Capítulo70-Emilly-Não existem oportunidades únicas,a vida dá sempre outra chance

2.2K 242 16
                                    

Acordo sozinha e desorientada. A lua cheia está brilhando, iluminando o quarto. A cama está fria onde Nathan dormia há algumas horas, e a casa parece quieta. Levanto-me da cama e vou caminhando discretamente pelo corredor escuro, esperando descer e encontrá-lo na cozinha. Mas quando passo pelo quarto de Nina, ouço a voz de Nathan, falando ao sussurros. A luz fraca no abajur sobre a cômoda está ligada, projetando sombras pelo chão. Espreito e encontro ele sentado na cama de Nina, alisando seus cabelos.

Ele era o tipo de homem que nasceu para a paternidade. Realizava com mestria esse trabalho tão importante, como realizava todos os outros. Nathan era uma homem admirável. Havia aprendido a fazer das dificuldades degraus.

— E eles viveram felizes para sempre. — Ele concluiu de modo gentil e carinhoso, o que provavelmente seria um conto infantil.
— Tiveram bebezinhos, papai?-Nina questionou, as pálpebras quase se fechando.
— Sim. Muitos.— Nathan respondeu com um sorriso radiante.
— Eu gostaria muito de ter um irmãozinho ou irmãzinha!

Nina limpou os olhos com as costas da mão antes de se sentar na cama.

— É mesmo? —Nathan tocou a ponta de seu nariz— Então vou conversar com a Emilly e ver se ela também se anima com essa ideia.
— O nome da Sophia vai ser Emilly para sempre agora? Eu gostava de chamá-la de tia Souf. — Nina disse com um sorriso inocente nos lábios.

Era engraçado como ela havia recebido a questão da troca de vida. Houve muitas perguntas, mas ela pareceu entender.

— Sim, pequenina. A Sophia é a irmã gêmea de Emilly. E houve uma confusão e as duas trocaram de lugar. E é a Emilly que esteve conosco nos últimos meses. Inclusive no zoológico.
— Nathan falou em um tom suave, sondando como tudo iria se ajeitar na cabeça de Nina. —  Tudo certo para você?

Nina ficou calada, analisando a situação. Depois respirou fundo,
torcendo a boca em uma posição engraçada.

— Claro, papai.—Nina parecia estar bem com a situação. — É essa Emilly que ama a gente e é ela que amamos. — Explicou e eu sorri para mim mesma, inclinando a cabeça contra o batente da porta, ouvindo sem ser vista.
— Você é tão inteligente, minha pequenina. — Nathan disse. Um sorriso bobo brilhando em seus lábios.
— Eu sei, né papai.

Ela revirou os olhos ao mesmo tempo que levava o indicador à boca, mordiscando seu dedinho em um gesto ansioso.

— Quantos irmãozinhos vou ter? Terá que ter ao menos uma menininha. Não sei para quem vou dar as minhas
bonecas.
_ Vamos arrumar um jeito, querida. —Nathan beijou o topo da cabeça de Nina.— Agora está na hora de dormir.
— Conta outra historinha, papai? —Nina pediu com olhos penosos.
— Outra, Nina?—Nathan pensou por alguns segundos, mas diante dos olhinhos pidões da filha não teve como negar.— Tudo bem, vamos lá.
― Oba! Você é o melhor papai do mundo! — Ela soltou alegremente, abrindo os braços para abraçá-lo.

Por mais que eu quisesse muito, muito mesmo ficar ouvindo atrás da porta, um tremor em meu estômago me deu uma nova direção. Desci a escada, seguindo direto para a cozinha onde encontrei Bia sentada sobre o balcão saboreando um enorme sanduíche.

― Com fome? ―Ela pergunta.
― Faminta!— Digo soltando o ar dos pulmões com força.
— Bem-vinda ao clube. —Disse, dando a próxima mordida no lanche. Com certeza engordei uns dez quilos nos últimos dias.
— E seguirá ganhando. — Eu disse enquanto abria a geladeira.

Peguei uma torta de morango, coloquei-a sobre a bancada da pia e abri a embalagem.

— Você quer? —Perguntei ao ver os olhos pidões de Bia.
— Sim, com certeza.— Ela deixou seu sanduíche de lado. — Essa criança quer me transformar em uma baleia, só pode.
— É normal, Bia.

Destinos CruzadosHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin