Capítulo 57 -Sophia-A maldade do mundo reside na natureza humana .

2.2K 253 16
                                    

Há momentos na vida em que nos questionamos se aquilo que estamos vivenciando é, de fato, real. É uma sensação estranha, como se seus olhos enxergassem um mundo sem verossimilhança. Aí nos perguntamos se estamos inseridos em um mundo paralelo ou, até mesmo, imergidos em um sonho muito louco e totalmente sem sentido. Eu poderia dizer que aquele momento era um deles. Meus olhos verificam a figura muito parecida comigo enquanto os segundos vacilam entre nós.

Isso não é real.

Eu estou alucinante. Não é real.

— Você é real? — Questiona, suas palavras quase inaudíveis sob a respiração ofegante.

Eu também sentia minha respiração pesada enquanto meu corpo absorvia as sensações de vê-la pela primeira vez. Era como um terremoto, um furacão, um vulcão em erupção, tudo acontecendo ao mesmo tempo dentro de mim. Meus alicerces estão irremediavelmente abalados.
Um filme em preto e branco começou a passar em minha cabeça, tudo se desdobrando. Frases randômicas ecoavam como se estivesse à procura da teoria que se encaixasse com o susto que eu acabará de viver. Eu checava cada possibilidade em meio àquele jato de adrenalina. Em um segundo, toda a minha vida passou diante dos meus olhos.

Por vinte e três malditos anos, toda a minha vida havia sido uma mentira?

Toda a convicção de uma vida se desintegram em milhões de
pedaços. Eu nunca vou ser inteira novamente. Eu nunca vou perdoar o mundo por isso.
— Vamos lá. Gritem, chorem reajam. É a primeira vez dentro de anos que vocês estão se vendo —O homem loiro fez um sinal com a mão e um de seus capangas puxou a fita de minha boca.

Minha mente não é rápida para acompanhar toda a situação. Ela continua girando em torno de pensamentos, arrancando pedaços do meu coração. Eles rodam em um caleidoscópio. Tantos que é doloroso mantê-los dentro. Mas apesar de tudo que me acometia naquele momento, uma emoção indescritível me percorreu dos pés à cabeça e fez meu coração disparar muito forte.

Uma irmã. – Eu mal podia crer.

Uma carência esmagadora me consome, e eu finalmente deixo as lágrimas caírem, aquelas que tenho segurado por horas.

— Por quê?

Era tudo que eu poderia perguntar, a única coisa que eu precisava saber. Essa mesma pergunta tinha girado em minha cabeça pelos últimos minutos.

— Por que nunca nos conhecemos antes?

Eu não consigo acreditar
que isso está acontecendo. Meu coração parece uma bola de demolição dentro do meu peito, martelando.
— Vamos começar do começo. Há vinte e nove anos atrás.

O loiro suspirou, passando a mão no terno.

— Já ouviram o ditado “ Ser traído é uma das mais valiosas lições que a vida pode te ensinar”? Bem, isso me descreve muito bem em poucas palavras.

Ele me olhou, os olhos brilhando com fogo. Prendo a respiração enquanto o meu coração bate rapidamente contra meu peito, o som enchendo meus ouvidos.

— Quando eu e Sarah, mãe de vocês, éramos crianças, vivíamos uma vida de merda na cidade de Camden Town.

Ele encarou um ponto à sua frente, aparentemente perdido em alguma lembrança marcante.

Sarah– Agora eu entendia.

— Nossos pais eram dois drogados que não conseguiam sustentar os próprios filhos porque estavam preocupados demais em alimentar seus malditos vícios.— Ele balançou a cabeça negativamente— Eles não ligavam para nós, éramos apenas consequências dos muitos descuidos deles. Eles não nos amava, era apenas eu por Sarah e ela por mim. Havíamos prometido um para o outro que seria até o fim. Mas aquela vaca não sua promessa.

Destinos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora