**Capítulo 85**

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• Sinistro •

Assim que chegamos na favela, eu deixei os sacos de armas com uns caras aí pra verem se tem algum tipo de rastreador e pá.

Sou burro as vezes, mas nem tanto!

Neguinho parou na frente do meu barraco, e eu já saí, indo pegar a Jade. As pernas da garota estavam roxa pra caralho, e inchadas de um jeito que ninguém tem noção.

É cada calombo que tem, que cada vez que eu olho, e penso que foi o arrombado que vez isso, meu ódio por ele só aumenta. Ai, na moral, ainda cato ele pra amassar legal, serin mesmo.

Peguei a Jade no colo, e ela gemeu outra vez de dor. Só pedi para o Neguinho ir atrás de alguma enfermeira de confiança pra ajudar a Jade.

Não podia levar ela em um hospital, muito menos no posto perto daqui da favela, era maior perigo de ele acabar encontrando ela, porque já imagino que ele já saiba que tirei ela de lá.

Como eu disse: Sou burro as vezes, mas esse tal de Leandro me supera. Deixou a menina sozinha, sem segurança algum e ainda quer se achar o esperto prendendo ela lá.

Ala, burrão mesmo!

Coloquei Jadeane deitada na minha cama, e já fui tirando minha camiseta. Tava no maior calor, soando pra caralho mesmo. Da não!

Jade: Se for tentar me seduzir tirando a roupa, nem tente em. - falou, e deu uma risada, se ajeitando ali na cama.

Sinistro: Ala. Mandadona mesmo, pô. - neguei com a cabeça. - Vou tomar um banho serin, tô fedendo já. Se o Neguinho brotar com a enfermeira, fala pra ele não ir embora, porque quero trocar uma ideia com ela.

Ela balançou a cabeça concordando, e eu já fui pegando minhas coisas ali no quarto, pra poder tomar um banho e já me vestir no banheiro mesmo.

******

Assim que sai do banheiro, só de bermuda, passando a toalha em meus cabelos pra tirar o excesso de água, já me bati com uma mulher do lado da Jade, mexendo em algumas paradas ali, enquanto o Neguinho estava encostado na parede, de braços cruzados olhando tudo.

Sinistro: Aí, qual foi? - chamei a atenção dos três, mas só fiz um sinal para o Neguinho, que já entendeu e saiu do quarto.

Fui atrás dele, e o cara já ficou esperando eu começar a falar.

Sinistro: Troquei maior ideia com ela lá no apartamento, pô. - cruzei os braços. - Ela disse que não lembra de ter falado aquelas paradas da gravação.

Neguinho: Tô falando que fizeram alguma coisa pra ela falar e nem lembrar de nada depois, mas tu com essa mente fechada do caralho não bota fé, euem. - bufou, negando com a cabeça.

Sinistro: Ala, tu acha que é fácil acreditar nela depois de ouvir tudo aquela merda? Não sei no que acreditar, pô, na moral. Tô confuso pra caralho mesmo. - fiz careta, me sentando no sofá.

Neguinho: Tem que ter uma explicação pra isso tudo. - passou a mão no queixo, pensando. - Entre acreditar na gravação e na Jade, eu prefiro acreditar na Jade por enquanto.

Sinistro: Não acredito em nenhum dos dois. Tô no meio mermo, sem saber no que acreditar e pá.

Neguinho: Mas vai ajudar a mina né? Da pra deixar ela naquele estado não, pô.

Sinistro: Se eu trouxe ela pra cá, é lógico que eu vou ajudar né, porra. Por mais que eu tivesse ido com ódio dela, não gostei de ver ela naquele estado não.

Neguinho: Óbvio, tu ama ela. Ala. - fez careta, se sentando ao meu lado.

Eu nem respondi ele, só me levantei negando com a cabeça e fui para o quarto ver a Jadeane outra vez.

A mulher passava alguns bagulhos nos calombos dela, e a mesma gemia baixinho de dor.

Ver ela daquele estado, tava dando pra mim não. Maior ódio daquele filho da puta, serião mesmo.

Jade me olhou, mas nem disse nada. Sentei do outro lado da cama, apenas observando a mulher cuidar dela e pá.

Quando ela finalmente terminou ali, me passou uma receita com alguns remédios que eu teria que comprar pra outra e depois foi embora, falando que iria voltar semana que vem.

Sinistro: Tá sentindo muita dor ainda?

Jade: Só nas pernas. - respondeu, baixo, fechando os olhos. - Só quero tentar dormir um pouquinho em paz, sem sentir medo do Leandro chegar aqui e me torturar outra vez.

Suspirei alto, e deitei ao lado dela ali, de frente pra ela, que ainda estava com os olhos fechados.

Sinistro: Tu sabe que eu fui naquele apartamento pra te matar, né? - perguntei baixo, e ela abriu os olhos devagar outra vez.

Jade: Imaginava isso. - suspirou. - E porquê não matou?

Sinistro: Não sei. Quando te vi naquele estado, só queria matar o Leandro, não tu. E quando te vi chorar então...acabou comigo maneiro lá.

Jade deu um sorrisinho de lado, e ficou quieta. Eu também nem disse mais nada, até porque não tinha o que falar ali.

Por um momento pensei em falar logo pra essa mulher que não matei ela porque a porra do amor que eu sinto por essa mulher, não deixou.

Mas não queria dizer isso até ter a certeza que ela não falou tudo aquilo com maldade, na intenção de acabar de vez com a minha vida.

Até lá, vou levando tudo tranquilinho, mostrando que tô bem de boa em relação a tudo isso que tá rolando.

Diário de um DetentoOnde histórias criam vida. Descubra agora