Capítulo 82 - Sophia -Ele queimaria uma cidade para acender seu cigarro.

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Alguns dias depois...

Dei um passo para trás e olhei meu reflexo no espelho. O vestido me fazia parecer uma ninfa. Era confeccionado em musseline com entremeios de renda na saia de modelagem fluida. O corpete era um tomara-que-caia e tinha uma tela quase invisível toda bordada que partia do busto e cobria o colo. As costas ficavam nuas, e no final do decote havia uma fileira de pequenos botões forrados.

— Isso... é detalhado demais — Murmurei, alisando a saia do vestido.

Atrás de mim, Emilly e Mary
suspiravam encantadas.

—  Emmy, acho que esse modelo está extravagante demais para um vestido de madrinha.

Nossos olhos se cruzaram no espelho.

—  Eu gostei do resultado. —Ela deu de ombros.— Ficou perfeito.
— Sim, realmente ficou lindo, mas você tem certeza de que quer todas as oito madrinhas com esse vestido? Não vai parecer um casamento coletivo ou algo do tipo?
— Não tem como voltar atrás, Souf. O casamento é amanhã.
— Podemos comprar vestidos já feitos.
— Vai ser difícil encontrar um padrão que fique bem em todas.
— Não precisa ser padrão, você quer um casamento diferente não é mesmo?
— Sim, mas não é esse diferencial que eu quero. — Disse fazendo bico.
— Tudo bem, o casamento é seu mesmo. —Soltei todo o ar que havia prendido e voltei a mirar meu reflexo.

Depois de fazer os últimos ajustes, Emilly e eu seguimos direto para o salão de beleza onde encontrariamos as outras madrinhas. Não era bom deixar tudo para o dia do casamento e a ideia foi realmente dividir em partes, adiantar logo o que já podia ser feito. Sendo assim, fizemos uma sessão completa de depilação e também fizemos as unhas dos pés e das mãos. Foi um processo demorado porque Emilly quis todas decoradas, porém no fim ficaram belíssimas, com arranjos maravilhosos de flores nas cores branca, prata e champanhe. Realizamos também hidratações maravilhosas nos cabelos para que no dia seguinte só temos o trabalho de secar e modelar o penteado.

— Obrigada— Agradeci a moça que havia dado o grau em meu cabelo e fui me juntar a Bia que já havia terminado todos os tratamentos e esperava as outras meninas.

Enquanto caminhava, meus pensamentos voavam soltos, e em um desses, vi-me martelando o giro que minha vida havia dado. Eu havia amadurecido muito nos últimos meses, mas, por fora, eu continuava sendo aquela mesma garota do contra, com cara de princesa revoltada.

Eu precisava urgentemente mudar meu visual.

Como se Deus concordasse com tudo que eu havia pensado no último minuto, me vi parada diante de um papel que me chamou a atenção e eu o peguei nas mãos. Era um panfleto sobre uma ONG que tinha como finalidade coletar mechas de cabelos para a confecção de perucas para crianças e adolescentes com câncer. O salão era um ponto de coleta e depois de ler um pouco sobre aquele projeto incrível, eu decidi o que faria para inovar a aparência

— Tem algo em mente? —A cabeleireira perguntou eu neguei.
— Para dizer bem a verdade, resolvi que precisava de uma mudança há meio minuto. Eu quero doar meus cabelos para a ONG que o salão ajuda.
— Oh, que incrível. Isso é muito nobre de sua parte, são poucas pessoas que tem essa iniciativa. — Ela sorriu parecendo ter ganhado o presente que desejava das próprias mãos do papai noel— Vou pedir para Luke dar uma olhada em seu cabelo enquanto você pensa no corte, ok? —  Sugeriu.

Apesar de uma aparência jovem, a garota era esperta, e com algumas palavras já ganhou minha confiança. Atendendo ao seu pedido, segui até uma das cadeiras vagas diante do espelho e me acomodei. No instante seguinte, um homem surgiu atrás de mim, e eu supus que seria o tal Luke. Soltei meus cabelos e deixei que eles caíssem por minhas costas.
— Hum, cabelo para trabalhar é o que não falta —Brincou, enquanto deslizava seus dedos pelo comprimento.

Destinos CruzadosWhere stories live. Discover now