• por trás de uma grande vilã •

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S/N:

— Como você sabe? -Amaya perguntou.

— Ele esteve aqui, e me contou tudo. -revelei.

    Ela desviou do meu olhar e deu um sorriso fraco, parecendo incrédula com toda a situação. Não vou pressioná-la, quero que ela me conte tudo no tempo dela.

— Não entendo como você conseguiu amarrar aquele Uchiha. -confessou, baixando o olhar para as próprias pernas. — Mas ele disse a verdade, Koji não é filho dele. Eu nem o conhecia, inclusive.

— Então por que mentiu sobre algo tão fútil? -questionei, com o cenho cerrado.

— Eu queria despertar algum sentimento ruim em você, para que a sua magia fosse liberta. -explicou. — Mas não adiantou muito.

— Eu nunca irei me corromper à qualquer maldição, irmã. -respondi. — Confesso que muitas vezes eu desejei ser má, mas não importa a quantidade de poder que eu possua, nunca vou me corromper.

— Isso é um ponto fraco e forte ao mesmo tempo. -comentou.

— Eu considero um ponto fraco. -baixei o olhar. — Por exemplo agora: eu sei que você não vai se esforçar para ser melhor do que é, e mesmo assim, quero te ajudar. Se eu fosse como você, tudo seria mais fácil.

    Amaya mergulhou em um silêncio mortal. Entendi que o assunto estava encerrado e me coloquei de pé, pois sei que ela só está querendo mudar porque sabe que está quase morrendo. Se eu a curar, ela vai voltar a ser exatamente como era ou até pior. Isso me deixa muito triste, mas eu preciso aceitar.

    Dou as costas e me dirijo na direção da porta, mas paro de andar assim que ela começa a falar.

— Há três anos eu conheci alguns membros do clã Uchiha. -ela iniciou, prendendo a minha atenção. — Nossos pais haviam morrido há pouco tempo e eu havia deixado você sozinha.

    Continuo de costas, apenas ouvindo.

— E eu conheci um garoto. -ela prosseguiu. — Ele era lindo, maravilhoso aos meus olhos. Nós nos envolvemos por algum tempo, mas logo ele precisou voltar pois havia se separado do esquadrão.

— Há três anos eu já estava em Konoha. -comentei.

— Sim, você já estava. -assentiu.

— Como ele se chamava? -perguntei. — É só isso que eu quero saber.

— Eu não lembro o nome dele. -murmurou.

— Como ele era? -virei-me de frente para ela.

— Ele era um Uchiha, cabelos pretos, usava bandana. Alguns fios do seu cabelo caíam pelas laterais do rosto por baixo da bandana. -explicou, como se pudesse reviver cada momento com esse garoto.

    Não consigo lembrar de ninguém assim, mas de qualquer forma, é bem provável que eu o conheça.

— Você gostava dele? -perguntei.

— Sim. Muito.

— Você o enfeitiçou?

— Naquela época eu nem sabia como fazer isso. -murmurou. — Talvez ele tenha sido o único homem com quem me envolvi, que foi real. Não tinha nada de magia, apenas vontade de ambas as partes.

    Por um segundo, fico comovida. Deve ser horrível viver assim, sentindo como se não pudesse ser amada por ninguém.

— Por que não ficaram juntos? -perguntei.

— Ele precisava partir e eu precisava construir alguma fortaleza para trazer você comigo. -confessou. — Ele me convidou para ir com ele, mas eu não poderia. Estava fraca e não queria correr o risco de ser abandonada.

— Tudo seria tão mais fácil se você tivesse pensado mais em você e menos em mim. -lamentei.

— Não me arrependo por ter colocado você em primeiro lugar na minha vida, S/n. Eu faria isso mais mil vezes se fosse preciso. -cerrou o cenho.

    Não respondo, apenas sustento o seu olhar. Sei que vou me arrepender, mas não consigo ver mentira nas palavras de Amaya agora. Ela parece cansada de tudo o que passou, assim como eu. Não sei como eu reagiria se deixasse a minha irmã morrer sem fazer nada por ela, sem dar uma chance.

    De repente, ela começa a vomitar por toda a parte. Em si mesma, na cama e no chão. Ando até o guarda-roupas e pego uma toalha limpa, me aproximando dela e entregando o pano para que ela se limpe.

— Ah, minha cabeça vai explodir. -ela reclamou, com uma expressão de dor.

— Essa doença pode estar atingindo o seu cérebro. -expliquei, tentando parecer mais calma do que realmente estou. — Eu vou chamar as empregadas para que preparem um bom banho para você.

— Certo. -respondeu com dificuldade.

    Saio do quarto praticamente correndo e chego no andar de baixo, onde encontro a empregada responsável por Koji. Ela estremece assim que me vê.

— Ei, você. -eu a chamo. — Você disse que Amaya era a única rainha que você iria seguir, então agora vai lá no quarto dela e prepare um bom banho de banheira e cuide dela! -ordenei.

    A mulher não hesitou nem por um segundo e se afastou, subindo as escadas em passos rápidos. Passo as mãos pelo rosto, frustrada. Ultimamente, tenho sentido angústia e frustração.

    Se fosse há um tempo atrás, talvez eu não aguentaria passar por tudo o que tenho passado desde que cheguei aqui. Estar neste castelo foi bom para fortalecer a minha mente e me preparar para agir sob pressão, mas com certeza quando tudo isso passar, vou precisar de algumas semanas de descanso e paz absoluta.

    Se eu não sair daqui traumatizada ou com sequelas, estou no lucro.

feiticeira • entre uchihas e senjusWhere stories live. Discover now