Capítulo XVI

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KIM JIEUN

Com os olhos centrados nas nuvens que passavam diante de mim, contava os minutos para o novo ano. Nem poderia imaginar que um dia minha vida mudaria tanto e que eu perderia pessoas que eu amava, porém, também ganharia pessoas que fizeram do meu ano o melhor do que poderia ser. Respirei fundo e encostei a cabeça na poltrona, o bebê brincava tranquilamente com seus brinquedos alguns passos de mim e Jungkook um pouco distraído, distante dos acentos onde os outros da sua equipe estavam.

Levantei um pouco a cabeça, escondendo entre um banco e outro, minha curiosidade para permanecer encarando ele parecia um pouco louca. A cada segundo que se passava, o tempo ao redor ficava mais lentos, o desviar que antes eu conseguia facilmente controlar, não existia mais, apenas continuava na mesma posição, admirando-o com cuidado, sentindo meu coração bater mais rápido e um incômodo no estômago. Me virei, voltando a sentar na poltrona, deitando minhas mãos sobre meu peito, tentando abafar o som das batidas que ruiam dentro de mim.

— Eu não posso me permitir sentir isso — sussurrei comigo e minha consciência viva.

— Sentir o que? — elevei o olhar sobre meus ombros, vendo Jungkook logo ao meu lado. Se moveu e sentou ao meu lado. — Tudo bem? Ainda sente medo de avião?

— N-Nada — concertei minha postura, engolindo a quantidade considerável de saliva que se formou no curto período. — Estou bem — sorri e sua mão tocou a minha. Ainda não tirava a noite do natal da minha cabeça, o jeito que seus braços envolveram meu corpo e ainda podia sentir seu cheiro exalando próximo ao meu nariz. — Não, acho que pra passar confiança ao san, eu aprendi a ter confiança também — Concordou e em seguida seus dedos entrelaçaram os meus. Eu não compreendia muito sobre os sentimentos dos homens, nem sabia muito sobre os sentimentos de Jungkook, o que eu sabia com certeza era que meu coração queria saltar do peito.

Eu de fato poderia está confundindo as coisas, sim, eu poderia ser uma pessoa sensível e que entendia as coisas erradas. Eu repetia isso para mim, entretando, ele não estava facilitando as coisas, desde aquele beijo eu não conseguia tirar a possibilidade de esta sentindo algo por ele, até o natal chegar e o meu coração confirmar minha dúvida.

— Que bom Jieun — Indagou e me encarou — Eu estive pensando, eu acho que precisamos conversar sobre o que vem acontecendo com nós dois.

— Vem acontecendo algo? — Me fazer de lenta poderia ser um caminho um pouco difícil, mas ainda assim, o certo. Não que eu não quisesse conversar sobre tudo, falar o que sentia, o que realmente me mantinha receiosa era a dúvida a respeito dele, nunca fui uma pessoa de conviver bem com as palavras, pior quando não era bom e eu saía machucada.

— Você acha que não tem nada acontecendo? — seu tom de voz mudou consideravelmente.

— Acho é que… — sentir passos se aproximar e ele pareceu sentir o mesmo, pôs de imediato soltou suas mãos da minha.

— Jungkook, já vamos descer — Choi avisou e ele assentiu, me visando pelo canto dos olhos e sorrindo.

Mais alguma minutos e já estávamos pousando. Abracei Jeongsan enquanto o avião gradativamente descia, distraindo-o com o brinquedo. Saímos e seguimos direto para o automóvel que nos esperava do lado de fora, sempre tendo-o ao meu lado. No passeio para o hotel onde ficaríamos, me vi fascinada por um local tão rico em beleza e também tão diferente, podia notar a decoração que seguia por toda a cidade, pelo menos por onde passamos.

[ ••• ]

Me vi sentada na cama, olhando para um quadro na parede, alguns centímetros a minha frente. Queria saber o que ele queria falar para mim naquele momento, a curiosidade falava muito mais alto. Me assustei com o celular vibrando próximo a minha perna, era um número desconhecido ligando para mim, desde o último ocorrido com números assim, sentia um breve desespero ao olhar para minha tela.

Desliguei a ligação, fingindo que nada tinha acontecido, contudo, novamente o aparelho começou a tocar e dessa vez, respirei fundo. Fugir não adiantaria absolutamente nada, então atendir, aproximando o auto-falante do ouvido.

