Capítulo LXXVII

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KIM JIEUN

Alguns dias já tinham se passado, para ser mais exata duas semanas tinham se passado que Jeongsan havia começado a frequentar a escolinha e a adaptação dele foi melhor do que eu imaginei. Logo pela manhã, jungkook seguiu com San para a escola, insistindo que eu continuasse com a consulta e concordei, me esforçaria para cuidar de mim mesma o meu máximo e eu sentia que conseguiria, eu estava conseguindo aos pouquinhos e isso era tão importante para mim que eu me animava todas as manhãs. Ainda hoje eu teria que fazer alguns exames, nada grave e isso me acalmava bastante já que ainda tinha muito receio em entrar em hospital. Todo o ano eu tentava fazer alguns exames normais, apenas para saber se realmente estava tudo bem ou se precisava de algo para me manter ainda mais saudável e isso era costume que minha mãe tinha me ensinado desde de cedo, o cuidado consigo mesmo é muito importante e não deveria ser ignorado jamais.

  Quero me manter bem tanto mentalmente como fisicamente, ter disposição para correr e brincar com o jeongsan todos os dias. Na minha ida para fazer os exames após sair do consultório pensei em falar sobre meus atrasos constantes, isso com certeza me deixava com um pé trás e até mesmo era um motivo para que me preocupasse com minha saúde, com a possibilidade em algum futuro distante eu conseguisse ser capaz de ter um bebê.

Cheguei no local e fui diretamente na recepção, já tinha marcado tudo e me organizado com os detalhes, então só faltava realmente marcar presença. Me apresentei, falando sobre os exames e a recepcionista gentilmente apontou em direção ao elevador no qual eu seguir sem pressa.

— Tá, só vai ser uma pontadinha — conversei comigo mesmo, explicando como seria simples. A única coisa que eu ainda não tinha contado ao jungkook era que tinha um pouco de receio em tirar sangue, não medo, só ficava tensa em imaginar o tamanho da agulha.

Era um “medo” bem infantil tendo a visão e a mentalidade que tenho hoje, contudo, isso não mudava o fato que me causava um arrepio por todo o corpo. Só conseguia controlar essa sensação quando estava perto do San e do jungkook, eu tinha que mostrar que não era tão terrível como parecia, ou era.

Me sentei em uma das cadeiras, de primeira vista parecia ter somente eu ali e com isso aguardei que me chamassem.

— Senhora Jeon? — uma senhora saiu da sala a frente, a mesma vestia uma camiseta de manga, calça e sapatos brancos, em suas mãos uma prancheta com alguns papéis depositados em cima. — venha, por favor — amistosamente elevou a mão, indicando a entrada da sala, deixando um sorriso surgir em seus lábios enquanto me seguia.

Assim que já estava dentro da pequena sala, me acomodei na cadeira indicada, pondo a bolsa sobre o meu corpo.

— Algum motivo específico para a senhora estar aqui? — questinou enquanto colocava as luvas.

— Exame de rotina — respondi e a mesma assentiu com a cabeça, dando um micro sorriso.

— Tudo bem, vamos começar com a medição da sua pressão e depois seguiremos com os outros procedimento — concordei, respirando fundo. Ao menos já sabia que dois dos principais eu já tinha enviado para eles a algum tempo, faltando apenas os que somente pessoalmente eu conseguia fazer.

Não poderia tá transparecendo, mas por dentro estava ansiosa, talvez o silêncio não estivesse cooperando muito, ou apenas o fato de estar ali já fosse o motivo. Pelo visto ela tinha percebido como me encontrava, pois no mesmo segundo iniciou uma diálogo.

— Veremos agora a sua glicose — inquiriu, removendo o aparelho do meu braço. — Sua pressão está ótima — continuou.

Por fim, depois de fazer os procedimentos chegou a hora de tirar sangue, o que acabou sendo mais calmo e rápido do que pensei. Ainda tinha que esperar pelo resultado para que pudesse ir embora com a mente sossegada.

