Capítulo 18-Sophia- Um bom aventureiro nunca tem uma viagem perdida.

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Peguei um copo de chocolate quente na máquina do corredor e segui para sala onde a reunião seria. Eu ainda sentia minhas bochechas aquecidas de nervoso, e só um pouco de chocolate no sangue para me acalmar a raiva que eu estava do meu noivo cafajeste.

Ele era um prostituto, e eu o odiava.

Perdida em pensamentos, eu andava sem olhar exatamente por onde, e como se era de imaginar, bati direto em alguém. Não tive muito tempo para pensar ou reagir, o copo se foi em direção ao muro de terno na minha frente e eu juro que quis impedir, mas não pude. Ouço um palavrão escapando dos lábios dele e, para piorar meu constrangimento, olho para cima e vejo minha vítima. Ele era alto, forte e bem constituído. Não consegui ver seu rosto detalhadamente pois ele estava de cabeça baixa, mas imaginei que fosse lindo.

— Me desculpe, senhor — Me pronunciei tentando ser a mais  cortês possível.
— Não olha para onde anda não, menina? — Ele indagou impaciente, começando a desfazer o nó da gravata.
— Estava distraída — Tentei argumentar mas ele não parecia disposto a me ouvir.
— Por culpa da sua distração, manchei meu terno favorito.— Esbravejou
— Se quiser, eu posso mandar lavar —Eu estava fazendo o meu melhor para continuar a ser cortês.
—Sabe quanto custou esse terno?—Perguntou tirando o blazer — Acha que um sabão barato vai tirar essa mancha?

Mas que diabos?

— Então enfie essa merda de terno no rabo— Gritei enquanto me apressava em sair de perto dele— Talvez lá ele seja lavado conforme seu desejo.
— Wow!  Você sabe com quem está falando, menina atrevida?  —Ele me encarou com os olhos em fendas.

E você sabe com quem está falando?

Quis muito responder, mas não respondi. Continuei meu caminho até que achei a sala, e eu mal entrei e já senti a energia eletrizante do lugar. Em silêncio, caminhei em busca de uma cadeira desocupada, passando por algumas pessoas, retribuindo os sorrisos e acenos embora eu não reconheça a maioria.

— Visto que estamos todos aqui, podemos começar. —Pedro diz após alguns minutos.

E as próximas horas são gastas discutindo sobre iniciativa global e plano de imprensa. E apenas quando é anunciado uma votação sobre qual das opções de marketing  a empresa deveria optar, que eu compreendo a solicitação da minha presença.

— Certo. Isso é tudo que temos tempo para hoje.— Pedro empurra sua cadeira para fora, o que aparentemente é o sinal de que esta reunião acabou.

Todo mundo começa a empurrar suas cadeiras também, e quando me levantei para sair da sala, parei ao sentir um toque no meu ombro.

— Emilly Cooper.— O estranho do acidente com o chocolate me encarava sorrindo — Me sinto um idiota agora descobrindo quem você é.

Estiquei a sobrancelha para ele.

—Eu sou Samuel Leves à propósito. CIO da sua empresa.

Ele estende a mão para mim, e eu dou-lhe um aperto.

— Os papeis se invertem agora, não é mesmo?— Brinquei enquanto olhando atentamente para ele.

Ele era bonito. Realmente bonito. Cabelo castanho e liso, penteado para trás, barba por fazer e olhos cativantes.

— Te peço desculpas por minha atitude mais cedo. Mas em minha defesa, meu dia começou terrível. Eu não costumo ser tão brusco.

Meu sorriso é ácido.

— Brusco? Tente rude! E a propósito, outras pessoas têm dias ruins o tempo todo e não se transformam em monstros com humildade zero. É chamado de cortesia comum.

Seu olhar intenso se tornou culpado.

— Acho que eu mereço isso— Ele esfrega a parte de trás do seu pescoço com a mão.
— Sim, merece.

Eu me virei para ir embora mas sua mão me deteu.

— Você ainda está afastada do seu escritório?
— Sim — Respondi confusa com a pergunta repentina.— Por que?
— Eu estou com um problema, e gostaria muito que você avaliasse meu caso.— Ele diz e meu senso profissional entra em ação imediatamente.

Eu ainda me lembrava de como era advogar, embora não tenha certeza de que tudo que se passava na minha cabeça era real. Mas desde o acidente, a certeza da minha profissão tinha sido a única coisa que eu me sentia confiante.

— Tudo bem, me diga do que se trata?

Com um sorriso gentil, Samuel toma meu cotovelo e nós dois começamos a caminhar para fora da sala  juntos.

— Em frente a empresa tem um ótimo restaurante onde podemos discutir isso com privacidade, me acompanha ?

Eu sorri, abrindo minha boca para aceitar o convite, quando uma mão, que logo identifiquei ser de Junior, trancou meu pulso e me arrastou de volta para sala de conferência. Eu tropecei nos meus próprios pés.

— Qual diabos é o seu problema? — Eu rosnei alto e ele soltou um grunhido frustrado, mas adequado para os felinos em estado selvagem.

Quando ele abre a porta da sala e me empurra para dentro, eu finalmente puxo meu cotovelo longe, girando para confrontá-lo.

— Você está louco?
— Fique longe dele.— Sua voz era tão baixa e ameaçadora que senti no meu estômago.

Eu forcei um riso, realmente irritada por ele ter me levado até ali apenas para sua patética demonstração de homem das cavernas.

— Você está sendo um idiota muito machista e abusivo se acha que pode me dar ordens.

Eu tento ir para a porta mas a mão dele se estica e desliza ao redor da minha cintura, puxando-me contra ele. Minhas mãos imediatamente sobem e batem planas contra seu peito, tentando afastá-lo.

— Eu acho que terei que ser mais radical do que um chute no seu lixo.— Começo a chiar, e em seguida, abaixo a minha voz para que não sejamos ouvidos fora da sala — Já que você insiste em me tocar sem permissão, talvez devesse de verdade cortar suas bolas.
— Eu não estou no negócio de me repetir—Ele fervia, ignorando o minha ameaça— Eu não quero você perto dele.

Eu bufei.

— Você não pode me dizer o que posso ou não fazer. — Eu digo, atenta quando seus olhos embaçam, e seu rosto torna-se uma máscara de aço.

Foi quase assustador. Quase. Eu tinha certeza que ele estava tramando o próximo passo, porque se eu sabia de uma coisa sobre Junior, era que ele nunca perdia a oportunidade de jogar uma vez que você o colocasse no jogo.

Destinos CruzadosOù les histoires vivent. Découvrez maintenant