• porre •

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S/N:

    Chegando no quarto de Madara, não deixo de observar que ele mudou muitas coisas de lugar desde a última vez que estive aqui. Está mais limpo e arejado, o que pode ser considerado um milagre.

— Está prestando atenção em tudo, como sempre. -ele disse por trás de mim.

    Viro meu rosto na direção dele, mas o movimento repentino me deixa tonta. Me apóio no Uchiha para não cair.

— Está bem? -ele perguntou.

    Se eu estiver certa do que eu estou pensando, eu me mato.

— Sim. -respondi, forçando um sorriso.

— Quer mesmo fazer isso? -ele perguntou.

— Onde fica o banheiro?

— Tem um no corredor. Porta da frente. -explicou.

    Saí de fininho e por sorte encontrei o bendito banheiro à tempo de conseguir vomitar no vaso sanitário. Isso não pode estar acontecendo. Seguro meu próprio cabelo com uma das mãos e vomito mais um pouco antes de me certificar de que tranquei a porta.

    Volto para o sanitário e desta vez começo a sentir meu corpo pesado e minha cabeça parece estar girando. Tudo, simplesmente tudo acontece comigo. É sempre na minha vez, que ódio!

    Ouço batidas na porta.
    Bem que poderia existir um ninjutsu médico para bebedeira. Será que funciona? Não consigo raciocinar direito, está tudo muito confuso.

— S/n? Você está bem? -ouço a voz de Madara.

    Ergo as mãos para cima na esperança de que Kami me leve, mas nem ele quer passar essa vergonha comigo. Não consigo aguentar e vomito mais uma vez, mas tenho certeza de que agora o Uchiha ouviu.

— Abre a porta. -ele ordenou.

    Não sei quantas palavras existem no planeta, mas tenho certeza de que nenhuma seria capaz de explicar o ódio que eu estou sentindo de mim mesma agora. Além da vergonha, que é bem presente na minha vida desde que eu nasci.

    Levanto de onde estou agachada e destranco a porta, mas quando fico de pé, é como se eu fosse vomitar o banheiro inteiro. Madara entra no local e eu me agacho novamente, desta vez me debruçando em cima da privada com o corpo mole.

— Não acredito. - ele disse num tom brincalhão, mas indignado.

— Acho que bebi demais. -falei com a lingua enrolada, arrotando em seguida. — Desculpa.

— Você tem que tomar um banho frio para passar o porre. -ele sugeriu, passando por mim e andando até o box.

— O que está fazendo? -perguntei.

— Você vai tomar banho. -ergueu as sobrancelhas.

— Não! Você vai me ver pelada! -protestei. — Tem mais whisky?

— Acabou. -ele abriu o chuveiro. — Vem.

— Não vou. -continuei debruçada na privada.

— Vem.

— Eu não tenho roupas!

— Eu te empresto, vem. -ele estende a mão para que eu pegue.

— Não tenho toalhas. -continuei.

— Eu tenho. -ele fechou os olhos, parecendo irritado. — Não se aproveite da minha boa vontade, garota. Vem, levanta!

— Então você precisa pegar as roupas e toalhas. -falei fechando os olhos para tentar não vomitar mais. De olhos fechados, a ânsia diminui.

— Depois eu pego. -ele insistiu, ainda com a mão estendida na minha direção.

— Vou ficar com frio quando acabar o banho.

— Argh! -ele rosnou, batendo os pés com força no chão e indo até o quarto.

    Aproveito que ele saiu para vomitar mais algumas vezes. Já perdi a noção do tempo e do espaço ao meu redor, mas parece que nunca mais vou parar de vomitar. A ânsia está muito forte, mas se torna menor quando eu fico de olhos fechados e cabeça baixa. Vou ficar assim para sempre.

— Aqui. Um kimono e uma toalha, está bom? -Madara retorna, emburrado e com as coisas em uma das mãos.

— Mas e roupa íntima? -questionei.

— Não precisa, eu não vou fazer nada com você. Amanhã quando estiver sã, você põe a mesma de hoje. -ele está visivelmente furioso comigo.

    Isso me dá vontade de chorar de repente, como se fosse incontrolável. Madara percebe que meu porre já está ficando muito chato e me pega pelo braço, me obrigando a ficar de pé e me guiando sem muita delicadeza para dentro do box.

— Ai. -reclamei, com lágrimas nos olhos.

— Fica sentada aí embaixo do chuveiro, daqui a pouco eu volto para ver se você está melhor. -ele revirou os olhos e saiu do banheiro, batendo a porta em seguida.

    A água fria dá um choque no meu corpo. Sento-me no chão e fico abraçada nas minhas pernas, com a cabeça baixa. Eu sinceramente, não queria estar no meu lugar agora.

feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora