**Capítulo 67**

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• Neguinho •

Eu só ouvia a Naysa falando e falando sobre as consultas que iria fazer para ver o neném.

Nem prestando a atenção eu estava direito, só me vinha na cabeça que assim que essa criança nascesse, minha vida iria mudar de vez.

Nunca quis ser pai não, pô. Nessa vida do crime que estou levando, posso ser preso e pegar anos de cadeia aí, ou até morrer a qualquer momento, e é isso que fode.

Já que engravidei a mina, quero ver meu filho ou minha filha crescendo mesmo, quero acompanhar tudo, e se eu tenho um desses dois finais na minha vida, acabou tudo pra mim.

Naysa: Você vai sexta na primeira consulta comigo? - cruzou os braços.

Neguinho: Vou pô. Sorte a tua que minha cara tá limpa, e os caras não tem nada contra mim, em.

Naysa: Mas aí, se for menino, tu vai querer qual nome? - veio sentando no meu colo, mas levantei do sofá antes que ela pudesse sentar de uma vez.

Neguinho: Ainda não pensei nisso não, tá muito cedo, pô. - fiz careta, e ela revirou os olhos. - Aí, vou partir, tenho que passar na casa da tia...

Naysa: Nossa Neguinho, você toda hora está naquela casa, cara. O que tem lá pra você não sair de lá nunca? Euem. - bufou.

Neguinho: Na moral aí, Naysa, cala a boca. Tem nada lá não, só tô indo pra ver minha tia.

Antes que ela pudesse falar mais alguma coisa, eu sai dali da casa dela, e fui descendo de moto até a casa da tia.

As vezes Naysa pagava de emocionada pro meu lado, e na real, gostava disso não. Ela sabe que nós não tem porra nenhuma, e acha que só porque tá esperando um filho supostamente meu, nós tá casado. Sai fora, maluco!

Parei a moto na calçada em frente a casa da tia Ana, e já fui entrando, vendo a Rafaelly jogada no sofá, enquanto a tia mexia em algumas paradas ali sentada no outro sofá.

Neguinho: Qual foi, família. - deixei a chave da moto em cima da mesa, e fui dar um beijo na minha tia. - Tá bem, pô?

Ana: Sim, estava vendo algumas fotos do Sinistro quando era menor, tem várias junto contigo aqui. - deu um sorriso de lado.

Antes de sentar ao lado dela, dei maior tapão na coxa da Rafaelly, que gritou na hora, me xingando.

Rafaelly: Caralho Neguinho, vai se foder pô. Ficou a marca já, cara. - falou olhando pra coxa, e realmente já estava a marca dos meus cinco dedos ali. - Pode pá, vai ter volta! Se liga em.

Eu neguei com a cabeça dando risada, sentando ao lado da tia no sofá ali. Ela mostrava várias fotos do Sinistro comigo juntos.

A maioria era da gente na fazenda do pai do Sinistro, um pouco antes dele morrer.

Por mais que o tio era do mundo do crime também, nós vivia na fazenda aqui no interior de São Paulo. Não me lembro de muita parada, mas sei que essa época era boa pra cacete.

Minha mãe também era viva nesses tempos, e vivia junto lá na fazenda.

Como ela era irmã do pai do Sinistro, nós cresceu juntos, mas quando o tio morreu, minha mãe decidiu ir embora daqui por uns tempos, e fomos para Minas Gerais, ficamos lá por quase 7 anos, e foi quando ela morreu em um acidente de carro.

Foi maior parada, tá ligado?

Tinha só 10 anos, e tive que ir atrás das paradas tudo pra conseguir falar com a tia Ana, já que minha mãe não tinha mais contato com ela.

Quando a tia soube do que tinha rolado, veio na mesma hora pra cá. Resolveu tudo os bagulhos do enterro da minha mãe, e me levou de volta para São Paulo.

Depois de uns anos conseguiu minha guarda provisória, e dês de então estamos aqui na Brasilândia.

Entrei para o mundo do crime quando tinha 15 e o Sinistro 16.

Tia ficou louca, deu maior surra na gente, mas quem disse que nós saiu? Ram, tamo aí até hoje.

Ela não fala mais nada não, já que foi esse caminho que a gente decidiu seguir, mas sempre tá aí rezando pela gente.

Rafaelly: Mas e aí, Wellington, funcionou o bagulho lá com a Carla?

Neguinho: Lógico carai. Assim que ela viu a foto, me mandou mensagem surtando legal, pedindo pra gente se encontrar e essas paradas. - dei risada.

Rafaelly: Tá, cadê o resto da minha grana?

Eu revirei os olhos bufando, e peguei minha carteira, tirando 100 reais dali e entregando pra ela.

Ana: Olha só, um dia a casa de vocês vai cair, e ninguém mais vai acreditar nessa farsa de vocês aí com essas fotos.

Rafaelly: Até lá já vou ter conseguido arrancar muita grana do Neguinho pra comprar meu iate. - deu um sorriso falso, e eu fiz careta pra ela.

Tia Ana deu risada negando com cabeça, e deixou a caixinha de fotos de lado, indo pra cozinha.

Rafaelly: Aí, qualquer coisa é só chamar, vou negar grana não, pô. - deu um tapinha na minha testa e saiu correndo pra subir as escadas.

Continuei ali na casa da tia por maior cota, e depois de jantar, parti pra minha casa ter meu descanso.

Diário de um DetentoWhere stories live. Discover now