Capítulo 84Sophia-Ver aquilo que temos diante do nariz requer uma luta constante

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Respire fundo.

Expire.

Respire fundo.

Expire.

Não tem chance de ser o que você está pensando.

Você não seria tão burra a ponto de não notar caso tivessem planejado algo nas suas costas.

É apenas o casamento da sua irmã.

Você entrar com seu pai é absolutamente normal já que seu par precisou resolver um problema.

Sua irmã só vai entrar ao mesmo tempo que você porque ela é louca e quer brincar um pouco com a mente dos convidados.

Apenas isso, não tem caralho nenhum fora do lugar.

— Pronta, querida?—Meu pai tinha um sorriso radiante.

Engoli em seco, balançando a cabeça e confessei: — Não. Estou com medo do que vou encontrar no outro lado dessa porta, ao final do corredor.
— Bem, talvez haja um terremoto, ou talvez haja um tsunami. Mas tenho certeza que você saberá lidar com isso. —Brincou e ouvi meu coração gritar por socorro.

Busquei o olhar de Emilly e ela tentou me acalmar com seu sorriso trêmulo.

— Vai dar tudo certo. —Sussurrou.
— Eu que deveria dizer isso, não?— Tentei sorri mas o máximo que consegui foi um leve erguer de lábios.

Ela deu de ombros e esticou a mão, agarrando a minha em um aperto firme. De certa forma, aquilo funcionou e eu me senti menos tensa.

— Ah como é bom ver minhas garotas assim! — Benjamim disse se colocando entre nós e enfiando nosso braço na curva do dele.— Eu definitivamente sou um homem de sorte em levá-las até o altar.
— O-o que? —Meus pulmões se contraem, e estou de repente desesperada por ar.
— Tudo bem, querida. Só respire.— Meu pai, Rogério, deixou um beijo em minha testa.
— Eu não lembro como se faz isso. —Rangendo os dentes, respiro fundo pelo nariz, dentro e fora, dentro e fora, até que as bordas brilhantes recuem a inconsciência de minha visão e meu batimento cardíaco diminui.
— Finja que você é uma pena.— Ele disse enquanto se colocava ao meu lado direto e encaixava meu braço livre no seu.
— Mais leve que o ar.— Minha mãe completou e encaixou o braço no do meu pai.

Agora, estávamos os sete ligados, formamdo uma espécie de corrente.  Meus pais do meu lado direito, Benjamin ao meio, e Regina e Pedro ao lado esquerdo de Emilly.

—Prontas?— A organizadora perguntou.

Emilly confirmou e eu fiz o mesmo enquanto o meu coração batia tão forte que eu estava chocada que não quebrou nenhuma costela. Eu tentava não compreender o que estava bem na minha frente. Fazia um esforço do caralho para buscar uma saída para aquela bagunça que minha mente havia criado.

Será verdade aquilo que eu tentava negar?

Ouvi quando os músicos começaram a tocar e a porta foi aberta fazendo gelo líquido escorrer pela minha espinha. E mesmo prestes a ter um ataque cardíaco, acompanhei os outros e dei um passo para frente. Alfinetes e agulhas picam meus dedos das mãos e pés, gelo correndo de cima para baixo por minhas extremidades enquanto meu peito fica mais apertado. Fechei meus olhos e tentei organizar a minha bagunça interior. E quando consegui, meu coração apertou tanto que parecia que tinha parado de bater, e depois decolou em uma pesada corrida, galopando. Tudo sempre esteve tão claro que eu estava decepcionada comigo mesmo por não ter desconfiado nem por um minuto.

Eu estava prestes a me casar. Com Junior. Com o homem que tinha me deixado fodida de raiva por amá-lo.

Com várias emoções explodindo dentro de mim, abri meus olhos e encontrei os seus. Por vários segundos, não conseguia andar. Eu mal podia respirar. A única coisa que podia fazer era olhar para Júnior de pé no final do corredor, esperando por mim. Ele usava um smoking perfeitamente adaptado, e um sorriso perfeitamente devastador. E quando finalmente cheguei ao altar, ainda com dificuldades para respirar, Junior terminou de roubar meu ar ao se colocar sobre um joelho e pronunciar o pedido que fez meu pulso disparar e minhas mãos ficarem úmidas.

