**Capítulo 29**

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Fiquei mais de uma hora ali conversando com o Neguinho sobre a saída que estávamos tentando pro Sinistro.

Me despedi dele, e fui pra casa de táxi. Morava no centro da capital, mas passava uma boa parte em um hotel lá em Tremembé por conta das consultas com o Sinistro.

Leandro não gostava muito disso não, e sempre quando eu vinha pra cá, ele ficava lotando minha cabeça, falando que quantos nós casar, eu nem vou sair de casa direito.

Eu fico logo puta com ele falando essas coisas e como sempre nós briga no final.

Ele tem um lado machista que eu não suporto, e isso é um dos motivos de eu estar confusa sobre casar com ele ou não.

Realmente não sei o que quero pra minha vida!

Assim que cheguei no prédio que a gente morava juntos, eu falei com o porteiro e fui subindo de elevador.

Quando entrei em casa, só vi ele ali jogado no sofá assistindo jogo enquanto bebia cerveja.

Ali na sala já estava um cheiro horrível de bebida e de cigarro, que eu já sai abrindo as janelas tudo.

Leandro: Finalmente voltou pra casa né?! - falou ainda sem me olhar. - Pensei que iria morar lá com os vermes presos.

Eu nem fiz questão de responder ele, se não nós ia começar a brigar outra vez.

Não gostava quando ele falava desse jeito dos caras que estavam presos, por que querendo ou não meu pai também era um detento. E ouvir ele falando certas coisas, me dá um ódio que ninguém tem noção.

Leandro é da PM, e tem horror a bandido. Faz questão de destruir eles quando os prende, falando coisas horríveis.

Não gosto desse lado dele, e sinceramente sinto nojo. Mas querendo ou não, eu gosto do Leandro que eu conheci a três anos atrás. Aquele menina fofo, carinhoso e super dedicado, mas que hoje é trancado dentro daquele mostro, o comandante Ramires, como chamam ele no batalhão.

Leandro veio atrás de mim, e eu respirei fundo, tentando me controlar.

Leandro: Tô com saudades de você, amor. - beijou meu pescoço, e eu me afastei. - Que foi?

Apenas neguei com a cabeça, e sai dali me afastando dele. Não queria muito papo não!.

Outra coisa que me deixava meia assim com o Leandro, era saber que ele não gostava da profissão que eu tenho, de atender os presos dentro da cadeia.

Sinistro foi meu primeiro paciente, e Leandro mesmo sem nunca ter visto ele, já não gosta do cara, apenas por eu atender ele.

E imagina se ele souber que até falar com bandido eu tô falando pra conseguir uma saída pro Rafael? O cara vai surtar de vez!

Mas eu nunca reclamei dele trabalhar com mulheres também lá no batalhão. Porque eu tenho maturidade suficiente pra separar a maldade, do trabalho.

Mas com ele já não é assim!

Leandro: Vai voltar para aquele lugar quando? - apareceu outra vez ao meu lado, cruzando os braços.

Jade: Depois de amanhã.

Leandro: Não gosto de tu lá rodiada por vagabundo. - bufou.

Jade: Mas esse é o meu trabalho, então Leandro, não começa com isso não, por favor. - pedi, amarrando meus cabelos.

Ele nem disse mais nada, só voltou pra sala, e eu fui tentar relaxar um pouco sozinha, pra ver se eu me acalmava pra não acabar brigando outra vez com o Leandro.

Diário de um DetentoOnde histórias criam vida. Descubra agora