feiticeira • entre uchihas e senjus

• uchiha •

S/N:

— Quer dormir aqui hoje? -Madara perguntou.

— Eu? Dormir aqui com você? -gargalhei, irônica. — Por que eu faria essa idiotice?

— Tanto faz, pode ir para casa e ficar assim com esses seus lindos olhinhos brilhando. -deu de ombros.

    Um filme de possibilidades passa na minha cabeça. Tenho medo de ir para casa e ter que me humilhar - de novo - e voltar para cá pedindo ajuda. Cerro os punhos e suspiro pesado.

— Tudo bem. -desisto. — Mas bem longe de você.

— Tem que dormir comigo. -provocou.

— O quê? -elevei o tom e dei um tapa na mesa.

— É brincadeira, gatinha. -ele gargalhou. — Peça ao Izuna para levar você ao quarto de hóspedes.

— Agradeço. -levanto-me e saio do seu escritório.

    Caminho pelos corredores desta enorme casa, pensando em onde Izuna pode estar. Vejo uma porta ao fim do corredor que é diferente das outras. Todas as portas têm cores escuras, mas aquela é vermelha.
    Posso dar só uma espiadinha.

    Olho para a direção de onde vim para ver se Madara não está vindo também. Tudo certo, dou passos rápidos até chegar naquela porta. Tento abrir, mas está trancada. Merda!

— Procurando alguma coisa? -a voz de Izuna soa ao meu lado, me fazendo pular pelo susto. — Com os olhos assim, duvido. -cruzou os braços.

— Estava justamente procurando você. -cocei a nuca, disfarçando a situação. — Onde fica o quarto de hóspedes?

— Vai dormir aqui? -arqueou uma sobrancelha, desconfiado. — E não vai dormir com o meu irmão? Nossa, você é a primeira. -resmungou.

— Pode me mostrar onde fica? -ignorei seus comentários.

    Segui Izuna até uma escada que levava ao subsolo. Fiz uma careta ao ver que o quarto de hóspedes fica tão afastado. Ele gira a chave e abre a porta.

— É um quarto de hóspedes ou uma sala de tortura? -ironizei.

— Era uma sala de tortura, mas agora virou um quarto de hóspedes. -deu de ombros, abrindo a porta.

    Me surpreendo ao ver a organização deste quarto. É limpo, composto por cores claras, porém sem nenhuma janela, o que deixa o quarto úmido e com as paredes um pouco mofadas. É organizado, mas ao mesmo tempo sujo.

— Vou ter que dormir nesse ninho de cobras? -apontei com desdém.

— Isso, ou o quarto do meu irmão.

— E o seu quarto? -perguntei.

    Izuna corou na mesma hora, talvez tenha me entendido errado. Sorrio sem mostrar os dentes.

— Não me entenda mal, Izuna-kun, não quero dormir com você. -forcei uma voz fina, deixando-o irritado. Gargalhei com a sua reação.

— Se não gostou daqui, vá dormir com o meu irmão! -ele fechou a expressão e bateu a porta em nossa frente.

— Não vou dormir com ele! -protestei.

— Pode ficar no meu quarto, eu vou sair agora. -Madara surge por trás de nós e ambos pulamos de susto.

— Sério? -perguntei.

— Sim, mas não se ache demais. Eu não quero nada com você. -ele torceu o nariz e se retirou, deixando Izuna e eu sozinhos de novo.

— Eu ficaria magoado se alguém me desse esse fora. -o mais novo provocou.

    Fechei um punho e soquei o peito de Izuna, fazendo ele bater as costas na parede e fazer uma careta. Ergui o maxilar e subi a escada novamente, partindo rumo ao quarto de Madara.
    Já estive aqui uma vez, lembro um pouco de onde fica.

    Assim que encontro o quarto, entro e largo minha katana em cima da mesinha ao lado da cama. Encaro os lençóis perfeitamente estendidos e muito cheirosos. Ah, como eu gostaria de estar terminando o que comecei com aquele Senju, que raiva!

    Mas eu fui avisada que precisaria controlar esse poder antes que acontecesse alguma desgraça. Tentei ignorar isso, mas não pude. Era lógico que aconteceria algo para me impedir de ser um pouco mais feliz.

   Já estou cansada, muitas coisas aconteceram hoje e já está tarde. Me atiro em cima da cama, bagunçando todos os lençóis e deito toda esparramada, aproveitando o colchão macio e de ótima qualidade.

    O cheiro de Madara está por toda parte, e por mais que seja um cheiro bom, eu ainda preferia que fosse o cheiro do meu Senju.
    Coloco um travesseiro entre as pernas, abraço outro e fecho os olhos para dormir.

• • •

    Acordo com um peso sobre o colchão ao meu lado. Ainda sonolenta, posso jurar que é Tobirama deitando comigo, mas quando volto para a realidade, lembro que não tem possibilidade de ser ele aqui e que só pode ser uma pessoa.

— O que você está fazendo? -perguntei baixo.

— Shh, continua dormindo. -Madara parece cansado, deitando atrás de mim e colocando o braço em cima do meu corpo.

— Ei, você ficou louco? -protestei, segurando o seu pulso e tentando levantar.

— Eu tive uma noite muito, muito ruim. -ele resmungou, ajeitando a cabeça no travesseiro e envolvendo minha cintura com o seu braço. — Só fica quietinha, vai. Não quero tumulto, pelo menos não agora.

    Sinto aquele cheiro ferroso de sangue novamente e sento-me na cama com um sobressalto. Onde estou com a cabeça? Não podia deixar ele me tocar nem por um segundo!
    Levo meus dedos até o abajur no criado-mudo e ascendo a luz, podendo finalmente ver o rosto de Madara.

    Está com uma expressão serena, de olhos fechados, não parece ter tomado banho quando voltou mas parece muito cansado para isso. Por algum motivo maldito, vê-lo assim me comove um pouco, pois nunca tinha o visto dessa forma e ele parece ser tão... sozinho.

— Está ferido? -perguntei.

— Não. -ele abre minimamente os olhos, apenas o suficiente para que eu repare que está me encarando

— Estou sentindo cheiro de sangue. -falei.

— Não é meu.

    O olhar do Uchiha está diferente. Pela primeira vez não está maldoso, vitorioso, irônico, irritado ou debochado. Ele só está me encarando sem expressão alguma, como se pudesse ver a minha alma ou quisesse que eu pudesse ver a dele.

— Seus olhos voltaram ao normal. -ele observou. — Se já quiser ir embora, pode ir.

— Vou ficar. -sorri sem mostrar os dentes.

    Madara apenas se ajeitou na cama e fechou os olhos novamente. Coloco dois travesseiros no meio de nós e deito afastada e de frente para ele, para que ele não tente me enrabar por trás.
   Não demora muito tempo até que eu consiga voltar a dormir, assim como ele.