— Alô? — sussurrei baixinho para não ser totalmente ouvida.

— Filha? Jieun? É você? — a voz era inconfundível, nesse instante, todos os pelos do meu braço se arrepiaram. Pela primeira em anos, estávamos tendo contato direto. — Querida? Não desligue, por favor.

— Mamãe? — sua voz de choro poderia ser ouvida nitidamente e percebida rapidamente. Encarei a cama onde Jeongsan dormia e ao meu redor, tentando ter certeza que tudo ali era realmente real.

— oh querida, a quanto tempo — disse — sentir tanta falta sua, esses meses não foram bons sem você ao meu lado, eu sinto tanta falta — aquilo apertou meu peito. Mesmo que meus sentimentos tivessem sido pisados, eu ainda a amava, minha mãe ainda era presente em todas as minhas preces a noite. — Desculpa pelo que fiz Jieun, eu não estava no meu juízo bom.

— mamãe — mais uma vez sussurrei, sentindo como se recebesse um abraço forte por ligação. — Tudo bem, eu entendo.

— Não, eu não deveria ter ficado ao lado do seu pai e do seu namorado, fui cega. Você estava tão sensível, tão triste e eu só pensei e mim, perdão Jieun, perdão por não estar com você no momento que mais precisou.

— Você não imagina o quanto essas palavras tocaram meu coração — enxuguei alguns resquícios de lágrimas que caiam em minha face. — Desculpa também mãe, eu não estava bem e falei coisas horríveis.

— Você estava com o coração partido querida, eu entendo, não me permitiria passar mais um ano sem perdoar e ser perdoada pela minha própria filha, eu te amo querida e jamais quero passar por isso novamente.

— Eu também mãe — nesse segundo, respirei profundamente, soluçando entre algumas lágrimas, tendo o cuidado para não acordar o pequenino San. O amor era algo tão incrível de ser sentido, tão diferente de qualquer outro sentimento, quando se amava verdadeiramente existia sempre um perdão e uma nova tentativa. Tantos sentimentos ruins me sufocaram nesses meses e o amor mais puro me deu a mão, tirando-me do fundo do poço e mostrando a luz em meus olhos.

Conversamos por um longo breve momento, após os sentimentos serem expostos sem receio, trocamos o assunto e contei algumas coisas que tinha acontecido na minha vida, contei sobre o san e sobre o sentimento de ser mãe novamente, em um certo instante minha mãe me disse algumas palavras: Pra ser mãe, não precisa esperar nove meses, ser mãe é você amar tão intensamente um ser a tal ponto de até mesmo dar sua vida. Sorri de lado a lado ao desligar a ligação, no mesmo segundo a porta abriu e Choi surgiu com um longo vestido branco de alça, vindo até minha direção e me entregando.

— Quando vi esse vestido, só veio você na cabeça Jieun — comentou, podendo rir com a coloração avermelhada em minhas bochechas — Você não poderia passar o réveillon na times square sem um vestido desse.

— Ah- — minha voz falhou, tentei me levantar e de imediato ela me empurrou em direção ao banheiro.

— Se vista e saía, quero ver se meu olhar crítico ajudou em algo — Assentir sem muitas escolhas. Dentro do banheiro, admirei o vestido notando que realmente era muito bonito. — Eu também comprei algo pro San, estou ansiosa para vê-lo vestido.

— E o Jungkook? — por impulso perguntei, me calando rapidamente, escutando seu riso escapar.

— Ele já tá no local, teve que ir para ensaiar algumas músicas, passos, sabe — suspirou — Ele é bem exigente consigo mesmo, e fica chateado quando não consegue dá seu tudo.

— Ele é incrível cantando, a voz dele é tão… — abracei o tecido contra meu corpo, abaixando o olhar. Se a porta estivesse aberta, ela poderia ver e automaticamente descobrir.

— Pois é — concordou — Depois de tudo, eu acredito que ele merece alguém tão incrível como ele, alguém que não só tenha amor por ele, como também pelo san.

— É sim — nada mais disse, neguei e seguir em frente. Após me vestir e me olhar no espelho, vi coisas em mim que eu nunca tinha visto antes e posteriormente sair.

— Ficou incrível — sorrimos juntas. — Estou ansiosa pro ano novo.

— É, eu também.

A babá dos meus sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora