• no quarto de um uchiha •

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S/N:

    Acordo com uma dor de cabeça insuportável. Sento-me imediatamente, percebendo que não estou em casa e não lembro de ter vindo para cá depois da batalha. Estou em um quarto diferente, em uma casa diferente. Tudo está fechado, escuro, úmido. Parece já estar noite quando acordo.

— Bom dia. -a voz de Izuna se torna presente.

— Dia? -não contenho a pergunta.

— Sim, são nove da manhã. -se aproximou da cama.

— E por que está escuro? -questionei.

— Você está no quarto do meu irmão. Ele não costuma abrir as janelas. -parou ao meu lado e me entregou um remédio.

    Estou me sentindo estranha, como se algo dentro de mim tivesse mudado. Deve ter mudado mesmo, né. Você despertou o seu kekkei genkai feito uma idiota!, xinguei à mim mesma. Estou me sentindo imprestável. Eu só precisava realizar a missão sem matar ninguém e nem isso eu consegui fazer. Mito vai acabar comigo, tenho certeza disso.

— Obrigado por ter me salvado. -disse Izuna, atrapalhando os meus pensamentos.

— Foi tranquilo. -sorri. — Pelo menos eu consegui.

— Mas me conta, como você está se sentindo? -ele senta no colchão, ao lado das minhas pernas. Seus olhos ardem em curiosidade, certamente pelo meu doujutsu.

— Fofoqueiro. -torço o nariz e fecho os olhos. Ele grunhe, indignado.

— Izuna. -a voz de Madara invadiu o quarto. — Nos dê um minuto.

— Está pedindo licença? -o mais novo pareceu surpreso.

    Ele levantou da cama e caminhou rapidamente para fora do quarto, com uma expressão incrédula. Pelo visto, Madara não costuma ser tão "educado".

   Assim que Izuna sai, seu irmão adentra o quarto e fecha a porta atrás de si, trancando-a. Ele está usando uma roupa diferente agora, não é mais aquela armadura igual a do hokage. Ele tem uma presença marcante e parece estar mais bonito agora nesse ângulo.
    Engulo em seco com a sua aproximação.

— Está melhor? -ele cruzou os braços, de pé na frente da cama.

— Sim, só com dor de cabeça. -sorri sem mostrar os dentes.

— Só isso que tem para me dizer? -arqueou uma sobrancelha.

    Eu sei que ele quer saber sobre o doujutsu, mas eu vou negar o máximo que eu conseguir, como costumo fazer sobre tudo.

— Ah, quase me esqueci de te agradecer. -sorri, levantando da cama. — Obrigada, viu. Você foi muito legal comigo, mas agora preciso ir andando. -dei um sorrisinho amarelo e passei pelo Uchiha para chegar até a porta.

    Mas como eu já imaginava, ele me pega pelo braço e me segura firme, me impedindo de sair. Dou uma última olhada na direção da porta, enquanto penso na desculpa que vou usar para passar a conversa nesse homem. Ele é esperto, não vai cair em qualquer história.

— Não complique as coisas. -ele aconselhou.

    Viro de frente para ele e o meu olhar encontra com o seu. Os olhos negros parecem enxergar e analisar todos os meus pecados. Eu me perderia facilmente nesses olhos, e ele nem precisaria usar os sharingans.
    Se a situação fosse diferente, é claro.

— O que você quer? -perguntei.

— Senta ali. -apontou para a cama.

    Me soltei do seu toque sem quebrar o contato visual. Estou emburrada, odeio ser pressionada. Ele está vendo a minha cara de descontentamento mas é óbvio que não se importa com isso.
    Sento-me na cama e continuo encarando os seus olhos tão enigmáticos.

— Por que escondeu a verdade sobre você? -perguntou.

— Não escondi.

— Você possui um kekkei genkai. -afirmou.

— Não sei.

— S/n! -repreendeu, irritado.

— Eu não sei como funciona, não sei o que é. -falo de uma vez. — Eu não devia ter despertado isso, agora só quero fingir que nunca aconteceu. Posso?

— Óbvio que não. -ele cruzou os braços.

— Então o que você quer? -bufei, também cruzando os braços.

    Madara caminhou até mim e sentou-se ao meu lado. Fiquei paralisada, como se um simples movimento pudesse ser fatal.

— Quero que você me conte tudinho. -ele afasta uma mecha do meu cabelo que estava caída em meu rosto. — Desde o começo. -completou.

• • •

    Após alguns minutos, contei tudo sobre o meu kekkei genkai para o Uchiha. Claro, omiti muitas informações e só contei o que ele realmente precisava saber.
    Ao fim do meu relato, Madara está com a mesma expressão que estava no começo: sério e concentrado. Ele fica em silêncio, sem me responder nada.

— Posso ir agora? -perguntei, revirando os olhos.

— Eu ainda não decidi o que vou fazer com você. -sorriu maldoso.

— Mas que m...

— Olha essa boca suja! -me interrompeu.

    Ele levantou-se da cama e deu alguns passos pelo quarto, com as mãos nos bolsos da calça. Fico observando os seus movimentos, atenta em cada detalhe.

    Antes que ele volte a falar, a mesma ardência que senti quando estava no campo de batalha retorna. Começo a coçar os olhos com as palmas das mãos, porém a dor se intensifica ao ponto de ficar insuportável. Solto um grunhido e aperto meus dedos contra os olhos, sentindo uma vontade imensa de poder arrancá-los para não precisar mais sentir isso.

— Garota, o que foi? -ouço Madara perguntar.

— Essa merda está ardendo de novo. -não deixo de xingar.

    Deito-me na cama e me encolho, sem tirar as mãos do rosto. Madara senta no colchão ao meu lado e coloca uma das mãos no meu braço.

— Deixa eu ver. -pediu.

— Dói muito. -reclamei, não contendo uma careta dolorida.

— O sharingan é assim no começo. -ele segurou meu pulso. — Precisa abrir os olhos e se acostumar com eles, senão vai doer mais.

    Respiro fundo e me concentro nas suas palavras. Afasto ambas as mãos do meu rosto e Madara segura meus pulsos para que eu não torne a pressionar a vista. Mesmo sentindo muito desconforto, aos poucos vou abrindo os olhos e percebendo que a dor realmente está diminuindo.

    Meu corpo relaxa pela sensação de alívio e agora meus olhos só ardem quando eu pisco, mas já é mais suportável.

feiticeira • entre uchihas e senjusWhere stories live. Discover now