**Capítulo 27**

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No dia seguinte só tomei o café que trouxeram, e depois fui indo para a sala daquela loira dos infernos.

Tava afim de ver ela não, na moral. Mina mó estranha, gosto dela não!

Por mas que eu tenha falado pra ela que iria tentar, eu não ia falar porra nenhuma hoje lá. Mas tava quase mudando de ideia sobre isso lembrando do que o Magrão disse.

Conseguir uma saidinha ia ser foda pra caralho. Poder ver minha mãe outra vez depois de anos aqui dentro, ia ser foda pra caralho, mas eu ainda estava indecisa sobre o que fazer mesmo.

Entrei na sala dela lá, e eu já me sentei na cadeira, nem olhando pra cara da outra.

Jade: Bom dia!

Não respondi ela, só fiquei quieto, como de costume.

Jade: Então...como foi tua noite? - não respondi outra vez, e ouvi ela bufando. - Será que dá pra você tentar pelo menos um pouco, Sinistro? Tu disse que ia tentar cara...

Sinistro: Não tô muito afim de falar não, pô. - suspirei, e olhei pra ela.

Jade: Não precisa falar nada demais, só...tenta! - suspirou, se apoiando na mesa. - Você tá melhor em relação ao ocorrido daquele dia?

Sinistro: Tô tranquilão com a vida, graças a Deus. - respondi baixo, e vi o sorriso aparecer no rosto dela. - A culpa foi passageira.

Ela fez careta, mas concordou com a cabeça anotando alguns bagulhos em um papel lá.

Sinistro: Ih ala, tá anotando o que nessa porra aí, mermã?

Jade: Só algumas anotações sobre você mesmo. - fiz careta, e a mina revirou os olhos. - Não é nada demais, Rafael. Não tem nada do que você disse anotado aqui, relaxa.

Sinistro: Rum.

Jade: Continua falando os negócios...

Sinistro: Quero jogar um papo serinho pra cima de tu. - falei, e ela já deixou o caderno de lado, e prestou a atenção em mim.

Jade: Pode falar.

Cocei a cabeça começando a ficar nervoso, e ela só ficou me olhando seria, esperando eu falar de uma vez.

Sinistro: Pô, eu...eu só começo a jogar a real pra tu, se você me conseguir pelo menos uma saidinha pra eu ver minha mãe. - falei logo tudo de uma vez, e vi a expressão dela mudar, já ficando meia assim.

Ela engoliu em seco, se encostando na cadeira, e ficou olhando fixamente para a mesa.

Iria começar a falar uns bagulhos pra ela se ela aceitasse essa porra. Ia fazer minha parte! Mas não iria falar nada sobre a facção, ou sobre os crimes que cometo pra eles.

Jade: Eu...eu não sei se consigo arranjar uma saída pra você, não. - falou baixo, e levantou o olhar pra mim. - Mas...eu vou tentar!

Sinistro: Tá, pô, quando ti conseguir eu começo a falar os bagulhos pra você.

Ela me olhou confusa na hora, e cruzou os braços, se levantando. Jade veio se aproximando de mim, e se encostou na mesa, ao meu lado.

Levantei meu olhar pra ela, e encarei aquela mina serinho.

Jade: Não sei se o diretor daqui vai aceitar isso. Por que até então ele ainda tá meio assim por conta do que você fez no pátio aquele dia.

Me levantei da cadeira, e me aproximei mais dela, levantando meus braços com a algema pra poder apontar o dedo na cara dela.

Sinistro: Se você abrir a porra da boca pra ele falando dessa parada que eu disse pra tu, tu vai ficar fodida na minha mão. - falei olhando, bem nos olhos dela.

Jade ficou me olhando também, e ainda sem tirar o olhar do meu, ela pegou minhas mãos e abaixou as mesmas.

A mina aproximou mais ainda o rosto do meu, e ficou olhando pra mim serinha também.

Mesmo eu praticamente matando ela com o olhar, Jade não abaixava a cabeça e ficava me encarando quase até pior do que eu.

Ela pegou no meu queixo, aproximando mais ainda o rosto, quase fazendo nossas bocas se tocarem.

Ala, tava maluca mesmo!

Jade: Relaxa que eu não vou falar nada, não sou X9, Rafael...- disse bem baixo, ainda com o olhar no meu.

Só ouvi o barulho da porta e me afastei daquela loira dos infernos na hora, desviando o olhar dela para os guardinhas que olhavam pra gente desconfiados.

Eu nem disse mais nada, só sai dali com eles e fui voltando pra cela.

Tinha entendido o que tinha acontecido não, pô. Bagulho doidão!

Diário de um DetentoWhere stories live. Discover now