Capítulo V

11.7K 1K 164
                                    

JEON JUNGKOOK
전정국

Deitado na cama, pronto para dormir e mesmo assim sem sono, Jungkook olhava para frente, para a parede, prestando atenção em cada detalhe. A superfície lisa era apenas um meio dele focar o olhar e deixar seus devaneios o levar. Perante aquele silêncio, a única coisa que restava era ficar ali, morfando na cama, sentindo uma sensação que o agoniava o peito, mas que ele também não sabia o que fazer.

Em um momento de agonia altíssima, se ergueu e foi até o banheiro, abrindo a torneira e molhando o rosto. Desejava gritar, seu peito doía tanto, estava vulnerável e não pretendia aceitar isso, em seguida saiu do banheiro, indo para o seu escritório, pegando uma das suas diversas garrafas de bebidas e enchendo o copo, ele não gostava de beber mas naquele instante seria a única coisa que anestesiaria sua consciência. Morgado na cadeira, olhando para a vista da cidade, sentia o líquido quente escorrer por sua face.

— Por que você se foi? — Indagou, questionando sua dúvida, e sua falecida esposa — Eu não vou suportar sem você, não consigo amor, eu tentei mas me desculp…— tampou o rosto, mergulhando nas lágrimas que pesistiam por minutos, horas. — a perda dói tanto, a vida dói tanto e eu não consigo…não dá…não sem você — com o tom falho, tentava proferir. Sua cabeça comecava a latejar. Tudo em sua vida parecia piorar.

Levou o copo até a boca, engolindo de uma vez todo a bebida, jogando a cabeça para trás e oclusando os olhos. O álcool descia lentamente, queimando sua garganta, aquecendo seu peito e acelerando os batimentos cardíacos, enquanto percebia que nem aquilo conseguiria resolver, não quis fazer nada, não tinha que fazer nada. Consigo, apenas sussurrou:

— Me leve com você — suplicou. — Eu não sou a pessoa certa pra cuidar do nosso filho, eu não sou nada. — continuou de olhos fechados, esperando que sua hora chegasse mas a única coisa que alcançou seu corpo, foi o sono.

No dia seguinte, acordou com o som melancólico e agudo do bebê. Se assustou e entre tombos e passos lentos, saiu da sala, se segurando pelo corredor e prosseguindo para o quarto do filho. De longe, via uma silhueta feminina, porém sua visão não estava muito boa para indentificar quem estava ali presente. Mais uma vez ousou olhar, vendo um manto branco ser erguido com a brisa e logo em seguida, a imagem de uma mulher aparecer, não uma mulher qualquer e sim sua falecida mulher. Arriscou limpar os olhos novamente, só poderia ser um miragem e no fim realmente era. Mirando mais uma vez para o local, não tinha nada além da garota.

— Jieun? — chamou pelo nome da garota.

— Sim senhor? — Sussurrou em resposta a ele, pondo o bebê no berço e se virando para o Jeon.

— Como ele está? — adentrou o quarto, a garota o olhava se cima a baixo, analisando seu comportamento.

— Ele está bem senhor, mas… — se aproximou dele, sentindo o forte cheiro de álcool que vinha do mesmo. — está tudo bem?

— Estou sim, obrigado por perguntar — cogitou um sorriso. — Eu vou me ocupar, qualquer coisa é só chamar — Ela concordou, olhando pelo canto dos olhos quando ele saiu do cômodo. Jungkook seguiu diretamente para o banheiro, se trancou e começou a se despir, realmente o cheiro do álcool estava forte, impregnado em sua roupa, em sua pele. Quando ele terminou de se assear e foi para o quarto. Se vestiu, seguiu até a cozinha e enquanto tentava fazer algo ouvia uma voz cantarolando baixinho — Conseguiu dormir?… — questionou ao vê-la se aproximar, sentando-se na poltrona em frente a janela da sala.

Observando bem, Jungkook percebia o cuidado que Jieun tinha, a maneira com que ela olhava para o bebê e sorria, acalmando-o quando estava em apuros.

— Sim, só está um pouco assustado — respondeu. Ele se moveu, indo até o sofá e se acomodando ali mesmo.

— Queria poder ter esse jeito de acalma-lo como você tem — inclinou o corpo, acariciando a mãozinha do bebê.

— Você tem senhor, basta pegá-lo para perceber. Mesmo com pouca idade, o único vínculo que ele reconhece é você.

— Se eu pudesse ser metade do que a mãe dele sempre foi — seus olhos brilhavam. A vasta nuvem negra que envolvia Jungkook, simplesmente desapareceu. Encarando a criança, ele se sentia em paz, a ausência “ Dela “ era esquecida.

— não fique preso no que você poderia ser senhor, seja o que é agora, por ele e por vocês.

— não precisa me chamar de senhor Jieun, a minha manager pode até exigir isso, mas aqui entre nós… — levantou o olhar para ela — não aparento ser tão velho assim — sorriu abafado — sabe, eu sinto que não consigo, é tudo tão novo.

— É uma nova experiência Jungkook — fez menção em sorri. — Eu sei que a primeira coisa que vem na cabeça é desistir, porém, você tem alguém que vive por você, que já te ama antes mesmo de te conhecer. — ouvia em silêncio. —Não vou dizer que é fácil e que nunca deu vontade de desistir, mas vale muito mais a pena continuar — direcionou o olhar para o pequenino em seu braço. — Segure-o um pouco, se quiser posso ensinar como acalmá-lo.

— É… — assentiu, engolindo a saliva com dificuldade — ah, sim. Quero, mas será que é possível?

— Claro — se levantou — tudo é possível, é só questão de prática.

Por questão segundos, minha vida passou diante dos meus olhos, me mostrando tudo o que já vivi e até mesmo, o que eu poderia ter vivido. A frente, pude enxergar meu maior prêmio como ser humano, não como homem, idol ou qualquer outra coisa, mas sim algo que sentia dentro do meu peito. Parecia doer mas afagava como um tapinha nas costas, eu pensei que tinha me liberto da culpa, uma culpa que mora comigo, o passado que é passado.

Eu preciso aprender a amar de novo, amar sem culpa, amar sem medo de amar, me entregar e afastar esse pensamento negativo. Sei, tenho certeza que minha esposa está em um lugar melhor, olhando e cuidando tanto do meu filho como de mim.

A babá dos meus sonhosحيث تعيش القصص. اكتشف الآن