Capítulo LXXXVII

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KIM JIEUN

Os dias se passavam e tentava de tudo para diminuir a sensação dos enjôos e também da tontura, juntamente com o inchaço dos pés que impossibilitavam até mesmo de caminhar pela casa. Tendo o acompanhamento da obstetra, do jungkook, jeongsan e de toda a minha família. Uma semana depois, recebi a visita da minha mãe, estava com tanta saudades dela que não conseguir evitar de chorar em seu colo enquanto ela penteava meus cabelos, assim como fazia quando eu era menor, fazendo um esforço para tentar me acalmar e também me tranquilizar, mas com certeza era uma missão difícil visto que os hormônios do meu corpo se encontravam nas alturas. Tivemos uma conversa bastante esclarecedora e reconfortante, o apoio dela nesse atual momento de fato fez toda a diferença, seu colo de mãe eu conseguia encontrar paz e um amor fortíssimo, sentindo fora e também dentro de mim.

Nos dias a frente, comecei a ser acompanhada por alguns profissionais para cuidar do relaxamento tanto do meu corpo como da minha mente. Como não conseguia mais me mover por muito tempo, prosseguir com a terapia via internet, estava decidida ir até o fim e nada iria me parar, jungkook se mostrou muito confiante em suas habilidades na cozinha, pretendendo cuidar de tudo nesse meio tempo com a ajuda de algumas outras pessoas já que ele tinha a carreira profissional que constantemente exigia uma ação rápida. Jeongsan era o anjo na terra, mesmo com pouca idade ele fazia questão, assim como o pai, em ficar comigo, sendo três vezes mais carinhoso do que era, chegando todas as vezes após a escolinha com um novo desenho da sua família que fora pendurado em um quadro feito pelo Jeon, posto na sala. Atualmente, ele que contava histórias para mim, assim como faço com ele todas as noites, histórias essas que aprendeu na escola e amava compartilhar comigo.

Quando a tarde chegou, me esforcei um pouco para andar pela casa. Não me lembrava que poderia ficar assim e mesmo assim, não reclamava, a cada instante eu amava a sensação do bebê e almejava que o dia do nascimento chegasse logo. Arrumei um pequeno e confortável espaço na sala, sentando ali e tentando relaxar, praticando comigo mesma meditação, lembrando da aula de Yoga que havia feito mais cedo e como aquilo estava fazendo milagres em todo o meu corpo e em como reagia também. Acomodada ali, pude refletir e até mesmo conversar comigo e com o bebê, alguns dias atrás tinha tido conhecimento de uma informação que até o momento presente me fez pensar muito e também concordar: em um dos telefonemas que fazia para minha médica ela me questionou se eu sabia do termo "bebê arco-íris" e sendo sincera, neguei, nunca havia ouvido sobre esse termo e com isso, em um suspense agoniante ele me aconselhou a pesquisar mais sobre o significado e assim fiz, minha curiosidade sempre falando mais alto do que a calma.

No mesmo dia fiz uma busca sobre o termo bebê arco-íris e ao ler cada parágrafo eu compreendi na hora o motivo dela pedir para que eu buscasse. Desde do começo da gestação, me permitir confiar nela e contar um pouco a respeito do meu passado, até porque ainda sentia um enorme receio de uma sala cirúrgica, sentimento que eu venho trabalhado aos poucos. Em resumo, ela, a médica, sabia que eu já tinha perdido um bebê prematuramente e apoiava meu aconselhamento com um psicólogo nessa fase que era necessário forças para me manter forte e manter o bebê saudável, então, ao saber que a criança que eu esperava é um arco-íris tudo pareceu ser uma explicação simples mas que dizia tudo e mais um pouco. Meu filho ou filha, é um bebê de uma mãe que já perdeu um bebê prematuramente, sendo uma luz colorida após uma tremenda tempestade cinzenta e dolorosa. Um suspiro após a perda do ar em meus pulmões, um amor que eu imaginei ter perdido para sempre, um abraço reconfortante de mim mesma comigo.

Não pude conter a sensação de querer chorar e apenas deixei que as lágrimas descessem. Reconhecia que era uma pessoa que se emocionava facilmente, mas nesse período tudo era o dobro do que eu já sou e mesmo que uma parte minha quisesse segurar, a outra só queria soltar, por para fora aquilo que não era tristeza, apenas um aperto no coração que anteriormente me causava um enorme sofrimento e hoje, só tá ali, dentro do coração, diminuindo aos pouquinhos até sumir e deixar espaço para o amor inundar tudo em mim.

— Querida, cheguei! — os pensamentos se dissiparam assim que escutei a voz de jungkook adentrando a casa, não só falando como também imitando a voz do personagem dino( família dinossauro ) sendo impossível de não soltar um arzinho pelo nariz, desviando o olhar para ele. — Conseguir achar as bolinhas de mochi recheadas, trouxe de todos os sabores. — havia me esquecido desse detalhe. Algumas horas antes tinha compartilhado sobre o desejo que me pegou de repente, um desejo fora do normal na verdade e que acabou levando jungkook a ir comprar o que havia dito, mesmo que eu insistisse em fazer em casa mesmo.

— Obrigada amor, mas você sabe que eu poderia ter feito né? São simples, eu mesma faria e não te daria todo esse trabalho — com o apoio necessário, me levantei, afastando de onde estava e reunindo as almofadas que espalhei.

— Sei sim Jieun, mas imaginei que seria muito cansativo pra você. — ouvir e fiz cara feia, não seria cansativo para mim mas entendia a atenção que ele estava tendo.

Com tudo organizado novamente, me sentei no sofá, observando o Jeon dar a volta na cozinha e vir em minha direção com um prato em suas mãos.

— Sabe, já faz tempo que não como esses bolinhos, quase que esqueci que eles existiam — disse se sentando de frente para mim, entregando o prato em minhas mãos. — Aqui, todinho seu.

— Todinho nosso — agradeci e assentir, levando o mochi até a boca e desfrutando do sabor. aquilo parecia ser mais gostoso do que de fato era, como se o desejo tivesse sido alimentado com sucesso.

O próximo que peguei levei em direção a ele, que de primeira hesitou, mas em seguida, depois de um sorriso e um osculo demorado em minhas maçãs do rosto, mordeu um pedaço, concordando comigo que os bolinhos estavam maravilhosamente deliciosos. Ficamos sentados, enfatizando o quanto o nosso amor era forte e recíproco um pelo outro, aproveitando o momento para conversávamos com o bebê, mesmo que até então, não entendesse o que estávamos dizendo.


• Os bebês arco-íris são crianças que nascem de uma mãe que sofreu anteriormente um aborto espontâneo ou que teve um filho morto prematuramente. E, assim como um arco-íris, eles são aquela luz colorida de esperança após uma cinzenta tempestade.

FONTE: Google


A babá dos meus sonhosWhere stories live. Discover now