Capítulo 46-Sophia-Ah! Esse desejo ardente queima que nem pimenta.

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»SOPHIA«

No dia da audiência eu ainda estava com dor de cabeça em decorrência da reação alérgica, e todo o nervosismo não estava ajudando. Quando entrei na sala e cumprimentei o juiz, minhas pernas tremeram. Eu me encontrava a um passo de explodir de ansiedade. Quase não podia me conter, principalmente por saber o peso que aquela audiência traria. Não olhei para lado algum, caminhei diretamente para minha mesa. Antes que chegasse lá, um dos membros da Junta me chamou, para me avisar que as testemunhas tinham chegado e  aguardariam sua vez na sala ao lado, de modo que a audiência começaria em três minutos.

— Obrigada!

Sorri agradecida. Voltei a caminhar, quando senti uma mão em meu braço. Levantei o olhar e vi se tratar do advogado da avó. Era alto e forte. Cabelos e olhos castanhos, uma expressão intimidadora desenhada no rosto.

— Algum problema? —Perguntei
— Será a primeira vez em que irei enfrentar uma mulher.—Disse com a consternação refletida em seus olhos.
— E o que eu tenho haver com isso?—Perguntei levantando minha sobrancelha. — Só posso supôr que o senhor não tenha muita experiência.
— Eu não tenho experiência?

Soltou uma gargalhada.

— Eu sou o melhor do estado.
— Parabéns pelo renome.

Limitei-me a sorrir simplesmente porque não podia cuspir nele.

— Quer que eu mande uma medalha?— Debochei— Talvez ela combine com sua estatueta de imbecil.

Nessa hora ouvi  o pregão anunciando a abertura da audiência. O advogado me olhou irritado, e antes que falasse qualquer coisa, virei-me e caminhei até minha mesa.

— Doutores, senhores e senhoras
aqui presentes, damos início à audiência de instrução e julgamento ao caso de restituição de guarda, em que o autor, Samuel Henrique Leives fora casado com filha da ré, Maria Helena Pereira Moraes durante dois anos, sob o regime de comunhão universal de bens. Do enlace conjugal nasceu sua única filha Sarah Moraes Leives, o qual, hoje, tem a idade de cinco anos. Já não mais conciliando a relação conjugal em harmonia, divorciaram-se consensualmente e o processo fora sentenciado, decretando-se, assim, o divórcio, sem óbice do Ministério Público. Passado dois meses, uma grande tragédia se abateu sobre a vida da criança, tendo perdido sua mãe em um acidente automobilístico, convencionou-se, na ocasião, dentre outros aspectos, que a guarda da menor ficaria com a avó materna, Eliane Pereira Moraes, ora re, sendo permitidas ao pai, ora autor, visitas semanais aos sábados e domingos. Após aproximadamente dois anos da sentença, o autor passou a residir na cidade de São Paulo, na Capital. Isso ocorrera em virtude de oportunidade de trabalho que surgira, portanto, atualmente trabalhando na empresa Cooper que segue ramo de comércio de jóias.

O juiz me olhou antes de continuar  com seu relatório.

— Diante desse aspecto, ou seja, sua mudança para o Estado de São Paulo, o mesmo não tivera mais contato direto e físico com sua filha com maior frequência, entretanto diariamente comunicando-se com a mesma por telefone. E foi justamente em uma dessas conversas que começou a desconfiar da ocorrência de maus-tratos a sua filha. E, por tal motivo, foi requerida a guarda provisória da menor. A reclamação foi aceita. Em defesa, a ré entrou com um pedido de revogação de guarda provisória, alegando que tratavam de palavras advindas de um menor.  A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou o pedido. Decorrente disso, o autor entrou com o pedido de Restituição de guarda de urgência contra. Já foi realizada por ambas as partes as tentativas de acordo, frustradas. Passamos agora à oitiva de testemunhas. Que entre a primeira testemunha, Srta. Carol Ramos.

Destinos CruzadosWhere stories live. Discover now