Lance
Esperava que o julgamento do cara-murcha fosse um pouco mais interessante. Não tinha como eu deixar de sorrir toda vez que ele se ferrava, ainda mais, por conta própria, mas ainda assim, aquilo estava um tédio. A Sala do Trono conseguiu reunir ao menos três dúzias de "marionetes" daquela praga, sem mencionar a gente de Eel.
E concordo com a minha Ladina, porque raios eles não arranjaram algumas cadeiras para todos, se sabiam que o julgamento ia gastar o dia inteiro? Tenho certeza que o estoque de poções contra dores musculares, da cidade inteira, vai ser consumido rapidinho. Quase que dei graças a tudo que é divindade quando o Eru decidiu encerrar aquilo, e dar o veredito finalmente!
"[white]Está na hora." – a Branca acabou sussurrando.
– Disse alguma coi... – minha Ladina tinha sua fala interrompida pela Branca, que lhe assumia o controle – Um momento, majestade. – deve ser a Branca falando pela Cris – Não há a necessidade de mata-lo para recuperarmos o fragmento.
Segui ela, que se encaminhava até o cara-murcha, sem saber direito em quê eu teria de auxilia-la. Nem mesmo com o uso da mensligo eu conseguia ver ou ouvir os pensamentos dela. Tudo soava muitíssimo baixo, e quando fechava meus olhos, só enxergava um vazio branco. Era obrigado a contentar-me apenas com o que era capaz de observar por mim mesmo.
Eu já imaginava que não seria fácil para a Cris conseguir arrancar aquele fragmento de dentro do traste, mas ele parecia estar travando um cabo-de-guerra com ela! Não me demorei em entender em quê que ela precisaria de ajuda. Quase que fico sem maana de tão teimoso que aquele velho se mostrou em entregar o pedaço de Cristal. Até a Branca parecia exausta quando ela deixou a minha Ladina! Se não fosse pelo Ezarel e pelo Roeze, tenho certeza que, ao invés de nos permitirem descansar no nosso quarto, a Ladina e eu teríamos sido encaminhados para a enfermaria.
No final das contas, quem ficou "cuidando" de nós dois foram a Anya, o Nevra e o Absol. Enquanto a Ladina ocupava a cama, eu fiquei descansando em uma cadeira que arrastei para perto dela. Não sei bem quando foi que caí no sono, mas quando abri os olhos, já era madrugada. Anya e Absol dormiam junto da Cris, e o sanguessuga não estava no quarto. Selei a porta.
Senti o cheiro de comida (já fria) e encontrei duas refeições sobre a mesa. Com o meu estômago protestando, aqueci um dos pratos e comecei a comer. Pelo o que eu podia observar, a Cris não iria acordar tão cedo, pois ela não havia se movido nem um pouquinho, desde que foi deitada na cama. Tendo terminado de comer, e ainda faltando um pouco para o amanhecer, optei por fazer um bom alongamento e meditar em seguida. Mas claro, apenas depois de remover as partes barulhentas de minha armadura e assim diminuir o risco de acorda-las sem querer.
Um melomantha bebê acabou pousando na janela, aos primeiros raios de sol, e o seu canto veio a despertar minha Ladina.
– Quê? Já é de manhã?
– Precisamente, Ladina. Descansada?
– Acho que sim, mas... Ai Deus, não acredito!
– No quê? – porque ela está tão assustada?
– Não acredito que dormi sem tomar banho depois de ter suado um rio por culpa daquele traste!
– _riso_ Você ficou chocada por causa disso?
– Tá rindo do quê, Gelinho? Sabe muito bem que não gosto de dormir suja. Só o faço se estiver além de exausta.
– Ladina... – não continuei porque a pirralha acordava.
– Tudo bem com você agora, Cris?... E... Gelinho! Que é que faz sem a armadura?! Se uma das trigêmeas entrar aqui, você será visto!
– Não acho que o sanguessuga deixaria este lugar sem se prevenir sobre isso antes, e além do mais, eu prendi as frestas da porta com gelo assim que nos percebi sozinhos.
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Eldarya - Uma Aventura Inesperada
FantasíaTodo fã de fantasia já teve ter sonhado ao menos uma vez viajar para um mundo mágico. Viver aventuras, descobrir poderes e realizar atos que fariam grande diferença naquele mundo... Mas, e quando isso acontece? Que tipos de sorrisos e lágrimas seria...
