Capítulo XXXVII

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KIM JIEUN

Era a terceira vez em menos de cinco minutos que olhava para a tela o celular. Desde que soube sobre as imagens espalhadas por todos os sites, as coisas tinham ficado mais tensas entre mim e o Jungkook, e não tirava a razão dele. Ao mesmo tempo que queria explicar tudo o que aconteceu, até mesmo sobre o meu o dia que me encontrei com Luke sem que eu quisesse — como todas as outras vezes —, eu sentia um sentimento ruim, misturado com raiva e arrependimento. Se não fosse por conta do meu passado o Jeon não estaria tão afastado e pensativo. No que conversamos brevemente, expliquei a ele, porém, sabia que tudo só estaria esclarecido quando nos encontrassemos pessoalmente. Os dias passaram, a cada alvorecer que se transcendia ficava ainda mais ansiosa. San estava contente, o pai voltaria e eles poderiam passar algum tempo juntos novamente, isso era muito bom para o seu crescimento. Na última semana da turnê, passei mais tempo conversando com a choi, ela sempre me contava como ele estava quando não poderia conversar, ou estava interagindo com os fãs.

No que as horas perpassavam, os dias terminavam e finalmente chegava o momento para que pudesse vê-lo após 4 semanas percorrendo pelo mundo, passando adiante todo o seu mais puro sentimento.

— O que a senhora acha que preciso fazer agora? — me encolhi na espreguiçadeira, visando o lindo céu estrelado. As estrelas caiam tão bem para uma noite como aquela.

— Querida, você gosta desse rapaz? — ouvir sua voz do outro lado da linha. Depois de muitas conversas, e estarmos mais próximas, me sentia ainda mais confortável para dialogar com minha mãe, ela sempre foi minha melhor amiga. Ainda menor, toda vez que aprendia algo novo, ia diretamente a ela contar e compartilhar o novo conhecimento.

Queria ter essa aproximação com meu pai, contudo, desde que aconteceu as coisas, ele nunca mais foi o mesmo comigo. Sinto-me culpada, pois eu já o perdoei de todo o sentimento que me causou, do que insinuou de mim, entretando, nada disso resultou a algo.

— Já respondi essa pergunta milhões de vezes mãe… — depositei meus pés no chão, calçando as sandálias, esticando meu corpo sem sair da cadeira no qual estava, observando dali mesmo o pequenino deitado sobre o sofá, aproveitando de um bom sono. Ele tinha gastado toda a sua energia mais cedo quando estávamos no parquinho.— Eu amo o Jungkook mamãe — retornei, sentindo algo peludo passar por minha perna, olhando e vendo que era o cachorrinho. — se eu não tivesse ido até o Luke, ele não estaria tão estranho.

— ah filha, se eu soubesse que esse rapaz, o Luke, era desse jeito eu nunca tinha permitido nada entre vocês — ouvir seu suspiro pesado. Com certeza ela se culpava, o que eu não queria.

— Não mãe, não foi culpa da senhora, ele está fazendo isso pra tentar de algum jeito chamar a atenção.

— Não permita — Indagou.

— Não vou — disse firme. — Meu objetivo é explicar tudo o que aconteceu, e me afastar dele de uma vez por todas — ergui o rosto, encarando o céu, ficando em silêncio por alguns segundos e posteriormente continuando. — Eu tenho tanto receio de perder eles mãe.

— Acalme seu coração e seja sempre você mesma filha, tenho certeza que tudo ficará bem — disse. — pratique tudo que conversamos aqui, e principalmente descanse essa sua cabecinha, tenha paciência com você também.

— Tudo bem, obrigada — sorri, abraçando meu corpo, encolhendo minhas pernas de volta e sentindo como se fosse ela envolvendo-me.

— Durma bem, ok? Mande um beijo pro san e faça como ele, descanse tranquilamente — suas palavras de algum modo fazia com que tudo parecesse mais simples de resolver.