Na minha espera fora da sala, recebi uma mensagem do jungkook e em seguida uma foto sua, fazendo com que eu automaticamente soerguesse o canto da boca ao me deparar com seu sorriso. Mantivemos um diálogo amoroso até em certo instante, quando o mesmo insistiu em dizer que poderia ter me feito companhia, no entanto, como havia dito a ele, tudo aquilo era normal para mim e rápido, sem se preocupar com nada. Com minha saída também aproveitei para sentir a brisa no rosto e mesmo com receio de algum incidente ocorrer eu preferir prosseguir sem exigir mais do que o meu próprio limite.
  Após as mensagens, conversei com minha mãe, constantemente mantínhamos uma proximidade e no decorrer do diálogo a deixei ciente que continuaria ajudando. Desde de comecei a trabalhar como babá, pensava não só em mim mas também em minha família, minha mãe e meus irmãos, eu queria me esforçar o bastante para que continuasse cooperando com o pouco que tinha e no futuro também pudesse ajudar com a faculdade dos meus irmãos, mesmo minha mãe sendo extremamente teimosa, repetindo que eu não precisava ajudar, que ela poderia "se virar" e que agora eu tinha muitas responsabilidades pessoais. Nunca aceitei esse discurso dela, jamais, em hipótese alguma esqueceria da minha família, eu amo cada um deles e isso era o suficiente para persistir com o que havia pensado e dito, sempre pensando no bem deles.

— Senhora Jeon? — o simples barulho da porta se abrindo foi o bastante para guardar o aparelho e me direcionar com a atenção focada apenas na moça. — Desculpa a demora.

— Tudo bem — em pé, inclinei o tronco para ela em cumprimento, observando se achegar, deitando as mãos a frente do meu corpo, sobre a pequena bolsa que levava comigo.

— Bom senhorita Jeon, pesando o fato que você é uma mulher jovem o que eu posso lhe dizer é que os exames indicam que sua saúde está ótima, equilibrada, nem muito e nem pouca, no ponto ideal. — disse e sorri. Ainda bem que estava tudo bem. — contudo, como uma regra normal da clínica para fornecer o máximo de detalhes… — no que eu ouvir aquilo, meu coração começou a bater mais rápido. — encontrei uma taxa acima do padrão de HCG, um hormônio produzido naturalmente em mulheres... grávidas... — me olhou, em suas mãos estavam os papéis. Sua voz ecoou pausadamente — Eu estranhei porque nos pré-requisitos a senhorita não informou que estava grávida.

Só em ouvir a palavra “ grávida ” meu corpo por inteiro gelou em questão de segundos, ficando até mesmo difícil para respirar. Apertei os olhos e dei um passo para trás, voltando a me sentar sem acreditar naquilo.

— A senhora está bem? Quer um copo d'água? — questinou esboçando preocupação. — pela sua reação, não sabia disso.

— N-Não, eu não sabia — tossir com a garganta seca. — Tem certeza doutora?

— Absoluta, o exame de sangue não mente, muito menos a quantidade do hormônio produzido na gravidez, mas se a senhorita quer um resultado mais preciso da leitura de HCG, recomendo uma ultrassonografia — suas palavras gradativamente vieram a ficar baixas e cada vez mais distante. — mas posso lhe dar a certeza que é positivo para gravidez.

De repente pareceu que tudo em minha volta ficou escuro, sendo apenas um ato breve de fechar os olhos. Respirei fundo mesmo com a sensação que as janelas envolta estavam fechadas e o ambiente se encontrava abafado, engolindo a seco e dando um sorriso. Eu só precisa me controlar, a junção de felicidade e susto se misturou como uma bola de neve.

— Tudo bem com a senhora? — mais uma vez perguntou, agora com um copo de água na mão. — Aqui, beba por favor… — Assentir, pegando o copo com as duas mãos e levando aos lábios, apenas molhando um pouco.

— Estou bem, obrigada — agora melhor, olhei diretamente para ela. — posso olhar o exame?

— Claro, é da senhorita — entregou. — quer que eu chame alguém? Um táxi?

— Não, não… — com o papel em mãos, busquei o que queria, sendo uma caçada difícil, até encontrar em outra folha. Tinha vários números, taxas, porcentagem, nada daquilo eu entendia, apenas o positivo em negrito em uma das linhas. — Eu estou bem, só foi uma surpresa…— cobrir discretamente os lábios, sorrindo mais uma vez. — E-Eu vou pegar um carro, obrigada.

Não conseguia conter a felicidade,o susto tinha sumido, dando lugar para um sentimento tão bom que sem sombra de dúvidas já me entregaria para qualquer pessoa que me visse. Dentro do elevador, sozinha, olhei mais uma para o papel, uma simples folha que me mostrava absolutamente um tudo em minha vida. Abaixei, apoiando meu peso em minhas pernas, sentindo o medo bater na porta do meu coração, apertando o peito, junto com a falta de ar, causando um tsunami de sensações

Eu queria sorrir, contudo, só conseguia sentir o líquido quente deslizando pela minha face.

A babá dos meus sonhosحيث تعيش القصص. اكتشف الآن