Capítulo 2-Sophia- É nos momentos de decisão que o seu destino é traçado.

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» Sophia«

Acordo com um som estridente. Era a merda do meu despertador tocando e eu apenas queria dormir.

Isso era pedir demais?

Quando ele tocou pela segunda vez, não contei conversa e taquei ele na parede novamente. Acho que era a milionésima vez que eu fazia isso. Só que ele parecia ser parente de gato, porque não importava quantas vezes eu tentasse me livrar dele, ele sempre voltava.

Era meu pesadelo em forma de ponteiros!

Não importava que eu estivesse cansada e tivesse dormido apenas às quatro da manhã estudando para um caso muito, muito importante, e que talvez fosse a alavanca para minha carreira.

Oh vida injusta!

Depois que o despertador do meu celular em cima da cômoda começou a tocar também, porque eu me conhecia bem demais a ponto de saber que apenas um despertador não dava conta comigo, me dei por vencida e levantei ainda sonolenta. Abri as cortinas da varanda e recebi meu boa dia da natureza. A manhã de segunda-feira amanheceu ensolarada, brilhante e cheia de vida, ao contrário de como eu me sentia naquele dia. O processo que me fora entregue era de difícil resolução, e eu já havia pesquisado toda a júris prudência possível para tentar formar os argumentos cabíveis na minha tese de defesa. Estava afundada em pesquisas jurídicas, casos semelhantes, livros e afins, de modo que minha vida girava em torno de achar uma brecha que me desse respaldo técnico para um julgamento fundamentado em fortes argumentos.

Eu estava absorvida pelo caso atual.

A cabeça estava latejando. Sentia uma onda de calor e sabia que muito provavelmente meu ciclo estava
próximo, o que me daria uma belíssima
avalanche hormonal em breve.

Me dava calafrios só de imaginar.

Depois de uma ducha e arrumar com cuidado a mala, desci a escada e encontrei a mesa do café arrumada.

— Bom dia, pai—Desejei abraçando sua costa e deixando um beijo carinhoso em seu rosto.
— Bom dia, querida.—Ele beberica seu café.— Está pronta para amanhã?
— Sim.—Respondi mas sentia o coração
aos pulos no peito.

Aquela era uma oportunidade única, e aprendi com meu pai que oportunidades precisam ser agarradas com as duas mãos. Porque a gente nunca sabe se elas vão aparecer outra vez. Foi ele quem me ensinou a ser destemida.

Oportunidades. Oportunidades — Era o que ele queria para mim. Meu pai queria que eu tivesse a chance de chegar onde quer que fosse.

De fazer qualquer coisa.

— Acredito em você, tenho certeza que vai arrebentar. Você será a melhor advogada que esse Brasil já teve. —Ele disse com o orgulho exalando.— Você é espetacular, minha filha.
— Sim, eu sou. —Tentei parecer confiante.

Eu tinha que admitir que estava nervosa. Enfrentar um famoso advogado gerava muita ansiedade e expectativa. Ele assegurava um belo espetáculo judicial e aula sobre direito quando atuava em público. Ele era temido como adversário pelos colegas, já que sempre se mostrava implacável em suas manifestações.

Mas eu estava preparada. Quando optei por Direito, eu sabia que havia uma alta probabilidade de ter desafios que poderiam me estressar constantemente, mas isso não me deteve. Meu pai foi um dos meus maiores incentivador, ele me convenceu de que eu era capaz e estava preparada para enfrentar o que quer que a vida lançasse na minha direção. E então eu estudei até o limite. Virando a noite só para tentar conseguir êxito na audiência.

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