Capítulo 78-Emilly e Nathan-A vingança é uma espécie de justiça selvagem.

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Eu tinha prendido minha respiração e Bia parecia ter feito o mesmo. Em meus ouvidos, eu podia ouvir o tic tac do relógio nos aproximando da explosão. E por mais incrível que possa parecer, eu queria que explodisse logo. Não aguentava mais aquele silêncio de Nathan.

— Pelo amor de Deus, Nathan. Diga alguma coisa. — Bia implorou, tão angustiada com o silêncio quanto eu.
— Você quer mesmo ouvir o que eu quero dizer? — Ele perguntou entre os dentes. Sua face estava vermelha, os pulsos fechados e as veias saltandas.— Porque se eu fosse você, agradeceria o meu silêncio.
— Ma-mas...

Bia deixou os braços caírem ao lado do corpo e a primeira lágrima rolou por sua bochecha. E não demorou muito para os tremores sacudirem seu corpo, acompanhados de soluços altos.
— Beatriz... — Nathan vacilou e a sua raiva pareceu dissipar um pouco.

Ele me olhou pedindo ajuda mas não esbocei reação. Continuei com minha expressão indiferente embora por dentro estivesse corroendo em vontade de consolar minha menina.

— P-por fa-favor, Na-Nathan, não ma-machuque e-ele. —Ela pediu gaguejando e com uma voz baixa e quase inaudível.
— Não me peça isso, porra! —Ele rugiu e o corpo dela foi sacudido por novos espasmos.—Emilly!

Ele olhou para mim novamente mas dessa vez não foi um pedido.
— Eu disse que não iria me intrometer e não vou. — Dei de ombros, me esforçando para manter a indiferença.

Ele soltou um palavrão e com passos pesados foi até a irmã. Ele ajudou ela a se sentar e enlaçou seus ombros com um braço forte, puxando seu corpo contra o calor do seu próprio.

— Ei, não chore... — Pediu com a voz suave.— Tudo bem, eu vou tentar não tocar naquele infeliz — Ele disse tão facilmente que desconfiei.
— Só deixe pra lá, Nathan— Ela levantou a cabeça para olhá-lo.
— Por que você não quer que eu o machuque?
— Porque me importo com ele! Porque o que houve foi consensual. E eu só quero que tudo fique bem. — Ela implorou.

Nathan murmurou palavrões antes de soltar um grande fôlego.

— Eu não vou matá-lo. —Ele disse.
— Obrigada. — Ela agradeceu.

Nathan deu tempo para que ela parasse de tremer, ainda que seus braços agora a enlaçassem completamente. Depois foi soltando-a devagar.

— Eu preciso ir trabalhar.— Ele disse e Bia sentou-se ereta imediatamente. O medo estampado em seus olhos úmidos.
— Não! Por favor, não vá. Você vai ver ele, vai ter raiva e vai machucá-lo.
— Eu posso me controlar— Ele tentou tranquilizá-la.
— Eu só quero que isso acabe... — Seus olhos encheram-se de lágrimas novamente.— Não precisa de violência, logo ele estará longe de nós. Não vai perturbar exigindo nada, nenhum direito. Então por favor, esqueça isso. Só te contei porque sei que não poderia esconder isso de você.— Enquanto ela dizia as lágrimas caiam sem rumo. — Eu estou confiando em você, Nathan. Por favor, não me decepcione.
— Eu não vou te decepcionar —Ele garantiu e deu um beijo suave na testa dela.

Em seguida de levantou. Passando por mim, ele me beijou brevemente nos lábios, mas antes que continuasse seu caminho, eu o segurei pela camisa.
— Você está mentindo — Acusei baixinho.
— O que?
— Você está mentindo. —Repeti lançando um olhar na direção de Bia para ter certeza de que não nos ouvia.

Para meu alívio, ela estava sentada no sofá, os cotovelos sobre os joelhos e as mãos cobrindo o rosto. Totalmente alheia a minha conversa com o seu irmão.

— Você está planejando machucar Lucas.
— Eu não vou matar aquele verme. — Ele cospiu as palavras.
— Você não vai nem tocar em um fio de cabelo, não vai falar com ele sobre esse assunto. Me jure isso?
— Eu não vou...oh, porra, Emilly!— Ele gemeu quando o acertei na costela.
— Eu quero que você jure.—Exigi.
— Você está falando sério? Não acredita em minha palavra?
— Eu confio cegamente em você, querido. Mas agora, não colocaria nem meu dedinho no fogo por você.

Destinos CruzadosWhere stories live. Discover now