Capítulo 15-Nathan-O ciúme é o pior dos monstros criados pela imaginação.

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— Você pode se sentar, Sophia —Eu digo, e sei que minha voz está saindo fria para caramba, mas eu não posso evitar.

Eu ainda estou puto que ela tenha voltado sua amizade com o Rodriguez.

— Obrigada. —Ela pega seu lugar e descansa seus antebraços na mesa, sentando ereta na sua cadeira.
— Sophia, esse é o meu sócio, Carlos Duarte— Apresento apontando para o homem sentado do outro lado da minha mesa.

Carlos era muito mais que meu vice, havíamos divido coisas demais nesses vinte anos de amizade. Haviam sido noites e dias de conquistas e decepções, todas partilhadas com ele.

Éramos muito mais que amigos, éramos como irmãos.

— Fico feliz em te ver bem Sophia —Ele diz amavelmente.
— Obrigada.—Ela sorriu para ele e depois seu olhar retorna para mim.
— Bem, vamos direto ao assunto.— Minha voz é quase tão plana como uma panqueca. — O advogado da empresa está de licença, e gostaria que você me ajudasse com um  problema.
— Estou ouvindo. — Ela se disse, os olhos nunca deixando os meus.
— Trata-se de uma rescisão de contrato. Estávamos finalizando a compra de um imóvel, mas o vendedor desistiu.— Carlos explicou. — E já investimos muito no lugar. Não queremos perder.
— Compreendo —Ela piscou algumas vezes antes de se ajeitar na cadeira — Vocês podem me mostrar o contrato?
— Aqui estão. — Eu pego as duas pastas  preparadas anteriormente pelo departamento de recursos humanos e as manejo pela mesa.

Ela pega os documentos e Carlos e eu ficamos em silêncio, atento nela que estava com os olhos focados nos papéis, sua expressão impossível de ser decifrada. Vez ou outra ajeitava os cabelos atrás das orelhas.

— Ele pode desistir?— Perguntei assim que ela deixou os documentos sobre a mesa.
— Não existe tempo previsto para a desistência expresso no contrato, então ele pode sim.—Ela disse e senti a resposta latejar bem no centro de minha cabeça.
— Quer dizer que perdemos todo os investimentos ? —Carlos começou a andar de um lado para o outro.
— Não, a lei garante a devolução de 70% a 80% do valor pago, que no caso de vocês é o total investido.
— Ao menos isso.

Pude sentir o alívio correr por meu corpo embora a cabeça ainda me castigasse.

— Vocês já tentaram negociar com ele?— Ela perguntou.
— A qualquer momento ele estará aqui  para tentar um acordo.— Carlos olha para baixo, para o seu relógio.
— E vocês estão dispostos a entrar em algum?
— De forma alguma. O que nos interessa é apenas o imóvel. Se ele não quer nos dar isso, o negócio tá rompido.
— Hmm — Sophia mastigou seu lábio inferior, considerando minha resposta.—  Eu acho que se souber conversar, ele vai ver que para o seu próprio bem, é obrigado a prosseguir com o negócio. Porque não é nada bom para ele romper. As consequências financeiras serão devastadora.
— Você certamente iria conseguir fazê-lo mudar de ideia. — Eu constatei. — Me diga Sophia, se não for abusar muito, você pode participar da reunião com os sócios hoje?

Sua cabeça se levanta e ela olha para mim avidamente.

— Sério? Eu quero dizer, vocês nem sabe que tipo de advogada eu sou.
— É verdade.— Eu concordo com a sua avaliação porque eu sei pouquíssima coisa sobre ela. — Mas eu confio em você, sei que sabe lidar com situações difíceis.

Ela me atira um grande sorriso, seus olhos se iluminando, e santo inferno, a expressão dela puxa as cordas do meu coração, e eu juro, isso não tem nada a ver com o fato que 90% do tempo, apenas de estar perto dela tem sugando meu ar.

— Obrigada, Nathan...eu prometo dar o meu melhor.

Nesse momento Karol informa que a sala conferência está pronta e o vendedor e seu advogado já está lá. Com Sophia ao meu lado eu sigo para fora da minha sala e Carlos vai para sua. E assim que passamos pela recepção, esbarramos com Lucas.

— Até que fim—Ele exclama, pura alegria irradiando de seus olhos.

Lucas passa por mim, intencionalmente batendo no meu ombro, eu tenho certeza, e vai até ela. Minha pressão sanguínea sobe quando eu a vejo sorrindo para ele calorosamente, o mesmo prazer que mostra em seus olhos. Eles parecem duas pessoas que têm a porra de uma queda um pelo outro ou algo assim.

— Vamos? — Ele chama e o sorriso dela diminui um pouco.
— Eu vou a uma reunião com Nathan.
— Oh, não tem problema. Eu espero por você. Nada mais justo eu te levar em casa já que eu te tirei de lá.

Filho da puta, filho da puta!

Vou fodidamente socá-lo na sujeira.

— Não, Rodriguez, ela não precisa que você a espere. — Eu digo, atraindo a atenção de ambos. — Caso você tenha esquecido, ela tem um noivo, e ele é capaz de cuidar dela.

Quando eu chego a eles, eu tomo a  cintura de Sophia em um aperto firme.

— Agora se você nos der licença, precisamos ir.

Sem esperar por uma resposta dele ou o consentimento de Sophia, eu a puxo através do corredor até o elevador. Eu não sou tão gentil com o meu aperto, a raiva retornando em mim como um furacão. E quando as portas se fecham, ela sai do meu aperto, girando para mim com irritação.

— Qual é o seu problema? Puxando-me para longe de Lucas e me empurrando para o elevador como se você fosse meu dono?
— Que porra você e Lucas tem que ele fica te cercando a todo momento?

Sophia respira fundo e solta o ar lentamente. Eu quase posso visualizá-la fazendo a contagem regressiva de dez para se acalmar.

— Nós somos amigos, Nathan. Amigos. E você ouviu o que Lucas disse mais cedo. Ele está me ajudando com a perda de memória.
— Você acredita mesmo nessa merda ?— Eu zombo dela violentamente. — Aquele canalha está se aproveitando do seu acidente para tentar te reconquistar.
— Você está completamente equivocado.
— Ah, eu estou ou você que não quer assumir o óbvio porque ainda gosta daquele maldito?
— O que você está querendo insinuar?— Ela pergunta em voz baixa.
— Por enquanto, nada. Mas espero que você preste muita atenção no que está fazendo. 

Eu não consigo aguentar. Estou em modo idiota completo. Eu sei que é uma porra de merda o que estou prestes a dizer, mas outra vez…ainda estou puto que ela parece gostar do Lucas maldito Rodriguez.

— Porque se você me trair, eu não vou pensar duas vezes antes de acabar o acordo com seu pai.

Silêncio.

Sophia entreabriu os lábios e depois os apertou juntos, sem palavras. Eu queria que ela se calasse, e ela realmente se calou, mas no momento em que seus olhos me encararam com frieza e seu lábio inferior tremeu, eu percebi que havia sido duro demais.

— Eu subestimei você Nathan, não sabia que era tão baixo— Ela diz parecendo enjoada.

O rosto de Sophia está vermelho, e ela não espera por uma resposta minha, aproveita que as portas do elevador se abriram para dar passos para longe de mim sem olhar para trás.

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