Capítulo 4-Sophia- O importante é que as boas lembranças ficam...

3.2K 312 18
                                    

Branco.

Foi a primeira coisa que meu cérebro registrou no instante em que abri os meus olhos. Sinto coisas ao redor de mim, tocando em meu corpo, dolorido em todas as partes. Algo no meu nariz incomoda, e ouço um bípe irritante. Analisei o ambiente, meio zonza e constatei ser um quarto de hospital. Tateio ao lado, toco no meu braço e vejo um pequeno curativo. Sigo com o olhar e encontro um acesso venoso ali, uma fina mangueirinha que vai do meu pulso até uma pequena bolsa de líquido presa em um suporte, mandando algo transparente para dentro das minhas veias e um grampo, preso ao meu dedo indicador. Minha cabeça latejava forte, então ergui a mão livre e passei pela minha cabeça, buscando o local da dor. Bem atrás, perto da nuca, havia um ponto de inchaço, dolorido.

Muito dolorido.

Estava tentando refazer os últimos acontecimentos em minha mente, mas tudo estava escuro, meu cérebro se recusa a me dar qualquer memória.

— Vejo que acordou —Um homem adentrou o quatro— Sente dores?
— Sim—Confimo em meio a minha rouquidão.
— Lembra do que aconteceu? —Ele pergunta e fecho meus olhos.

Flashes passam em minha mente, mas não consigo pegar uma única além dos meus pais.

— Quero meus pais —Abro os olhos por conta dos pensamentos confusos.
— Vou chamar, só um minuto.
— Obrigada. —Sorri, mas era um sorriso de gentileza.

Eu estava nervosa, odiava hospitais.

O médico sai, segundos depois a porta é aberta em um solavanco e avisto uma mulher correr até mim e me envolver em um abraço apertado.
— Graças a Deus. Graças a Deus —Ela repetia sem cessar. — Graças a Deus!
— Hm, você está me machucado. —Reclamo quando sinto todo o meu corpo latejar por conta de seu abraço firme.
— Desculpe, querida. —Ela se afasta e posso ver seu rosto vermelho.

As lágrimas transbordam dos olhos claros e deslizam pelas bochechas coradas, morrendo nos lábios volumosos.

— Você tem que ficar melhor, filha. Está tão difícil, e eu preciso de você aqui comigo. —Ela beija o dorso da minha mão antes de acomoda-la entre as suas.

Encarei a mulher a minha frente por um longo momento. Tentei buscar familiaridade mas não consegui. Seus olhos são de uma cor suave e indistinta entre marrom e verde. Os cílios são longos e livres de rímel. Sua pele é pálida e suave, e seu cabelo é castanho claro, reto, e puxado em um coque na parte de trás de sua cabeça.

Eu nunca á vi em toda a minha vida.

— Está sentindo alguma coisa, querida?—Sua mão aperta em torno da minha.
— Quem é você? —Perguntei retirando minha mão de dentro da sua.

Eu não estava entendendo aquele afeto todo se nós não nos conhecíamos.

— Como? —Ela enxuga as lágrimas dos cantos dos olhos. — Eu sou sua mãe!

Meu coração para. Meu mundo gira e eu agarro a estrutura ao redor da cama para evitar o colapso.

Que porra era aquela?

— Não é verdade. —Digo tentando puxar o ar para dentro de meus pulmões.

Minha respiração está completamente fora de controle agora. Eu estou tomando respirações como se tivesse acabado de terminar de correr uma maratona.

— Emilly, minha filha, você está me assustado. —Ela tenta tocar em rosto mas, ignorando a dor, desvio do toque.
— Meu nome não é Emilly.—Eu sugo o ar e a sensação de pânico começa a se construir. — Meu nome é...

Destinos CruzadosWhere stories live. Discover now