Capítulo XCII

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JEON JUNGKOOK
전정국

As mãos apertavam o volante e a imensidão do seu olhar intercalavam entre o trânsito parcialmente agitado e o espelho de dentro do carro que dava uma visão privilegiada do que acontecia no banco detrás, onde jieun silenciosamente aguardava a chegada, cantarolando baixinho, acariciando a barriga e vislumbrando a beleza da cidade tão cheia de felícia que podia conter dentro de si.

  Respirou fundo, dedilhando as pontas dos dedos sobre a superfície de couro, observando o sinal verde lhe dar permissão de seguir. Mais alguns minutos dirigindo e jungkook já tinha chegado na rua que levava para o hospital, no entanto, uma multidão gigantesca lhe chamou a atenção e o preocupou também, a tensão ligeiramente tomou o rosto do jeon, tensionando também seus ombros. Pessoas se amontavam em frente ao local, podia se ver cartazes com o rosto dele e fotos também, junto com palavras de apoio, mais adiante, seguranças tentavam impedir que adentrassem no lugar dizendo algo que ele não conseguia ouvir bem, mas com muita calma pôde acompanhar os movimentos dos lábios.

Não prolongou muito para Jieun perceber e se aproximar dele, segurando seu ombro.

— acho que eles souberam antes mesmo chegarmos aqui — pessoas iam se aproximando, se juntando ao bolo de gente. Ele não sabia como iria conseguir passar, visto que precisava fazer a volta para descer para a garagem onde o carro iria ficar.

— É, mas não queria toda essa agitação no hoje jieun — parou o automóvel, pensando no que iria fazer. — nem pra você, nem pra nossa filha.

— Elas amam você jk, eu e o bebê estamos bem — mesmo ouvindo dela que tudo estava bem, ele só queria que tudo fosse o mais calmo e reservado possível. Jungkook compreendia o amor dos fãs, sempre considerou-os também sua família, no entanto, também ressaltava sobre algumas atitudes que as vezes o incomodava. Naquele instante, o máximo de calma já era tudo, sabia por meio da médica que o ambiente trabalha diretamente com o corpo de uma mulher grávida e leva para o bebê.

Não queria que a esposa se alterasse, mesmo que ela fosse a mais calma entre eles dois. Era um momento delicado.

— Vou dá um jeito nisso — Apanhou a palma da mão dela, levando até seus lábios e beijando, um beijo calmo e quente. Posteriormente pegou o aparelho celular e discou pra única pessoa naquela hora que poderia e sempre o ajudou, que se mostrava tão presente na vida dele que já a considerava uma irmã mais velha.

Relatou tudo, explicando a situação, tirando uma foto da multidão e enviando para confirmar. Prestou atenção no plano de choi, também observava a agitação da Kim, que já começava a demostrar alguns indícios de dor. Contava nos dedos as pessoas que sabiam, mas na sua adolescência, na fase de treinamento, sempre que queria um dia para pensar na vida, pedia a ajuda da amiga, no seu primeiro relacionamento choi o ajudou a fugir de vários fotógrafos de sites de fofocas, se vestindo uma vez dele para despistar sua presença. Se tinha alguém que conhecia muito bem como fugir de uma multidão rapidamente, era ela, sua amiga, agente de carreira e principalmente, sua melhor amiga.

Tentou ser o mais rápido possível, desligando o aparelho e dirigindo para uma outra rua onde havia marcado com ela para realizar o plano.

Suas mãos soavam frio, o medo sussurrou nos ouvidos dele, chacoalhando seu corpo. A espera se tornou tensa, mais ainda ao ver a pessoa que tanto amava passando contendo-se para se manter calma.

— Desculpa por isso amor — segurou as duas mãos, levando até seu rosto, dando um beijo em cada uma e erguendo as mãos até a face dela, acariciando.

— V-Você não tem culpa de nada querido, não precisa se desculpar — prensou os dedos ao redor dos dele, apertando com certa força. Ele não se importou, só queria que tudo se ajeitasse o mais rápido possível, só queria saber se tudo estava bem com suas garotas.

Seria impossível não lembrar do seu passado, do que ocorreu alguns anos, da culpa que jungkook levava por não conseguir fazer nada ao ver sua falecida esposa sem vida depois de tantas coisas que ela aguentou, engoliu, por passar toda a gestação do seu pequeno san suportando as piadas, o ódio gratuito, a fúria em massa de “fãs” do jeon que detestava a possibilidade dele construir uma família, de amar e principalmente ser amado. Os milhares de pronunciamentos, as tentativas de punir as pessoas corretas, as palavras de conforto que direcionava a falecida, nada disso impediu dela absorver tudo, todavia, sua própria negligência de não ter ficado ao lado dela do começo ao fim, de não ter ajudado desde o segundo dos indícios das dores… Tudo isso apertava o coração do maior, fazia seu medo de tudo se repetir ser maior do que já era, de perder seu amor.

— Nada disso é culpa sua jk — sentiu os lábios dela tocarem suas bochechas e o carinho dos polegares enxugando suas lágrimas. — não é e nunca foi culpa sua —  as palavras saíram como se fossem sopros afastando os devaneios pesados que acabará de ter. 

— Eu quero tudo diferente…

— Antes mesmo de tentar, você já estava fazendo tudo diferente — aquela frase fez tudo em sua mente ficar claro. Tudo começou a ser diferente no momento que escolheu lutar pelo filho, ensina-lo sobre a vida, viver por ele e quando decidiu manter todos ao seu redor ocultos da visão do mundo, das pessoas.

De repente, sem perceberem, um carro surgiu do lado. Choi no banco ao lado do companheiro que dirigia para ela.

— Me perdoem a demora — saiu do carro e foi até o carro onde eles estavam. — não sei mais o que fazer, já trocamos de carro, placa e mesmo assim eles conseguem achar o jungkook. Seria um problema chegar lá na frente com seu carro — olhou para jungkook que concordou e abriu a porta. 

— Como você está? — perguntou a jieun que balançou a cabeça, confirmando silenciosamente que estava bem — vamos fazer uma troca, mais é rapidinho. O meu marido vai te levar, pedir pra ele pegar o carro porque até mesmo o meu seria perigoso — apontou para o rapaz no outro automóvel. — ele vai entrar com você normalmente, ninguém vai desconfiar enquanto eu vou com o jungkook conversar com o pessoal e principalmente, descobrir quem foi o indivíduo que tornou isso público, tudo bem?

— Tudo sim — Respondeu ela. Com a base já pronta, apressaram os passos. O jeon ajudou a Kim a trocar de carro, deixando ela confortável.

— Cuida dela querido, vou resolver isso e já volto — Choi indagou em direção ao rapaz, que assentiu. 

— E você, por favor, sem processo dessa vez — falou ele. O histérico de processos que choi carregava nas costas eram enormes, ela não permitia nenhum abuso a imagem e a privacidade de jungkook e da família passar despercebido, ela poderia até perdoar a primeira, porém não tinha paciência para perdoar a segunda. Agia fielmente para proteger o garoto, pois sabia que isso era uma das suas obrigações, era isso que deveria ser feito com qualquer pessoa. Não acreditava no que diziam que ao se tornar uma pessoa pública, toda a sua vida era pública, para ela ser cantor era uma profissão como qualquer outra que deve ser respeitado por quem gosta e por quem também não gosta.

— minha vontade é processar todo mundo por esse abuso de privacidade — fechou a porta do carro. Antes de irem, o maior deixou um beijo na testa da sua garota, se despedindo por breves segundos.

A babá dos meus sonhosWhere stories live. Discover now