Capítulo XXX

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KIM JIEUN


Previamente de chegar na simples vila que passei a maior parte da minha vida, me direcionei até a floricultura mais próxima que tinha, comprando duas flores de lírio, uma branca e outra vermelha, encaminhando-me até um certo local que a algum tempo evitava ir. A sensação de aperto e angústia sufocava meu coração, todavia, sabia que se não enfrentasse jamais conseguiria ser leal a mim mesma e principalmente, seguir em frente com tanto peso nos ombros: culpa e arrependimento. Em frente ao lugar, me concentrei o máximo em acalmar meu coração, não deveria deixar meus sentimentos me levar para o fundo, não desta vez.

Com o pé direito adentrei, indo até a lápide do meu bebê, do meu falecido filho. Independente do que ocorreu entre o pai dele e eu, amava-o com todas as minhas forças, daria minha vida pelo meu filho e o guardava em minhas memórias todos os dias, seguiria sem hesitar, contudo não esqueceria dele.

— Eu trouxe esses lírios para você — me agachei, ficando de cocares, limpando a suficiente e pondo as duas flores — O lírio branco simboliza sua pureza e inocência, o vermelho representa a esperança pelo amor que sempre terei — sorri, deslizando meus dedos sobre o seu nome. — Aconteceram muitas coisas nesses anos, conheci muitas pessoas e apaguei algumas da minha vida — Lhe contava — conheci um menininho, Jeongsan, ele é um amor e eu considero ele como um filho também — respirei profundamente, aquela sensação de sufocamento aumentava gradativamente. — também conheci o Jungkook, ele é um homem muito gentil, amável e carinhoso, sinto que estou entregando o meu coração para a pessoa certa — contava como se realmente ele fosse ouvir.

Me manteve naquela posição por alguns minutos, fazendo uma breve oração diante do túmulo do meu pequenino, não sou muito religiosa, mas sentia que aquele momento era aguardado para pedir para que onde ele estivesse, ele ficasse bem. Me coloquei de pé e ao virar, me assustei com a presença da pessoa que eu menos queria ver.

— Que bom saber que você não esqueceu do nosso filho — Proferiu ele, se aproximando dois passos a frente.

— Óbvio que eu não esqueci dele — Só de olhar para Luke, uma repugnância subia por goela acima. Dei três passos para trás, distanciando o possível dele.

— Não foi o que percebi, parece que você substituiu o nosso filho por aquele garoto, inaceitável isso — Não conseguia acreditar no que estava ouvindo.

— Inacreditável é o que você falou, não substituir ninguém, meu filho não é objeto para ser substituído — Disse firme, não deixaria que suas palavras esmagadoras me deixasse coagida, estava forte o suficiente para defender aquilo que amo. — Não fale do San assim, na verdade — olhei em seus olhos. Não era mais o jovem adolescente que um dia me vi apaixonada, seu olhar era totalmente oposto — Não abra a boca para falar de nenhum dos meus filhos. — foi a última coisa que disse antes de lhe dá as costas e sair dali o mais rápido possível. Minhas mãos tremiam, as besteiras que ele proferiu causou um tsunami de ódio por mim mesma, por ser tola e não ver o que ele era.

— Jieun! — escutei me chamar mas o deixei daquela forma, apenas me chamando enquanto eu o ignorava. — Me perdoa, eu falei sem pensar, me perdoa por tudo — sentir quando suas mãos me frearam bruscamente. — Volta para mim Jieun, eu me arrependo de tudo o que fiz, eu fui um idiota por não perceber o quão moleque estava sendo.

— Eu perdoou você Luke — Falei calmamente, olhando para ele pelo canto dos olhos — mas não voltarei contigo, não pelo que fez comigo, mas pelo que fez com meu filho — seus olhos me queimavam da cabeça aos pés — eu sinto que ele não concordaria com isso, não aceitaria o homem que só é pai dele biologicamente.

— Ele já morreu Jieun, só existe eu e você aqui — fez menção de me puxar para um abraço, entretando, antes que conseguisse efetuar o ato o empurrei para bem longe de mim.

