Capítulo LI

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CONTINUAÇÃO

Tudo passava lentamente em frente aos meus olhos. O que mais me machucava, ao ponto de aperta meu coração era ouvir do meu próprio pai aquelas palavras, achando que de fato ia me convencer de algum jeito a topar a permitir que o que me feriu, voltasse novamente. O que eu precisava escutar, já tinha entendido e eu já tinha aceitado, remexer no que passou só piorava as coisas, me causando lembranças de dores que já cicatrizaram.

— Vamos jieun, deixe de drama — sentir o peso quando sua mão agarrou meu braço, forçando a me levantar ou sairia arrastada dali. De relance, olhei para o mais velho em minha frente, meu pai, recordando da última vez que ele tinha dito aquela mesma frase, agindo do mesmo jeito. Parecia que eu estava fadada a suportar aquele esse tipo de tratamento, que nunca teríamos uma relação de pai e filho, como qualquer família.

Meu corpo foi praticamente arrastado, minhas pernas se embolaram uma na outra, sua força era maior, mesmo que fizesse de tudo para soltar. Sentia que estava anestesiada, travada perante a presença imponente, sem o direito de dizer não, de ir contra a atitude dele, todavia, retornei ao meu real inconsciente, já do lado de fora do quarto.

— Eu não vou, eu já disse isso e manterei minha palavra — puxei meu braço, recebendo um olhar de reprovação. — eu não posso acreditar que o senhor não se importa comigo, com a minha felicidade, com o que eu quero.

— Realmente eu não me importo, porque todo essa conversa de felicidade e querer é rebeldia sua, como se soubesse o que é melhor para você, eu que sou seu pai e sei o que é ou não melhor pra sua vida. Eu achava que era uma fase sua, que minha menina tinha aprendido a me ouvir calada, mas não… continua a mesma… — seus olhos transpassavam fúria, nojo. Nesse instante, percebi a menção que Luke fez para se aproximar, tentar pegar em meu braço, e sem hesitar me afastei.

— Eu já pedir pra se afastar de mim.

— O que está acontecendo aqui? — virei rapidamente meu corpo, avistando choi de longe. — O que vocês estão fazendo com a jieun? — ela praticamente correu.

— Não se meta, isso é assunto de família — Luke disse, apanhando um dos meus braços.

— Eles estão tentando me levar a força choi, tire eles daqui — retirei meu braço das mãos daquele homem,  indo até ela.

— Jieun? — mais atrás, escutei a voz da minha mãe. Ao seu lado vinha a mãe de jungkook, que assim como ela se achegaram o mais rápido possível. — o que tá acontecendo aqui? Luke, o que faz aqui?

— estou me esforçando pra educar a nossa filha, já que você não se esforça para fazer isso.

— Eu só quero que eles se retirem daqui agora — falei. minha mãe sem pensar duas vezes, me acolheu em seus braços, mas antes disso observou o rasgo em meu vestido.

— Olhe o que você fez com ela, o que ela se tornou — continuava a dizer. — Eu não sei quem é pior nessa história.

— Como você tem coragem de dizer todas essas barbaridades pra nossa filha? Trazer esse garoto que só trouxe sofrimento e dor para ela, justamente hoje?  — se afastou, me deixando ao lado da mãe do jeon. — Pior?

— Choi, por favor, chame os garotos para tirar esses sujeitos daqui, já ficou muito claro que a noiva não quer a presença deles — a senhora jeon gentilmente me abraçou, se afastando deles. Observei a cena dos meus pais e o segundo exato quando minha mãe atingiu o homem que insistia dizer ser meu pai no rosto, calando-o. A frustração e tristeza me abalou profundamente, contudo, não conseguia imaginar como estava sendo para ela toda essa informação. — Vamos resolver esse rasgo, jieun?

