Capítulo 13 -Sophia- Você sabe o que quer, mas foge do que precisa.

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Observo os corpinhos inertes das crianças na cama e puxo o edredom grosso sobre eles que não movem um músculo. Seus cílios nem vibram quando eu deixo um beijo na testa deles. Os rostos estão relaxados, o lábio inferior lateja e os cantos da boca naturalmente se transformam em uma sugestão de sorriso.

Essa são duas criancinhas absolutamente cansadas.

Para minha completa surpresa, a tarde acabou sendo bem divertida. Claro, eu odiei ter que assistir Frozem umas quatrocentas vezes, porque infelizmente as crianças não enjoavam daquela porra. Mas esse foi um pequeno sacrifício para essas
duas pessoas pequenas.

Sim, faria quantas vezes necessário para ver o sorriso naquelas bocas e o brilho nos mares azuis.

Suspirei com força e saí do quarto. Fechei a porta suavemente e estava prestes a descer as escadas, quando uma porta me chamou atenção. Me encontro virando sem solicitar a minha razão e ando em direção a porta que parece ser do quarto principal. Abri as portas duplas do final do corredor e deparei-me com um luxuoso quarto. As luzes acendem assim que entro e fico maravilhada com tudo que vejo. Além de amplo, a decoração do quarto é moderna e impecável.

Tudo ali gritava “Junior”.

Impressionada, caminho pelo lugar, assimilando cada detalhe. A parede de vidro dá acesso a uma ampla varanda, de onde é possível ver toda beleza do cenário lá fora. Em frente à cama há uma parede pintada de preto com uma grande televisão ao centro e pequenos nichos decorados com livros, fotos e objetos. Mais à frente há um sofá de três lugares e duas poltronas, que ficam em frente à janela. A cama é
grande, e está encostada em uma parede de vidro escuro que tem duas saídas laterais, uma de cada lado, que dão acesso a um banheiro magnífico.

— Uau.

Sem pensar muito sobre as consequências, eu caminho até a cama e me jogo sobre ela, deixando  escapar um suspiro satisfeito ao sentir o quão confortável ela é. Me aconcheguei nos lençóis brancos dela e fechei os olhos quando o tecido tocou minha pele, macios como pétalas de flores.
Júnior está no andar inferior, e pode me pegar no flaga bisbilhotando seu quarto, mas não posso impedir de fechar meus olhos. Não sei por quanto tempo eles ficam fechados. Segundos podem ter se
passado. Suspeito de que foram pelo menos minutos. Certamente, tempo suficiente para que a voz que acaba de me acordar me assuste tanto que eu quase caio da cama.

—Mas que porra! —Resmunguei, abrindo os olhos e me deparando com aquelas esferas verdes a me encarar que quase me deixaram em coma.

Pelo amor de Deus, é pecado o primeiro pensamento ao acordar ser voltados à atos impuros, senhor?

Perdi-me no olhar de Junior por alguns segundos, esquecendo qualquer coisa que estivesse a minha volta. Entreguei meu olhar ao dele, e ele fez o mesmo. Conectados, em silêncio, tentando entender a alma um do outro. Nunca fiz o tipo romântica incorrigível, sempre fui mais prática do que sonhadora, mas aquele homem tinha um poder estranho sobre mim. Meu estômago dançava, a baba escorria pelos cantos da minha boca, e achei que a tarde estava quente demais para o meu gosto.

Devia fazer tipo uns ... oitocentos graus Celsius!

— O que você olha tanto, Emilly?

Seus olhos em um tom mais escuro e suas sobrancelhas grossas incitaram meu desejo mais profundo.

— Gosta do que vê? —Ele levantou uma sobrancelha para mim, percebendo meu deleite.

Foi quando percebi que estava em silêncio há muito tempo. Boca meio aberta e cara de peixe fisgado pelo anzol.

— Você esta delirante e é repugnante. — Eu olhei para ele, fingindo que o calor não havia se espalhado pela minha pele no
minuto em que ele me tocou.
— Eu estou? — Ele aproximou o rosto do meu, não parecendo convencido. — Você não tem pensando em como eu sou na  cama? Pensando no jeito que eu poderia tocar você?
— Não daria a você um segundo pensamento. — Zombei e para minha surpresa, Junior pareceu divertir-se.

Um som discreto de risada deixou sua boca levemente curvada.

— Sua linda boca diz não, mas seus olhos e seu corpo me contam outra história, querida. —Sussurrou próximo ao meu ouvido e engoli a saliva que se formou em minha boca toda de uma vez.— Eu posso sentir o cheiro inebriante de sua excitação se espalhando entre suas pernas. Posso sentir seu corpo implorando por mim. Louco para saber que tipo de homem eu sou na cama.

Sua voz era calma e controlada, com uma pontinha de diversão.

— Louco para ter minha boca em cada parte sua —Continuou, a boca deslizando em meu pescoço, arrepiando-me a pele e aniquilando-me a sanidade— Querendo descobrir tudo o que ela pode lhe fazer sentir.

Sua proximidade me causava vertigem, a boca tão próxima da minha pele que eu podia sentir o calor de sua respiração.

— Estou errado, Emilly?—Junior deslizou a língua até o osso da minha clavícula, traçando o contorno, sua mão em meu rosto.

Não, não estava. Eu o queria! Queria mais que qualquer coisa e tinha raiva de mim por isso.

— Você me quer? — Questionou e eu só consegui assentir como uma imbecil anestesiada.

Idiota! Idiota! Idiota!

Era uma provocação extremamente direta e, em outra circunstância, eu provavelmente a teria devolvido com alguma “gracinha”, mas não com ele. Tinha algo naquele olhar, naquele homem, que me inquietava, tirava do prumo. Ele era um demônio, uma encarnação do mal em um terno de grife, que poderia destruir meus hormônios com um único sorriso sexy.

— Eu sinto muito, baby  mas terá que se contentar em andar por aí me olhando com seus olhos suplicantes.

Ele pegou minha mão e levou até o rosto, cheirando-a e depois beijando suavemente a parte interna.

— Você me parece ser deliciosa. Mas não faz meu tipo. — Zombou e senti meu coração acelerar tanto que pensei que desmaiaria.

Maldito arrogante dos infernos!

Respirei fundo e usei toda a capacidade física e mental que me restava para recobrar o controle dos meus atos.

— Seu tipo. — Desdenhei —Estúpida, ingênua e disponível, o que felizmente eu não sou em nenhum caso. Desculpe desaponta-lo.

Apertei os olhos em um sorriso falso, a raiva surgindo quente em minhas veias.

— Mas não é o fim do mundo não é mesmo? Embora meu corpo esteja curioso sobre você. Sem dúvidas alguma que você me faria gritar algumas vezes. Eu posso te garantir, você não é o único homem que pode realizar esta façanha. Eu certamente não corro o risco de andar por aí toda... do que você chamou? Olhos suplicantes? Eu nem tenho certeza de que porra é essa.

Minha respiração está saindo bruscamente, e ele está olhando para mim com um sorriso sexy no rosto e profunda curiosidade em seus olhos.

— Se eu desejasse te foder, se esse pensamento já tivesse sido sujo o
suficiente para passar na minha cabeça, eu não te faria apenas gritar, baby— Ele abaixou a cabeça, provocando a minha boca com sua respiração quente. — Você não seria capaz de andar por dias depois que eu terminasse com você.

Oh.

Meu.

Deus.

Eu ia matá-lo por culpa de sua arrogância.

Eu sabia disso ali mesmo.

Talvez não hoje e talvez nem amanhã, mas ia acontecer.

Destinos CruzadosWhere stories live. Discover now