Cris
Ou o Gelinho gosta demais de mim, ou ele tem paciência de Jó. Que dureza para conseguir pronunciar aquilo direito antes de lhe jogar o pó!
– Onuhwo oam guem vagohwam mug howo lumymnyl, jufa tlupu gaguhna keu yló jlammuzuyl. – esperei um instante – E aí? Funcionou? Pronunciei direito?
– Com toda a certeza senti algo quando terminou de falar.
– Eu posso fazer alguns testes?
– Tente... não ser muito cruel. Pode ser? – um riso acabou me escapando.
– Vejamos... Quero que você se transforme.
Lance ergueu uma das pestanas diante de meu pedido, mas o cumpriu na hora. Apenas afastou a poltrona, como na primeira vez, para poder fazê-lo.
– Eu já me transformei na sua frente antes. E até a deixei "explorar" o meu corpo. Porque me pediu isso?
– "Explorei", virgula! O tempo todo tive medo de fazer algo que o motivasse a me morder ou sei lá o quê. Por isso eu quero que você me permita ver cada detalhe de seu corpo, sem reagir a nada e nem fazer barulhos que possam levantar suspeitas de você para qualquer um que venha a estar no corredor!
– Hunf. Algo me diz que você está querendo me fazer passar por tudo e um pouco mais, do que você experimentou quando usei o lukta em você. – declarou ele se deitando no chão. E eu sorri sem nem perceber.
Me aproximei dele sem qualquer receio, e comecei a examinar cada coisinha que desejava. As nervuras de suas asas; os formatos de seus espinhos; o cumprimento de seus chifres; tudo! Notei que Absol acabou dormindo durante a minha investigação. E o arrancar sem querer de uma das escamas foi a garantia de que o encantamento tinha realmente funcionado, pois tudo o que Lance fez foi se estremecer pelo choque, sem qualquer "ai" que uma pessoa normalmente gritaria.
– Desculpe.
– E isso porque lhe pedi para não ser cruel. – ele ficou claramente irritado.
– Eu pedi desculpas... tudo o que eu queria era ver a espessura de suas escamas, não arrancar uma.
– Ainda assim. – ele lambia o lugar com algumas chamas lhe escapando na língua – Isso doeu. Falta muito para você terminar o seu "exame"?
– Já acabei. – declarei um tanto chateada e pousando a escama, que não devia ter saído de seu lugar, sobre a mesa.
– Ótimo. Então posso mudar de forma.
– Não. Não pode não.
– E por quê?
– Porque eu não quero. – me sentava, emburrada, ao lado da barriga dele.
– Está sendo infantil.
– Não estou nem aí... – abraçava minhas pernas com a cabeça sobre os joelhos.
– Ladina. – o ignorei – Ladina!... – continuei no meu canto – Qual é, Princesa... – sentia-o encostar a cabeça na minha – _suspiro_ Tudo bem, Princesa. Desculpe pelo jeito que falei. – virei a cabeça apenas o suficiente para ver-lhe o rosto reptiliano – Você pode ser cruel às vezes, mas sei que não é de machucar os outros sem motivos.
– Não esperava que suas escamas fossem tão frágeis... – levantava a cabeça para sentir um pouco mais de seu carinho.
– Ela já devia estar quase caindo, e quando mexeu nela, caiu de vez. Mas como ainda estava meio presa em mim...
YOU ARE READING
Eldarya - Uma Aventura Inesperada
FantasyTodo fã de fantasia já teve ter sonhado ao menos uma vez viajar para um mundo mágico. Viver aventuras, descobrir poderes e realizar atos que fariam grande diferença naquele mundo... Mas, e quando isso acontece? Que tipos de sorrisos e lágrimas seria...
