• mestre •

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Dias atuais.

S/N:

    Hoje completei a minha primeira semana de treinamento com Tobirama. Não gosto do jeito que ele ensina e nem da personalidade dele. Ele não ri das minhas piadas, não é flexível e não faz pausas para lanchar. Sem graça.

    Ao fim do treino, sentamo-nos lado à lado para descansar e beber água antes de retornarmos para konoha. Tobirama encara o lago à nossa frente enquanto bebe a sua água tranquilamente.

Que bom que amanhã é domingo! -comemoro enquanto retiro as bandagens dos meus tornozelos.

— E daí? -ele me olha com o canto dos olhos.

— Folguinha? -arqueio as sobrancelhas.

— Quem te disse? -ele também ergue uma das suas sobrancelhas.

— Vamos treinar no domingo? -amoleço meus braços, cansando só de ouvir ele dizer aquilo.

— Óbvio. -deu de ombros e voltou a encarar o lago. — Já se passou uma semana e você só aprendeu o controle básico de chakra. É um progresso satisfatório e rápido, mas ainda é muito pouco.

— Descansando vou aprender melhor. -insisto.

— Treinando vai ser melhor ainda. -ele finaliza, terminando de beber a sua água e se colocando de pé.

— Tob...

— Vamos. -me interrompe.

— Você é chato, não me deixa falar! -reclamo, espraguejando.

— E você é muito preguiçosa. -rebate, andando lentamente na direção de konoha.

    Visto minhas sandálias novamente e corro para alcancá-lo, mesmo brava. Pensei que conseguiria dormir até tarde no domingo, que droga!.


• • •



    Acordo morta de fome.
    Cheguei em casa, tomei banho e dormi, pois os pesadelos que tenho durante a noite me impedem de dormir o suficiente antes do treino.

    Levanto da cama, abro a geladeira e percebo que está vazia. Torço o nariz, descontente. Olho pela janela e vejo que já está escuro, o que significa que provavelmente nenhum mercado está aberto. Droga!, xingo, sentando-me na cama, irritada.

    Eu poderia voltar a dormir, mas pela primeira vez estou com medo de ter aqueles pesadelos de novo. Quando acordo tudo fica bem, mas enquanto estou sonhando, é muito desesperador.

    Ouço minha barriga roncar e faço uma careta, colocando a mão no estômago. De fato, vou ter que esperar até amanhã. Levanto-me e caminho até a janela do quarto, que me dá uma vista limitada de algumas casas próximas. Respiro o ar da noite, que por algum motivo é tão agradável nas narinas.

    Apóio meus cotovelos no peitoril da janela e fico olhando para o céu, pensando no meu treinamento. Eu acho legal - e sexy - todas aquelas coisas que os ninjas fazem. Eles são guerreiros, destemidos, poderosos... eu queria ser assim. Mas sou tão preguiçosa e isso é tão difícil.

    Eu sei que o meu kekkei genkai é poderoso, mas eu ainda não despertei o doujutsu. Tenho medo de despertar e não conseguir controlar. Eu seria obrigada a me tornar uma ninja de elite quando eles soubessem do meu poder ocular e isso seria muito, muito desagradável.

    Os pensamentos me tiraram o sono, então decido dar uma volta pela vila para espairecer as ideias. Visto uma roupa confortável e saio de casa, sentindo o ar gélido de konoha tocar minha pele. É verão, minha estação favorita., então essa brisa fria dá uma sensação maravilhosa de frescor em todo o meu corpo.

    Caminhando pelas ruas, após alguns minutos, começo a sentir como se estivesse sendo observada. Descarto a idéia pois os moradores ainda estão acordados, jantando ou sentados na janela de suas casas, então provavelmente tem alguém me olhando, sim. Preciso parar de ser tão paranóica., penso.

    Após andar um pouco, passo em frente ao território Uchiha. É o único distrito de konoha que está escuro, fechado e silencioso. Eles dormem cedo, então já devem estar todos dormindo a essa hora. Deve ser insuportável morar aqui, eu não conseguiria., penso.

— O que está fazendo aqui? -uma voz conhecida soa por trás de mim. Estremeço.

— Tobirama... -seu nome saiu automaticamente por conta do susto.

— Mestre. -corrigiu.

— Mestre Tobirama. -reviro os olhos.

— Está revirando os olhos, sua petulante? -cerrou as sobrancelhas.

— É costume. -dou de ombros.

— Não deveria estar dormindo? -perguntou, cruzando os braços.

— Não consegui. -respondi.

— Posso saber o motivo? -semicerrou os olhos.

— Estou tendo muitos pesadelos e acabei perdendo o sono. -forço um sorriso.

    Minha barriga faz um barulho alto que até ele consegue ouvir. Coloco a mão no estômago e continuo forçando o sorriso, tentando disfarçar a situação.

— Não comeu? -perguntou.

— Ah, claro. Comi sim. -minto, mas outro barulho na minha barriga se faz presente. - Droga. -xingo baixo.

— Se não comer, não conseguirá treinar. -ele suspira e faz uma breve pausa na sua fala. — Eu estava indo para casa jantar. Se você quiser...

— Não precisa. -dou um tapinha no ar e começo a rir de nervosa.

    Eu não gosto de pedir ajuda e tenho um pequeno bloqueio para aceitar quando me oferecem. Mas, de fato, meu estômago está começando a doer.

— Quando foi a última vez que você comeu? -ele perguntou, me analisando com seu olhar.

— Ah, antes do treino. -desvio dos seus olhos, encarando um ponto fixo à minha direita.

— Então vem. Eu sou o seu mestre, não posso deixar você passando fome. -bufa, virando as costas e andando na direção da vila.

    Ele tem essa mania de me deixar para trás e seguir andando, sem falar mais nada. Isso me irrita, eu confesso, mas acho que um lanchinho na casa desse Senju não vai me fazer tão mal assim.

    Dou uma última olhada para o distrito dos Uchihas e me arrepio, pois é assustador a escuridão e silêncio desse lugar. Percebo que Tobirama já está um pouco afastado e corro para alcancá-lo.

feiticeira • entre uchihas e senjusWhere stories live. Discover now