Capítulo 30 - Emilly e Nathan. Sobre as asas do tempo, a tristeza vai-se embora

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»EMILLY«

Acordei com o celular tocando ao meu lado na cama. Irritada, eu o tateei e apertei o botão para parar a chamada. Já ia mergulhar no sono de novo quando voltou a tocar. Senti uma vontade quase incontrolável de arremessar aquele aparelho longe e acabar com o barulho.

— Paciência...—Resmunguei, abrindo os olhos e me virando para pegá-lo.

Cheia de sono, vi escrito “Beatriz” no visor e na mesma hora despertei. Por um momento fiquei parada, olhando o aparelho. Uma dúvida cruel me atacou, junto com vários sentimentos. Mas não me decidi se atendia ou não. Já ia desligar o celular, quando a preocupação se juntou às outras emoções.

E se tivesse acontecido alguma coisa com ela ou Nina?

Preocupada, deslizei pela cama até esta sentada com as costas rescostada nos travesseiros. Levei o celular ao ouvido e aceitei a ligação.

— Bia?
— Te acordei? — Sua voz estava chorosa.
— Não. Está tudo bem?

Ela ficou tanto tempo calada que pensei que alguma coisa tinha acontecido.

— Bia? Está tudo bem?—Repeti a pergunta.
— Não sei—Sua voz veio acompanhada de soluços.
— Está sentindo alguma dor?—Tentei me manter calma.
— Não.
— Por qual motivo está chorando? ? —Perguntei, dando um suspiro de alívio que ela estava bem.
— Eu não sei. Só sei que quero chorar.

Hormônios da gravidez.

— Não consigo parar...Isso é tão frustrante—Continuou entre soluços
— Aguente só mais um pouquinho. Vou me vestir e chego já aí.
— Não, é muito cedo. — Ela fungou . — Me desculpe por ligar...tudo é tão confuso.
— Eu estou indo. — Falei antes de desligar.

Me levantando as pressas, tomei um banho rápido e coloquei a primeira roupa que encontrei. No caminho para casa de Bia, passei em um mercado e apanhei um pote de sorvete e algumas barras chocolate, apenas por garantia. Essa era a minha medicina alternativa para dias nebulosos, embora não fosse a mais saudável de todas. Quando cheguei na casa, encontrei Bia jogada no sofá, trajando uma blusa larga e uma calça no mesmo estilo. Tudo estaria absolutamente normal se ela não estivesse com lágrimas nos olhos.

— Sophia —Assim que me viu, ela ergueu-se um pouco no sofá e colocou para trás alguns fios de seu cabelo.
— O que houve, Bia?—Aproximei-me rapidamente, acocorando diante dela.—Conta pra mim, o que realmente aconteceu?
— Ah, Sophia!—Choramingou e alguns soluços fizeram seu corpo estremecer. —Eu sou tão feia.
— Feia? Mas... Bia, você não é feia!—Digo com convicção—De onde tirou essa ideia absurda?
— Olhe para elas.

Apontou para tv onde algumas mulheres mostravam seus corpos devidamente malhados.

— Olhe para você...—Ela parecia desesperada, falando tudo muito depressa.— Vocês são perfeitas.

Meus olhos se abriram ao máximo em uma careta.

— Eu já era feia, e com essa gravidez vou ficar horrível. Gorda, cheia de espinhas...e... e...e esse meus olhos, são horripilantes.
— Não fale besteira—Levantei e a puxei pelos braços. — Pelo amor de Deus, Bia. Você é linda.
— Não sou não. — Soluçou e fiz ela se sentar comigo no sofá maior, dando-lhe um forte abraço.
— É linda sim. E seus olhos são lindos. De um verde tão lindo que deixa qualquer um de queixo caído.— Eu digo e Bia chora ainda mais, como se aquilo que eu havia dito fosse um absurdo sem tamanho.
— Não precisa mentir, sei que pareço um lêmure com esses olhos grandes.— Ela torceu as mãos no colo.
— Seus olhos são lindos do jeitinho que são. —Mais lágrimas verteram de seus olhos, e eu tratei de enxugar uma a uma.
— Você está dizendo isso para eu me acalmar.— Ela ainda choramingava, mas tentava se controlar.

Destinos CruzadosWhere stories live. Discover now