— Pula desse penhasco comigo?

De repente, senti que meu vestido apertava muito e precisei tomar
fôlego engolindo respirações, olhando para o homem que me olhava com fascinação, como se estivesse assistindo a uma tempestade de raios em câmera lenta. Era como se eu pudesse sentir cada emoção que já tinha experimentado com ele e de uma só vez. O ódio, luxúria, medo, tristeza, necessidade, fome, amor.

Amor, amor, ofuscante amor.

Puxei outra lufada de ar, sentindo como se estivesse sendo estrangulada com nostalgia, ansiedade e, acima de tudo, a necessidade de me jogar naqueles braços maravilhosos. E foi o que eu fiz. Tão bruscamente que ele quase perdeu o equilíbrio.

— Isso é um sim?

Antes que caíssemos sentados no gramado, Junior se levantou, amparando-me.
— O sim mais certo da minha vida. —Balancei a cabeça freneticamente, dando-lhe o sorriso mais calmo que poderia encontrar.

Tenho certeza que eu parecia uma lunática. Câmeras estavam clicando em torno de nós, e os convidados gritando sua aprovação. Mas não me importava com os outros ao meu redor. Só conseguia olhar para o homem com o qual eu havia sonhado a vida toda sem nem saber.

Meu príncipe encantado.

— Eu te amo. — Ele deslizou uma mão calmamente ao longo da parte de trás do meu pescoço.

Olhei para ele, piscando rapidamente e devolvi o sorriso.
— Eu também te amo.—Sussurrei de volta, sentindo como se meu coração estivesse sendo pendurado em uma pipa e enviado na direção do vento.

Ele sorriu mais ainda, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, mas o gesto doce foi interrompido por um pingarro e nos voltamos juntos para enfrentar o celebrante que apareceu completamente confuso.

— Podemos iniciar a cerimônia?—Seus olhos nadaram com a confusão, e mordi o lábio para não rir em voz alta.

Junior deslizou seus olhos divertidos para mim e, em seguida, voltou para o homem diante de nós.
— Sim.

Entreguei o meu buquê para Emma e me virei para Júnior que segurou minhas mãos. E quando estava lá com ele, queria saborear cada segundo. O celebrante leu através de suas leituras de abertura sobre o amor e o casamento. Absorvi cada palavra, de alguma forma, enquanto ainda estava completamente perdida na intensidade da expressão de Junior.

— E, agora, contemplaremos a entrada das alianças — O celebrante disse de repente.

E, então, a música De Janeiro a Janeiro começou a tocar e um casal de crianças surgiram na porta. Os dois estavam de braços entrelaçados, e o noivinho trazia na mão livre uma caixinha de veludo, onde descansavam as alianças de Emilly e Nathan. Quando alcançaram o altar, o reverendo pegou as alianças e juntou com minha e a de Junior. Ele teceu algumas palavras sobre o significado e em seguida, fez uma oração para abençoá-las.

— Querido Pai Celestial, agradecemos por você ter sido aquele que estabeleceu a união matrimonial, onde um homem e uma mulher podem se unir em sagrado matrimônio, tornar-se um. Oramos pelo casamento desses casais, Emilly e Nathan, Júnior e Sophia, para que, entregando um ao outro estas alianças em sinal de fidelidade, recordem o seu compromisso de amor. Em nome do Senhor Jesus Cristo estas alianças estão ungidas, abençoadas e consagradas diante do Altar do Senhor. Amém!

E anunciando o momento dos votos, ele orou mais uma vez: — Pai amoroso, que alegria quando dois de seus filhos se unem em sagrado matrimônio e fazem seus votos um ao outro diante de seu trono de graça. Hoje, Emilly e Nathan, Sophia e Junior proclamam seu amor e rogo que abençoe este casamento e abençoe seu futuro juntos. Amém.— Encerrou, fazendo um breve assentimento para que Nathan começasse.

Destinos CruzadosWhere stories live. Discover now