, e fez uma cara de deboche. Na mesma hora tive vontade de amassar a cara dela ali mermo, mas as algemas não deixavam.

Jade: Sinistro...por que desse vulgo? Não combina nada contigo.

Sinistro: Idai porra? Vulgo não é pra combinar não. - disse logo todo grosso, mas ela ignorou, dando um sorriso de lado.

Jade: Tá levando dois homicídios, furto, roubo, estelionato e extorsão. Pegou 20 anos de cadeia, e sai daqui a 5 anos, 3 meses e uns 10 dias...- a garota falou lá, ainda olhando para a fixa. - Já passou por Febem, pelo Cadeião de Pinheiros, e...

Sinistro: Pelo Carandiru...- completei, e ela ficou calada, ainda olhando pra fixa.

A garota ficou estranha na hora, e eu não entendi nada, mas também nem quis saber, fiquei na minha, caladão, e ela continuou lá, com uma cara estranha olhando pra fixa.

Jade: Mataram meu pai nessa cadeia...

******

Jade Mendes, 26 anos.

Diário de um DetentoOnde histórias criam vida. Descubra agora