Capítulo 59-Sophia e Emilly. A alegria vem depois da tristeza.

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»SOPHIA«

Minha cabeça pesava, pendendo para a frente como a peça de um fantoche. Meus pulsos estavam amarrados para trás entre nós de cordas grossas. Meus ombros estão extremamente sensíveis, ao ponto de toda a agua fria que gotejava dos meus cabelos causarem dor.

— Você é uma cadela difícil de lidar.— Disse a voz fria e distante do homem chamado Russel.— Eu queria que você colaborasse, mas a sua resistência está ficando muito cansativa.

Senti uma onda súbita de arrepios varrer a minha pele e uma pontada em meu couro cabeludo quando mãos nada cuidadosas seguraram com força os meus cabelos.

— Quem sabe um pouco a mais de estímulo não ajude?
— Vá à merda, seu doente.

Não tive nem mesmo tempo de tomar um próximo gole de fôlego quando, mais uma vez a minha cabeça ia de encontro ao terrível tonel cheio de água com gelo. Fechei meus olhos, prendi a respiração e lutei arduamente para manter o controle.
Eu já havia contado vinte segundos e ele ainda me empurrava para debaixo d'água. Eu já não aguentava mais. Aquilo era insuportável. Meus pulmões queimavam, o meu corpo tremia. Abri a boca e aquele foi um movimento terrível, porque a água invadiu as minhas vias.  Quando Rafael puxou a minha cabeça para fora novamente, uma onda de tosse irrompeu de dentro de mim em uma tentativa involuntária do meu corpo de tentar expelir o liquido que atravessava os meus canais respiratórios.

— Você quer que isso pare, Sophia?

Riu debochadamente.

— Então me diga que vai assinar a droga do documento, querida.
— Vá à...merda— Gemi em meio a tosse.
— Você está me irritando, porra!
— E...eu não...assino.

Russel estapeou o meu rosto com força. Rolei e caí sobre o chão frio. Meu braço direito recebe todo o peso do meu corpo e quando eu tento me mover um grito de dor é arrancado da minha garganta apertada.

— Pare de brincadeira comigo ou vai doer muito mais!— Ele abaixa em um joelho, pairando sobre mim, rangendo os dentes cerrados.

Meu coração fica rígido, batendo em baques duros e sólidos que vibram por todo o meu corpo. Bate tão forte que eu posso ouvi-lo.

— Eu não estou brincando!

Ele faz uma careta, puxa a arma do quadril e pressiona o aço frio na
minha boca.

— Você vai assinar ou vou meter uma bala na sua maldita boca.

Um grito de mulher se destacou em meio aos outros gritos. Os homens estavam rugindo com alguém que acabou caindo também. Então Emilly estava no chão, a cabeça virada para mim. O terror iluminando seus olhos e lágrimas de desespero completo. Sem sequer piscar, eu sinto minhas próprias lágrimas rolarem para fora sem esforço. Elas ameaçam desabar de uma só vez, mas eu segurei o máximo que pude, fungando e cuspindo meu sangue no tapete. Meu corpo ardendo e tremendo pela dor da queda.

— Já chega!—Disse o homem que se auto intitula meu tio.

Ele anda pela sala por alguns segundos. Quando está bem na minha frente adrenalina libera através do meu sistema e eu tento parecer calma, mas minha respiração trêmula é a dica, estou com apavorada.

— Se você não quer colaborar, eu acho que devo tentar algo que a faça realmente se lembrar de quem é que está no comando aqui.
— Quem? —Sorri debochada— Você? Um psicopata doente.

Antes que eu terminasse a palavra, sua bota levantou e acertou duas vezes minha costela. Eu gritei um palavrão. A pressão latejou em minha cabeça enquanto eu fechava meus olhos o mais forte que podia. A dor me cortava, como pequenas facas sendo empurradas em minha cabeça e uma palpitação começara na base do meu crânio também.

Destinos CruzadosWhere stories live. Discover now