Capítulo 77 -Sophia-A amizade surge de uma empatia

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— Qualquer dias desses vão te achar soterrada sob uma pilha de
papéis, querida.

Levantei os olhos para a porta do meu escritório e encontrei os olhos azuis, espelho dos meus.

— Fazer o que se hoje em dia qualquer coisa acaba em processo.—Dei de ombros.

Sorrindo, Bejamim caminhou até mim e apertou seus lábios no topo da minha cabeça.
— Realmente, mas aqui você é a chefe. Pode muito bem passar alguns casos para os outros advogados.
— Claro que posso, mas não passei cinco anos da minha vida e mais dois de especialização para ser uma profissional preguiçosa.— Digo passando o olhos pela minha sala. Ao meu redor, a típica montanha de processos descansava.

Um eterno lembrete de que eu sempre tinha trabalho a fazer.

— Pelo amor de Deus Sophia, você não pode ser essa workaholic o tempo todo!
— Eu não sou. Apenas gosto de manter meus prazos em dia. —Respondi sorrindo, e baixei os olhos de volta para os meus documentos.—Assim os papéis nunca irão se acumular o suficiente para me soterrar.

Ouço ele suspirar alto, e o silêncio enche a sala, mas logo é quebrado quando o meu estômago dá um estrondo extremamente alto e embaraçosamente longo de fome. Pareceu que dois tiranossauros rex estavam em um concurso de artes marciais mistas dentro da minha barriga.

— Quando foi a última vez que você comeu?— Benjamin me encarou com seus olhos inquisitivos.
— Ontem, eu acho— Dou de ombros, porque eu acho que essa foi a última vez que eu tinha comido realmente.

Afundando o meu cérebro, eu não conseguia me lembrar de colocar alguma coisa no meu estômago além de café, o que era provavelmente o porquê eu sentia o ácido queimando agora.

— Vamos corrigir isso. — Benjamin pega em minha mão e me puxa em direção a porta.
— Benjamim!!!— Eu protesto — Eu ainda tenho trabalho a fazer.
— Só são dez horas da manhã, você ainda tem o dia todo. — Ele fecha a porta da sala.

Bufando, eu coloco minha cabeça no peito dele e deixo que ele me guie até seu carro.

— Você sabe que eu não sou mais uma criança, não sabe?— Eu resmungo quando ele passa o cinto por meu corpo.
— Sei sim, embora as vezes voce pareça uma— Ele brinca, seus olhos azuis brilhando.
— Bobo! —Encosto a cabeça no banco e fecho meus olhos.

Nós dirigimos em silêncio por um tempo antes de Benjamim finalmente ligar o rádio. Um som clássico sai através dos autofalantes e seus polegares tocam junto com a batida no volante.

Não consigo me conter e lhe encaro.
— Gosta de Beethoven?—Pergunto e ele abre um sorriso ínfimo ao notar que eu conheço o estilo musical.
— Sim, e você?
— Simplesmente amo o maior gênio da música clássica. Suas sinfonias sempre me ajuda na concentração e relaxamento.
— Maior gênio da música clássica? —Ele disse divertido. —Depois de Mozart, certo? O cara era sensacional. Compunha sinfonias em questão de minutos.

Revirei os olhos e sorri.

— Bem, de fato ele tinha à capacidade de escrever música em profusão quase infinita, com uma assombrosa rapidez enquanto Beethoven demorava-se sobre suas partituras. Contudo, discutir Mozart e Beethoven é quase como discutir Beatles e Rolling Stones. Quem gosta de um não aceita, ou não gosta de admitir, a genialidade do outro.— Argumentei e ouvi sua risada baixa retumbar em meus ouvidos.
— Você tem razão. —Ele concordou manobrando o carro para ocupar uma das vagas em frente a lanchonete.

Desci do carro e ajeitei os meus óculos de sol no rosto. Era um daqueles dias super quente, onde até a sua sombra transpira. O sol brilhava e queimava lá no alto e o vento estava adormecido. Eu podia sentir a quentura insuportável vindo do chão, e um pouco mais a frente eu tinha a sensação que a pista estava molhada, mas na verdade era apenas os raios de luz do sol aquecemdo a camada de ar que está logo acima do asfalto.

Destinos CruzadosWhere stories live. Discover now