[ ••• ]

Adormeci mais rápido do que imaginava, logo após de me deitar com o menor e admira-lo dormindo, meu sono acabou por vencer a luta. No dia seguinte me despertei bem cedo e tive ajuda de uma das empregadas que vinham algumas vezes na semana para me ajudar com a casa. Mesmo que não fosse parte da minha obrigação, eu gostava de me ocupar quando tudo o que eu precisava fazer, estava feito e também, quando as crianças — Jeongsan e o cãozinho — estavam tirando a soneca da tarde.  Ele avisou que chegaria na tardinha, então daria tempo de fazer algo bem legal para recebê-lo, como sempre fazíamos quando se distanciava para fazer seus afazeres como cantor. Nesse período, trocamos mensagens algumas vezes e até mesmo fotos, ele estava lindo como sempre e apaixonante a todo o segundo; ainda podia sentir uma sensação de distanciamento entre nós — sabe quando sentimos que alguém próximo está estranho? Ou algo mudou? É exatamente isso, como se fosse um sexto sentido —, e mantemos um diálogo produtivo.

A manhã passou e a tarde chegou, tudo o que tinha em mente estava pronto. San não parava de correr pela casa e em a cada cinco minutos me questionava se o pai estava chegando. Ouvimos a maçaneta mexer, o menor foi o primeiro a se animar e no que a porta abriu, correr para os braços do Jungkook.
 
— Eu também estava com saudades filho — próxima a porta, admirei a cena da interação dos dois, bem quietinha, com um sorriso de quem estava encantada com aquilo. Alguns centímetros a abaixo, o pequeno animal lutava para que sua animação fosse percebida pelo maior. — opa — pôs o filho no chão e se abaixou — Também estava com saudade de você, que aliás, já deu um nome para ele? — perguntou ao San.

— ainda não, tava esperando o papai chegar — se encolheu, sorrindo timidamente e roubando facilmente o brilho dos olhos do Jeon.

— Meu garoto — enunciou se pondo de pe. Nesse segundo seus olhos encontraram os meus e meu corpo automaticamente gelou.

Qual é o segredo dele pra mexer comigo de tal forma apenas com um olhar?

— Também estava com saudades de você — desta vez disse em minha direção, tirando a mochila das costas e pondo no canto. — não estava também?

— claro que estava Jungkook — caminhei em sua direção e não hesitei em abraçá-lo, apertando confortavelmente, sentindo como era bom tê-lo ao meu lado, tão pertinho de mim. — Eu só pensei que você não estava — estreitei meu corpo ao seu.

— Tirou conclusões erradas, estava morrendo de saudades de você, do san e do novo amiguinho canino.

— Sério? — me afastei — Estávamos ansiosos pra sua chegada, fizemos algumas coisas pra receber você.

— Sabe qual é a melhor parte de passar tanto tempo longe de vocês? — perguntou e neguei — voltar e receber todo esse amor, é tudo para mim — seus dedos acariciaram minha bochecha, aproximando o nariz no meu e roçando lentamente.

Com todos calmos, Jungkook se ausentou por alguns minutos, tomando um banho longo. Podia ouvir cantarolar de onde estava e me sentia tão privilegiada em admirá-lo pela brecha da porta, em silêncio, sorrindo tão boba, tão apaixonada. Quando deu um determinado horário, me deitei junto ao pequenino, contando histórias como sempre fazia para que ele pudesse se distrair até poder pegar no sono, e ao dormir, lentamente me levantei, colocando seu ursinho Tata bem pertinho dele.

Fechei a porta e assim que redirecionei meu corpo, avistei ele no final do corredor, encostado com os braços cruzados, provavelmente me aguardando, esse era o momento que eu mais queria.

— Podemos conversar? — esticou sua mão.

— Podemos sim — estiquei a minha até a sua e entrelaçamos nossos dedos.

A babá dos meus sonhosWhere stories live. Discover now