Capítulo 74-Sophia -Vamos viver com calma porque quem corre tropeça.

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Mesmo tendo dormido menos do que gostaria, saltei da cama e corri para o banheiro antes que estivesse atrasada. Depois de banhada e vestida, desci até a cozinha já carregando minha bolsa e os documentos que eu havia trazido para casa. Assim como todas as manhãs, esperei encontrar Regina tomando um de seus chás, mas só havia um recado através da governanta, dizendo que Regina havia ido passar uns dias em Montes Claros e fazer uma surpresa à Emilly.

Ela não imaginava que ela quem seria surpreendida.

Depois de três torradas e um copo de café extraforte, decidi que estava pronta para enfrentar a tonelada de papeis que me esperavam no escritório. Com uma manhã agitada e uma agenda cheia, mal vi a hora passar, e só me dei conta de que era hora do almoço porque Samuel veio até minha sala me convidar para ir ao La Tambouille.

— Vamos.—Eu ainda estava sob o efeito de Junior, rindo à toa, enxergando tudo lindo e brilhante, e isso não passou despercebido por Samuel.
— Você está diferente — Disse após um instante, olhando-me atentamente— O que aconteceu? —Perguntou, encarando-me com uma sobrancelha arqueada, o que me fez sorrir.
— Digamos apenas que, cedo ou tarde, as pessoas reconhecem seus erros e resolvem se redimir. — Esclareci guardando uma pilha espessa de arquivos.
— Hum, e quais foram as desculpas que ele usou? —Perguntou, mais sério do que o normal, cruzando as mãos sobre o peito.

Eu não queria entrar em muitos detalhes. Por mais que conversar com ele me fizesse bem, eu tinha certeza que dessa vez ele não me entenderia, então acabei por dar de ombros e enrolar tanto quanto possível. Pouco depois, quando ele finalmente se deu por satisfeito, seguimos rumo ao restaurante. Nós fizemos uma refeição rápida, conversamos um pouco, e com sorte consegui me esquivar de assuntos como a possibilidade de eu assumir o escritório e ficar de vez em São Paulo. Pagamos a conta e depois caminhamos até a saída. Ele me deixou no escritório e seguiu com seu caminho. Passei pela recepção tentando ser rápida suficiente para poder continuar com minhas revisões quando a minha secretária saiu de trás da mesa e veio me acompanhando com passos apressados.

― Você esqueceu seu celular e Emilly ligou. Tomei liberdade em aceitar a ligação e dizer que você não estava.
Então ela disse que ligava mais tarde. Me desculpe se fui intrometida
― Não se preocupe, está tudo bem. Obrigada — Eu agradeci e continuei meu caminho.

Abri a porta da minha sala e não pude deixar de sorrir quando meu celular começou a tocar.
— Minha irmã, você tem um timing perfeito — Atendi, me afastando até a janela.
— Você está ocupada?
— Não, podemos conversar.
— É sobre a conversa de hoje. O que você tem para me dizer? — Ela perguntou e suspirei.

Como eu contaria que estava querendo voltar atrás em nosso acordo? Como diria que estava considerando morar em São Paulo?

— Eu não sei por onde começar
— Eu disse com um gemido.
— Do início? — Sugeriu Emilly. — É tão bom quanto qualquer outro para começar.
— Eu e Junior fizemos as pazes— Eu soltei.
— Oh, meu Deus. Até que fim.
— Eu sei. — Eu engoli o caroço que se formou na minha garganta. —  Ontem tivermos uma conversa divisora de águas. E decidi nos dá uma nova chance.
—  Vocês fizeram bem. Um bom diálogo pode evitar muitos conflitos.
— Sim. Ele me contou seu passado. É algo horrível. Uma dor que ele carrega que não tenho certeza se irá ser dissolvida no tempo.
— Dor de passado não vai embora, Souf. Só fica mais fácil de suportar ao longo do tempo.— Disse, refletindo também sobre sua própria dor.
— É tão frustrante saber que não posso simplesmente arrancar a dor dele — Eu exalei.
— Eu sei, mas você se sente melhor com o seu novo conhecimento?—Perguntou
— Sim e não. Doeu aprender sobre o passado de Junior, mas se eu não tivesse saído do escuro, eu não acho que estaria considerando uma séria decisão.
— Que decisão? —  Ela questionou.

Destinos CruzadosWhere stories live. Discover now