— Não fale como se eu fosse esquecer dele só porquê morreu, jamais — me afastei ainda mais. — Qualquer ligação que um dia tivemos não existe mais, acabou, vou seguir minha vida lembrando todos os dias do meu filho e você deve fazer o mesmo.

— Não consigo esquecer você Jieun, eu ainda te amo.

— Mas eu não Luke — mais uma vez lhe dei as costas — faça o que pedir e não volte a aparecer na minha vida nunca mais, nem se aproxime das pessoas que amo — antes mesmo que ele pudesse dizer algo, corri sem pensar em parar, indo em direção a minha antiga casa.

Sem fôlego, bati na porta, abraçando minha mãe no exato instante que abriu a porta. Cair em seus braços como um bebê, a apertei contra meu corpo até me sentir coragem o suficiente para erguer o rosto.

— O que aconteceu Jieun? Por que chegou assim? — Fiquei em silêncio ao seu questionamento, apenas a abracei o mais forte que conseguia. — J-i-eun, você está amassando os meus órgãos bons querida — rir e soltei, levantando o rosto.

— Desculpa mamãe — sorri com os olhos — Eu estava com tanta saudade da senhora, desse lugar que não me contive quando estava perto, a emoção falou mais alto — comentei envergonhada.

— Certeza querida? — Assentir com a cabeça — seu rostinho tá tão abatido filha — apalpou minha face — o mocinho não está cuidando de você não?

— Estou bem mãe — deitei minhas mãos sobre as suas — ele está cuidando sim, aliás, o que acha de entrarmos? Tenho algumas coisas para contar para a senhora.

— Acho Incrível, vamos — deu espaço e entrei em casa. Sentir o cheirinho do café no ar, o ambiente acolhedor que sempre abraçava quem chegava ali e a presença da minha mãe. Adentrei pondo meus sapatos no cantinho, cumprimetei os gatos e fui até o quarto dos meus irmãos mas eles ainda estavam no colégio, perguntei sobre o meu pai, ele tinha saído para trabalhar, contudo, devido ao horário não demoraria.

Me sentei no tapete junto com minha mãe que me serviu uma xícara de café.

— Então, me conte como estão as coisas lá? — se mostrou bem curiosa — o bebê está bem? Fiz um gorro de crochê para ele, me lembre de pegar — disse e sorri. O jeito dela era maravilhoso, não conseguia entender como ela chegou a concordar com aquelas coisas do passado. — E o mocinho?

— O San está bem, enorme e saudável, a cada dia ele me conquista — afagou minha mão — o mocinho, no caso o Jungkook — abaixei o olhar. Minhas bochechas automaticamente ficaram vermelhas.

— O aconteceu Jieun? Não demore para contar, meu coração não é como o seu querida — rir entre o jeito tímido e sem graça de tentar me comunicar.

— Estamos namorando tem um tempo mãe, ele é uma pessoa maravilhosa — olhei diretamente para ela. De repente sua feição ficou séria e aquilo me assustou bastante.

— Ele te faz bem? — concordei — Ele é um bom pai? — concordei mais uma vez — Ah, isso me tranquiliza filha — Suspirou e abriu um largo sorriso — Minha mãe me ensinou uma coisa:. “ Se um homem é um bom pai, com certeza ele será um bom partido ” — sorrimos — Eu já sentia alguma coisa desde daquele dia que fui te encontrar, o jeito que olhava para você era de um homem apaixonado filha.

— Não é pra tanto — deixou a xícara em cima da mesinha, esticando suas mãos em minha direção, fiz os mesmo. Ficamos em silêncio por alguns segundos antes que voltarmos a conversar.

Passei o resto da tarde falando tudo o que tinha acontecido na minha vida e também me mantendo ciente dos acontecimentos da família. Quando meu pai chegou malmente me olhou e seguiu direto para o quarto, aquilo me doeu o bastante mas tudo melhorou um pouco quando fui surpreendida por um forte abraço do meus amados irmãos. Passamos a tardinha juntos, a despedida foi mais lenta quanto imaginava, entretanto, prometir a eles voltar mais vezes.

A babá dos meus sonhosWhere stories live. Discover now