Capítulo LXVII

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KIM JIEUN

  Por breves segundos, pareceu que tudo aquilo tinha sido um duradouro pesadelo que no fim descobrir ser na verdade um sonho. O que jungkook expressou me tocou profundamente, ele conseguia ser o meu porto seguro nos momentos que eu me via desprotegida; a margem de uma dor que parecia nunca passar, de fato a sensação que eu levaria comigo seria eterna, todavia, o vazio que foi deixado em mim se fez preenchido com o passar dos meses. Eu me esforçaria para ser forte, tentaria de verdade ser forte pois eu tinha achado os meus grandes amores, que confiavam em mim, assim como confiava neles.

  Esfreguei os olhos, sentia meu corpo pedindo para ficar só mais cinco minutos, enquanto meu cérebro tinha se acostumado a acordar cedo, tanto que era difícil de dormir por longas horas. Com a visão clara, olhei em volta, me vendo abraçada com o travesseiro, na cama vazia; o mais provável era que jungkook já tivesse saído logo cedo para prosseguir com sua agenda. De pé, me movi até o quarto do San, primeira coisa que fazia sempre, notando a cama vaga, saindo do cômodo e visando o corredor para garantir que o menor não estivesse se aventurado a ir em algum cômodo do segundo andar sozinho.

  Nesse mesmo período, ouvir algumas vozes, bem distante e retornei ao quarto, indo até a sacada onde o barulho realçou mais alto, observando no andar de baixo, na varanda, a maior festa acontecendo; Jungkook, jeongsan e Koya se divertiam dentro da pequena piscina, lançando água em direção ao outro, correndo e molhando por completo o espaço e também a eles. De longe, vislumbrei a cena, balançando a cabeça, assistindo um pouco do que acontecia ali e retornando para cuidar de acordar por completo e organizar o que tinha de ser feito, como diariamente nunca gostei de ficar parada, o que se tornou concreto convivendo com San, sendo todos os meus dias agitados e alegres.

Próxima ao balcão reunir alguns objetos que se localizavam espalhados pela superfície, me atentando as "crianças" que recheavam a manhã de risos altos. Até o presente, algumas idéias se reviraram em minha mente, o que eu queria tanto nesse segundo era diminuir a sensação de culpa, no entanto, constantemente as memórias vinham, ano após ano, principalmente em uma determinada data, me empenhando sempre para deixar que fossem apenas memórias, engolindo e lidando com isso, como uma pessoa forte que deveria ser.

— O Koya fez “ cabum ” — imitou o som. Desvencilhei  do que me mantia aérea, sentando na cadeira próxima ao balcão, de frente para a porta de vidro que separava a área externa da interna.

— Ele é um cachorrinho muito esperto, assim como você — adentraram enrolados na toalha, fechando a porta e de cara, me avistando. — a rainha despertou do seu sono.

— Mamãe! — apressou os pés, vindo até mim, dando um intenso laço ao redor do meu corpo com seus braços. Não hesitei e retribuir o abraço, beijando sua testa e erguendo-o no colo, aproveitando para terminar de enxugar os cabelos dele.

— Acredita que aquela história da “ A Bela Adormecida ” é pura mentira? — o Jeon também se aproximou, encostando o quadril em um dos bancos. — Tentei te acordar com o maior estilo e não funcionou — fez biquinho.

— É sério isso? — rir, olhando diretamente para ele. — Talvez nossa história seja o contrário, você que deve ser a bela adormecida.

— É? — segurou o queixo, como quem tivesse pensando. — então significa que você é minha princesa encantada que vai me despertar com um beijo do um amor verdadeiro? — balançou os cenhos, sorrindo de canto, inclinando o corpo para frente, chegando mais próximo do meu rosto, fazendo com que eu me achegasse e desta forma nossos lábios se juntassem.

— Eu posso salvar a mamãe e o papai — Jeongsan indagou. — Eu e o Koya — olhamos para ele. O maior acariciou as bochechas do filho, sorrindo com o que havia dito.

— Essa também é uma ótima idéia, não concorda?

— Concordo sim, sabe o que eu concordo também? — cheguei mais perto do ouvido de jungkook, sussurrando algumas palavras. — o que achou?

