**Capítulo 83**

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Naquele mesmo momento que ela disse aquilo, parei um tempo e fiquei olhando ela todo sério. Garota já estava quase chorando, enquanto me olhava ainda com a respiração acelerada.

Jade: Eu te amo, Rafael...- falou baixinho, negando com a cabeça. - Eu nunca amei o Leandro, nunca!  Então com você a parada é diferente sim!

Continuei calado, ainda olhando pra ela serinho. Sabia nem o que dizer, ala.

Também amava ela, pra caralho mesmo pô, mas conseguir dizer, eu não consegui.

Jade: Nunca confiei nele, do jeito que confiei em você, ao ponto de jogar meu profissionalismo no lixo.

Me encostei na parede de braços cruzados, deixando ela falar tudo de uma vez.

Jade: Ele dizia que me amava, mas olha só aonde eu estou hoje...tô presa nesse quarto a quase três meses desde que ele descobriu do que rolava entre eu e você, e tu não faz ideia das torturas que passei aqui dentro. Eu tô destruida, Rafael! Destruída! Tanto por dentro, quanto por fora. Você não tem noção...

Sinistro: O que esse filho da puta fez contigo, pô? - perguntei baixo, já sentindo a raiva me consumir outra vez. Mas não por ela, e sim por esse tal de Leandro.

Jade: Ele me espancou, me torturou de diversas formas, me deixou dias sem comer, muito menos beber água. Ameaçou minha mãe, e...- engoliu em seco, fechando os olhos. - E tentou me estuprar... não conseguiu porque na hora teve emergência no batalhão, mas sentir as mãos nojentas dele em mim...

Sinistro: Precisa dizer mais nada não! - pedi, respirando fundo. - Cadê esse desgraçado?

Jade: Saiu pra trabalhar ontem, e até agora não voltou, e espero que nem volte.

Eu respirei fundo outra vez, fechando os olhos. Apertei meus punhos com força, e o ódio que eu já estava por esse desgraçado do Leandro, era imenso! Queria acabar com esse filho da puta de vez, só por ter feito o que fez com essa mulher.

Na moral, meu foco agora tava nem sendo cobrar a Jade, e sim achar esse cuzão e fazer o pior com ele.

Sinistro: Mas aí, quero saber se tu sabia mesmo da escuta e que quis ficar comigo naquele dia porque o Juliano te deu a ideia...- já mudei de assunto, se não iria ficar mais puto do que eu já estava.

Jade abaixou a cabeça, respirando fundo, e eu só fiquei ali esperando ela abrir a boca.

Tava me controlando legal, tentando ouvir ela, e talvez entender o que de fato aconteceu, como Neguinho pediu diversas vezes, mas ela não estava colaborando, pô.

Jade: Da escuta eu realmente não sabia, Rafael. Eu juro pra ti, que eu não fazia ideia que tinha aquilo naquela sala. - falou olhando no meu olho, e eu senti sinceridade. - Mas...eu não vou mentir pra tu...me envolvi com você depois do Juliano encher minha cabeça sim! Não só por causa disso, mas porque achei que o Leandro também estava me traindo, e em você vi uma oportunidade de dar o troco e ainda me dar bem no trabalho...

Sinistro: Tudo na base do interesse então? - ela balançou a cabeça concordando, e eu fiquei quieto.

Podia dizer nada pra julgar ela nessa parada aí não, já que eu também fiquei com ela na base do interesse.

Os dois nesse bagulho tava errado, mas mesmo com isso, ainda não tinha saído da minha cabeça aquela parada da gravação.

Essa porra tava estranha demais, pô!

Jade: Rafael...- me chamou, e eu olhei pra ela. - Senta aqui, por favor.

Demorei um tempo, mas fui sentar ao lado dela, deixando a arma de lado. Jade se ajeitou na cama, outra vez gemendo de dor, e me olhou com uma cara estranha.

Jade: Eu preciso que você acredite em mim, cara...eu não falei e nunca falaria aquilo de propósito. - disse, e eu já vi seus olhos se enchendo de lágrimas outra vez. - Sei que pra você minha palavra não deve ter mais valor, mas eu só preciso que você confie em mim agora.

Eu nem disse nada pra ela, até porque não conseguia confiar, mas sentia sinceridade nas paradas que ela tinha falado.

Minha mente tava confusa demais, pô. Nem sabia no que pensar, ou como agir nessa parada toda.

A real é que já vim na intenção de amassar ela, mas assim que cheguei aqui e vi ela nesse estado, o bagulho mudou todo.

Jade: Por favor...- pediu, segurando em meu rosto, me fazendo olhar em seus olhos, logo vendo uma lágrima escorrer por seu rosto.

Aquilo ali me quebrou de um jeito, que mermão, ninguém tem noção não. Naquele momento que vi ela chorando, não tive mais coragem de matar ela, ou de se quer machucar aquela mulher.

Então, enquanto via ela chorar desesperada, me levantei da cama, pegando minha arma e apontei pra ela. Respirei bem fundo pensando se fazia aquela parada ou não, e logo dei dois tiros...

Diário de um DetentoWhere stories live. Discover now