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S/N:

    Entro no banheiro e fecho a porta, encarando o meu reflexo no espelho. Como sempre, estou com dor no corpo - o que significa que foi ótimo -, mas agora estou morrendo de vergonha. Eu nunca nem ouvi falar naquela palavra estranha que Madara disse. Eu podia jurar que tivesse urinado.

    Minhas costas estão ferradas assim como minhas pernas e toda a minha intimidade até por dentro. Sento-me sobre a tampa fechada do vaso e decido usar um ninjutsu médico para me curar e conseguir andar melhor depois.

    Ótima hora para ser uma médica ninja. Que orgulho de mim.

    Ouço batidas na porta.

— Tudo bem? -a voz do Uchiha se faz presente.

— Pode entrar, se quiser. -falei.

    Madara abre a porta e fica escorado no batente, me analisando. Seus lábios se curvam em um sorriso fraco ao perceber que estou usando um jutsu para me curar.

— Foi mal se te machuquei. -ele disse.

— Machucou. -respondi, sorrindo. — Mas talvez eu goste disso.

— Eu sei que gosta. -retribuiu o riso, desviando o olhar.

    Ficamos em silêncio até o clima se tornar incômodo. Não sei bem o que fazer agora. Já estou curada, mas não me parece um momento propício para voltar a transar.

— Não precisa se envergonhar por aquilo. -ele proferiu de repente. — Acontece com poucas mulheres, mas é normal. Você não urinou em mim, se é o que está pensando.

— Não vamos falar disso. -baixo a cabeça, sentindo minhas bochechas queimando. Ele, definitivamente, não é a pessoa que eu quero para falar sobre esse assunto. — Como sabe de tantas coisas?

— Se eu te contar tudo, você vai cansar de me ouvir. -ele abriu a torneira e começou a lavar as mãos. — Mas eu leio muito sobre, é isso.

— Eu entendo. -arqueei uma sobrancelha. — É provável que busque conhecimento para compreender melhor as suas parceiras de cama. -ele me olha, sério. Desvio e disfarço. — Quer dizer, você deve ter várias.

     Com o canto do olho, vejo que Madara está me olhando. Encaro um canto qualquer, pois percebi que a minha fala saiu com uma entonação diferente do que eu planejava.

— Eu só tenho transado com você ultimamente, S/n, se é isso o que quer saber. -ele disse num tom brincalhão.

— Sério? -ergui as sobrancelhas.

— Você pensa que eu sou o quê? -ele revirou os olhos e saiu do banheiro. Levantei e caminhei atrás dele.

— Nada, só pensei que tivesse mais parceiras. -posso ver meus peitos pulando enquanto caminho. Acho engraçado.

— Se ficar pelada andando atrás de mim desse jeito, vou te comer de novo. Desta vez não terá ninjutsu médico que te ajude. -alertou.

    Paro de andar e saio catando minhas roupas íntimas pelo quarto, ficando apenas de calcinha e sutiã. Madara já está deitado na cama e eu decido me juntar à ele, afinal, estou muito cansada para ir embora.

    Ficamos ambos deitados de barriga para cima, encarando o teto. O Uchiha não demora para quebrar a distância entre nós e me puxa para cima dele, me fazendo deitar no seu peito.

— Que estranho. -murmurei.

— O quê? -ele não me olhou.

— Você está estranho. -ri.

— Já troquei os lençóis. -mudou de assunto.

— Percebi.

    Que clima chato! Nunca aconteceu isso antes, nem com ele e nem com ninguém. Será que ele ficou com nojo de mim? Decido não dizer nada e apenas fecho os olhos, descansando um pouco e ignorando essa atmosfera incômoda.

— Quando você vai? -ele perguntou de repente.

    Ergui as sobrancelhas e o encarei.

— Não entendi. -me fiz de sonsa.

— Eu sei que você vai embora. -continuou encarando o teto.

    Respirei fundo e me aconcheguei no colchão, me afastando dele e voltando a ficar de barriga para cima.

— Você acha que eu devo ir? -perguntei.

    Talvez seja um bom momento para pedir um conselho. Madara pode ter muitos defeitos, mas parece ser um homem sábio. Eu espero.

— Por que está perguntando isso para mim? Eu não tenho nada a ver com a sua vida. -ele riu contido.

    Revirei os olhos.

— Quanta ignorância. -reclamei.

— Se você acha que eles vão virar as costas para você quando decidir voltar, está enganada. -ele disse, prendendo a minha atenção em si. — Eu planejava matar o Hashirama e ele me aceitou na vila. Escolher o que quer para a própria vida não vai fazer ele te rejeitar.

— Mas vocês são amigos. -acrescentei.

— E você também. -concluiu.

— E o Izuna? -perguntei receosa.

— Ah, ele vai entender. Ele não costuma ser muito apegado em partidas. -deu de ombros.

— E você? -proferi com voz baixa, desviando o olhar.

    Sinto que ele está me olhando, mas não tenho cara para olhar para ele agora. Fico encarando o teto.

— Não devia se importar com isso. -ele disse. — Não é como se eu fosse esperar você voltar, mas talvez no futuro, podemos nos reencontrar com uma visão diferente.

— Como assim? -finalmente encarei o seu rosto.

— Não sei, S/n. -bufou, unindo as sobrancelhas. — Eu não sou ninguém para ditar o que você deve fazer. Se for para voltarmos a nos ver, no futuro isso vai simplesmente acontecer.

— Não quer que eu fique? -perguntei.

    Agora estou brincando, só quero ouvir as suas respostas. Madara percebe que estou perguntando para incomodá-lo e estala a língua, emburrado.

— Me erra, garota. Você faz o que quiser. -resmungou. — Quer beber alguma coisa?

— Quero.

feiticeira • entre uchihas e senjusWhere stories live. Discover now