— Eu achei fantástico — nos encaramos, planejando o momento certo para por o que eu tinha dito em ação e no exato segundo, beijei o lado esquerdo da face do pequeno e Jk fez o mesmo, do lado contrário, em um perfeito instante.

— Yeah! — espremeu os olhinhos. Afastados, todos rimos.

— Hoje vamos conhecer uma pessoa — O Jeon mudou o assunto.

— Vamos? — perguntei.

— Humrum, tenho certeza que vai gostar, podemos sair daqui a vinte minutos?

— Oh, bem... — desviei o olhar, tentando adivinhar quem poderia ser, retornando para ele. — Claro, podemos sim.

[ ••• ]

O tempo passou e todos que situava-se ali se arrumaram. No quarto, penteando os cabelos do pequeno, observava discretamente o mais velho dialogar com alguém pelo telefone, dando certeza tanto da presença dele, como também da minha. Na sua volta, constatamos de estarmos prontos para seguir. O Jeon fez questão de seguir dirigindo, dispensando tanto o motorista como também os seguranças, pedindo que um deles ficasse em sua residência cuidando do cãozinho que não poderia nos acompanhar.

— Jungkook misterioso ataca novamente? — apreciei sua concentração enquanto manobrava o automóvel.

— Dou preferência a falar menos e agir mais, isso garante que as coisas aconteçam com mais eficácia — Entreabriu os olhos, fechando-os e abrindo-os rapidamente, tudo enquanto eu o olhava pelo retrovisor. — Vou te apresentar a um médico.

— Médico? — franzi o cenho.

— Não é bem um médico, digamos que ele é bem conhecido por mim e por minha família, nos consultamos com ele por ser de confiança.

— Vamos para o médico, mamãe? — abaixei o olhar, em direção a jeongsan.

— Liguei algumas vezes para ele quando… — deu uma pausa, retribuindo o olhar pelo pequeno espelho acima, sorrindo. — quando foi preciso.

— Acha que é necessário? — Não precisa de muitas palavras para saber o que ele queria dizer. Constantemente evitamos conversar sobre assuntos delicados quando estávamos na frente de San, um meio de o isolar dos problemas e das dores de cabeça de ser um adulto com responsabilidades, situações difíceis e obstáculos internos.

— Eu quero te apresentar a ele, mostrar que tá tudo bem e que eu vou fazer tudo, o impossível pra te ajudar — indagou. Meu peito doía, sentia como se estivesse prestes a enfrentar uma multidão de pessoas que com certeza iriam me massacrar e havia a necessidade de fugir, de me esconder. Todavia, jungkook me passava a confiança de seguir em frente, de caminhar adiante mesmo que estivesse com toda essa sensação gritando dentro de mim. — Se você não gostar, tudo bem, se não quiser, tudo bem, se achar que não é para você, tudo bem — esticou a mão para mim. — não quero que faça algo que não te agrada.

— Tudo bem — enunciei, praticamente em um sopro. No que estacionou, saímos e adentramos em um enorme prédio, pegando um elevador.

Deitei minha cabeça em seu ombro, oclusando meus olhos, percebendo através do toque, seu agradável carinho e maneira de me tranquilizar. Chegamos no que parecia ser um consultório e de imediato fomos levados a uma sala; dentro do cômodo, fui apresentada a uma homem mais velho, vestido formalmente com um sobretudo branco, de longe conseguia sentir o quão leve o mesmo era, esbanjando gentileza ao me cumprimentar, sendo simpático e bem natural, criando um clima no qual gradativamente eu não me sentia tão sufocada ou pressionada pela idéia de conhecer outra pessoa.

Conversamos por longos minutos, jeongsan foi levado a uma sala logo ao lado onde ficava também outras crianças, podendo brincar e conhecer outros jovens. Compartilhamos detalhes essenciais e após conversar comigo e com o Jeon, era a vez de uma comunicação apenas comigo. Tendo todo o apoio e confiança, jungkook deu a certeza que estaria me esperando do outro lado da porta e o senhor que se expôs bastante paciente, enfatizou que tudo seria estável.


A babá dos meus sonhosWhere stories live. Discover now