Capítulo 8 - Emilly-Uma boa raiva produz um excelente discurso.

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Eu acordo com um susto. De todas as coisas para sonhar, eu estou sonhando com ele.

Nathan Brown.

Sentindo a culpa chutar profundamente dentro da boca do meu estômago, eu me levanto da cama e vago em direção à janela. A grama está brilhante e ligeiramente úmida por causa do frio da noite anterior. O sol já está em seu pico, aquecendo os campos verdejantes. E sem pensar muito, eu vou rapidamente para o banheiro, ligo o chuveiro e entro debaixo do jato gelado, me preparando para começar o dia. Alguns minutos depois, eu finalmente termino meu banho e sigo até a cozinha. Chegando lá, encontro Carmem na pia, cortando feijão verde.

— Bom dia, menina! —Ela me lança um olhar feliz sobre o ombro, e eu posso ver o sorriso no rosto dela.

Me sinto  feliz em vê-la feliz novamente.

— Bom dia, Cármen— Eu a beijo na bochecha antes de me acomodar na mesa.
— Onde está Rogério? —Eu peguei um dos pãezinhos com açúcar que estavam em um belo cesto.
— Ele está sendo atendido pelo Dr. José. A dor nas costa deu uma piorada.—Repondeu lavando os grãos. Uma ruga de preocupação se formando na sua testa.
— Vou vê-lo —Enfiei o pãozinho todo na boca e engoli sem mastigar o suficiente.

Me levantei e segui em direção a escada, mas antes que eu alcançasse o primeiro degrau, o doutor apareceu no topo.
— Como ele está?
— Vai ficar bem, mas precisar ficar em repouso. —Ele respondeu quando desceu o último degrau.— Vocês tem bolsa de água quente?

— Não sei, mas Cármen deve saber. —Segui novamente até a cozinha e o doutor me acompanhou. — Cármen, temos bolsa de água quente?
— Sim, temos. —Ela limpou as mãos em pano de prato.— Qual o tratamento, doutor?
— Utilizar bolsa de água quente por aproximadamente 20 minutos na região da dor, com uma almofada entre o abdômen e a superfície na qual está deitado. Se ele ainda sentir dor, podem me ligar, enquanto não chego, ele pode tomar banhos quentes, pois podem proporcionar alívio temporário da dor.
— Tá certo, doutor. Obrigado—Cármen apertou a mão do médico e o acompanhou até a porta. — O doutor disse que ele precisa repousar, mas Rogério é teimoso, teremos que ficar de olho nele. —Cármen disse quando retornou.
— Vou dar uma passada no quarto. —Eu segui até o quarto de Rogério. — Rogério? —Bato levemente na porta. Quando não obtive resposta, empurrei levemente e entrei no quarto.

Encontrei ele deitado em posição fetal na cama. Respirava compassado e tranquilo, apesar de tudo. Olhos fechados. Sereno e altivo, como só ele sabia ser. Aproximando da cama, beijei a mão dele e o deixei descansar.

Era estranho,meus nervos ainda se ressentiam, mas minha mente já estava se acostumado com minha nova vida.

— Ele está dormindo. —Entrei na cozinha mas parei em frente à soleira da porta ao avistar Bia e sua sobrinha.
— Sophia, você vai fazer algo hoje?  —Cármen perguntou.
— Não, por que?
— Bia está precisando de alguém para ficar com Nina.

Aquela era uma má ideia, e eu sabia muito bem disso. Mas eu não conseguia negar ajudar uma pessoa. Era algo maior que eu.

— Sem problemas, eu posso ficar com ela. 
— Você tem certeza? — Bia perguntou
— Claro, não será incômodo. Eu mesma não tenho nada para fazer o dia todo.
— Você tem mesmo certeza? —Ela insistia. Surpresa e desconfiança em seus olhos.
—Sim—Disse taxativamente—Sei que começamos do jeito errado, mas saiba que quero muito reverter isso. Sei que não preciso, mas realmente não quero que você tenha uma impressão errada a meu respeito. Já há gente demais no mundo com essa impressão de mim! —Brinquei e ela baixou os olhos para o chão, fugindo do meu olhar.

Destinos CruzadosWhere stories live. Discover now