— É possível resolver? E-Eu não consigo aceitar que permitir tudo isso, é culpa minha. — calorosamente suas mãos apertaram meu ombro e fui guiada de volta para o quarto. Não sabia o que ocorreria com meu pai e Luke e um lado meu, também não queria saber.

— Claro que é possível resolver — me soltou, fechando a porta, levando-me de volta para o local que minutos antes me encontrava, indicando para que me sentasse sobre a cama. — Não vai ficar como antes, mas prometo reparar isso, pode acreditar, você nem vai lembrar que existiu esse rasgo — seus olhos sorriram. A vi ir até uma gaveta, pegando uma espécie de maleta, voltando e acomodando-se ao lado. — Eu vou costurar, juntando as fendas — me mostrava como faria. — não vai demorar, vai ser tudo em um piscar de olhos.

Fiquei quietinha, mesmo no quarto dava para ouvir meus pais discutindo, piorando a sensação que sentia, obrigando a me questionar: “ O que eu tinha feito de errado para causar a reação do meu pai, para ter que enfrentar de frente o homem que quando eu mais precisei, simplesmente me abandonou ”.

— Não deixa os pensamentos corroer seus neurônios querida — indagou. — existe coisas na vida que acontece por um único motivo… — segurou delicadamente meu queixo, trazendo para cima. — nos deixar ainda mais fortes, alimentar nossa vontade de continuar.

— Eu só queria me desculpar por toda a cena, por isso, pelo trabalho que estou dando — sussurrei.

— Não deveria se desculpar por algo que não foi causado por você.

— Mas… — busquei algumas palavras para sustentar minhas desculpas, contudo, as palavras ditas por ela faziam total sentido.

— Eu imagino que deve ser difícil tudo isso, mas já é passado, já passou. Se tem algo que eu aprendi na minha vida foi: “ fazendo você será julgada, não fazendo, você será julgada do mesmo jeito, então por quê não fazer o que me faz feliz? ” — levantou, estendendo suas mãos. — terminei, venha ver o resultado.

Não conseguir esconder a satisfação de saber que tinha uma esperança de ser reparado. A verdade era que eu queria chorar e sorrir ao mesmo tempo, talvez gritar para o mundo que eu não iria desistir e muito menos pensar que tudo estava acabado. De pé, caminhamos uma ao lado da outra, suas mãos acariciavam as minhas, passando uma sensação que tudo ia passar.

— Prontinho, não existe nenhum rasgo — falou diante ao espelho. Virei o braço, notando que não existia mais rasgo, apenas uma costura sutil que se misturava com o desenho bordado do próprio vestido.

— Ficou lindo — meus olhos brilhavam. Ver que o buraco que revelava um pouco do meu braço não existia mais, me deu convicção para crê que nem tudo estava perdido. — Nem parece com o que estava antes.

— Não disse? Minha mãe me ensinou uns truques para deixar tudo discreto, foi assim que muitas vezes conseguir recuperar as roupas dos meninos em uma das diversas travessuras que eles faziam. — rimos juntas. Contornei meu corpo, segurando suas mãos e inclinando meu corpo como um meio de agradecer pelo que tinha feito.

— Obrigada — agradeci, erguendo o rosto e respirando fundo, mais aliviada.

— De nada querida, vamos nos tornar uma família, e família protege e acolhe o novo membro — afagou minhas bochechas.

— Clar… — antes que pudesse completar a afirmação, meus ouvidos escutaram alguns barulho e por fim, a voz do jungkook. Ele parecia estar alterado — o jungkook?

— Fique aqui Jieun — me levou até a cama — Eu vou ver o que tá acontecendo lá fora e já volto.

— E-Eu... — engoli a seco. Nem conseguia enxergar pelas janelas, todas tinham uma proteção que dava apenas para a luz de fora adentrar.

mirei para frente, vendo apenas a mãe do jeon seguir a adiante, abrindo e fechando a porta.


A babá dos meus sonhosWhere stories live. Discover now