Capítulo 64-Sophia-Não sei se acabou, ou se na verdade nunca existiu.

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» SOPHIA«

Queimando

Rigidez.

Músculos doloridos.

Latejando.

Flashes passam por minha mente
como páginas de algum livro fodido de imagens de terror que eu estou estrelando. Meus olhos se abrem para evitá-los e fecham imediatamente quando a luz brilhante queima minhas retinas. Com meus olhos ainda fechados, eu tento fazer um balanço do meu arredor. Há algo no meu lábio, soprando ar frio pelo meu nariz. Movendo minha mão para tentar alcançá-lo e tocá-lo, paro quando percebo os fios aderidos em cima da minha mão, me restringindo. Ondas de calor sobem no meu corpo e minha pele formiga com a sensibilidade.

Deus, eu estou doendo por toda parte.

Eu movimento minhas pernas para tirar o cobertor quente, mas o tecido dele arranha meu corpo, e vacilo quando sinto a dor no meu ombro.

Merda, isso dói pra cacete.

Eu firmo minhas pálpebras para
manter meus olhos abertos, mais lentamente desta vez, e o quarto começa a entra em foco. Estou em um hospital. Da minha posição, eu posso ver um homem com um uniforme da polícia de pé do lado de fora da porta e uma enfermeira de aparência gentil sentada em uma cadeira no fim da minha cama escrevendo em uma prancheta.

— Emilly...—Eu gemi, e ela arrasta seus olhos da prancheta até os
meus.
— Ei, não tente se mexer.—Um sorriso sensibilizado levanta os cantos de sua boca. —Você tem lesões espalhadas por todo o corpo.

As memórias me inundam e não há como escapar delas, mesmo com os olhos abertos.

Um verdadeiro pesadelo.

— Emilly. -Eu chamo novamente.
— É sua irmã gêmea?—Pergunta ela, franzindo as sobrancelhas.
— Sim. —Eu confirmo.— Onde ela está?
— Ela está descansando no quarto no lado.

A enfermeira caminha até mim e me dá um sorriso reconfortante

— Vou avisar aos seus familiares que você acordou. Estão todos preocupados.

Ela confere a bolsa de soro uma última vez antes de sair do quarto. Fiquei ali, sem conseguir me mover o suficiente, encarando as cortinas fechadas do quarto silencioso, agradecendo mentalmente por pelo menos ter um relógio de parede.

Os ponteiros marcavam 14h15min.

Fechei os olhos na tentativa de organizar meus pensamentos e depois do que me pareceu bem próximo de uma década, a porta se abriu. O silêncio que se segue e a forma como meu corpo se descontrola, tremendo, me conta quem é que acaba de entrar.

— Como está se sentindo?— Sua voz, normalmente rouca e áspera é apenas um sussurro.
— Dolorida —Respondi finalmente abrindo os olhos e encontrando os seus, nublados. —Mas vou ficar bem.— Continuei e os músculos de seu pescoço, que estavam tensos, relaxaram um pouco.

Havia um pequeno pedaço de curativo sobre o nariz. O seu olho esquerdo estava inchado, com um hematoma roxo e imenso cobrindo boa parte do rosto. O lábio partido e o braço marcado por escoriações.

— E você? — Perguntei.

Eu estava dilacerada, ferida, machucada, física e mentalmente, mas eu queria que ele estivesse bem.

— Também ficarei bem—Respondeu e os seus olhos se detiveram nos meus por tempo demais.

Tempo que de repente pareceu correr em minha mente como um filme. Ele não diz mais nada. Fica lá, me olhando como se estivesse me vendo pela primeira vez. Uma emoção diferente, queimando em seus incríveis olhos.

Destinos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora