• diagnóstico •

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S/N:

    Em certo momento durante o almoço, Koji aparece na cozinha pois havia acabado de acordar. Posso reparar que está vestindo roupas novas e está bem limpo. Por algum motivo, vê-lo bem cuidado me dá vontade de chorar.

— Oi, tia! -ele abraçou Mito e logo depois veio até mim.

    Coloquei o garotinho sentado no meu colo enquanto divido a comida do meu prato com ele. Eu não sei como ele vai reagir se Amaya não melhorar, mas parece que ele não está mais pensando tanto nela e eu vou falar sobre isso quando tiver certeza de que ela está bem.

— Está boa essa comida. -ele disse para Mito.

— Foi a senhora Juno que fez. -ela sorriu. — Que bom que está gostando.

    A família do shodai é, no geral, ótima como patrões. Eles deixam as empregadas saírem durante o almoço e as liberam cedo, nunca repetindo ou aumentando os turnos e nem pedindo que façam mais do que são pagas para fazer.
    Minha irmã precisa de umas aulinhas de como tratar os funcionários.

— O que nós vamos fazer hoje? -Koji perguntou enquanto comia.

— Você vai ficar com o Itsuki. -Mito respondeu imediatamente, me olhando com o canto dos olhos. — Eu e S/n vamos dar uma volta depois do almoço, mas vocês dois podem fazer o que quiserem hoje.

— O que acha de um banho de cachoeira? -Itsuki sugeriu e Koji comemorou.

    Estou ferrada, pelo visto. Mito quer sair comigo à sós, e isso nunca é um bom sinal.

    Após mais alguns minutos conversando, termino de comer e lavo todas as louças que sujei. Começo a disfarçar andando na direção da porta com a intenção de sair, mas Mito percebe que estou enrolando e se coloca de pé.

— Já terminei aqui. -ela disse. sorrindo. — Vamos, S/n?

— Vamos. -suspirei, vencida.

    Saímos de sua casa e partimos pelas ruas pouco movimentadas de Konoha. Normalmente, neste horário, todos estão almoçando em suas casas ou restaurantes, então as ruas nunca estão muito agitadas.

— Onde nós vamos? -decidi perguntar.

— No hospital. -ela continuou com a cabeça erguida e olhando para a frente, com a postura de uma legítima rainha.

    De fato, ela é a rainha desta aldeia, dependendo do ponto de vista.

— Fazer o que lá? -perguntei, torcendo o nariz.

— Você precisa saber sobre o diagnóstico da sua irmã. -respondeu.

    Engoli em seco, com um pressentimento ruim. Mito não disse mais nenhuma palavra sequer, mantendo um silêncio mortal até chegarmos no hospital.

• • •

    Encaro minha irmã deitada na maca, conectada à vários aparelhos e desacordada. Um nó se forma na minha garganta, mas não me permito chorar neste momento tão delicado.

— Qual é a condição dela, doutor? -perguntei ao mesmo homem que me atendeu mais cedo.

— Não tenho boas notícias. -respondeu ele, cabisbaixo. — Por algum motivo desconhecido, a sua irmã está cheia de tumores espalhados pelo corpo. Eles só crescem à cada dia, mas conseguimos desacelerar o crescimento deles em 80%.

— É uma doença terrível. -murmurei.

— E muito destrutiva. -acrescentou ele. — Estamos buscando incansavelmente por uma cura, mas ela não está tendo resultados muito bons.

— Qual a chance dela sair dessa? -perguntei com os olhos marejados e a cabeça baixa.

— Se ela sobreviver, pode ficar em um estado vegetativo ou com sequelas graves como demência ou paralisia. -lamentou ele. — Sinto muito.

    Mito discretamente pediu licença ao médico para que pudéssemos ficar à sós. Respirei fundo e me permiti chorar, segurando a mão da minha irmã firmemente, tentando demonstrar que estou aqui com ela.

— Podemos tentar algo. -disse Mito e eu imediatamente a encarei. — Você comentou comigo que essa doença começou por conta do uso de magia proibida. Talvez, se conseguirmos selar esse poder em outra pessoa, ela melhore.

— Quais são os contras? -perguntei.

— Só podemos passar essa magia para outro feiticeiro, que é você. -explicou num tom baixo. — Mas você corre um grande risco de absorver a doença também.

    Meu coração disparou. Olho para a minha irmã e não consigo me imaginar nesse estado. Continuo chorando discretamente enquanto penso no que fazer, mas meu cérebro não está colaborando com a minha vontade de raciocinar.

— Não precisa pensar agora. -Mito aconselhou. — Temos tempo. Os tumores estão sendo controlados e ela está reagindo bem às medicações nesse sentido. Pense com calma, é uma decisão que precisa ser tomada com cuidado e não sob pressão.

— Certo. -funguei, tratando de me recompôr. — Mas se eu não fizer isso, vou carregar o peso da morte dela para sempre. Será minha culpa.

— Jamais! -Mito respondeu rápido. — Ela ficou doente por conta das próprias ações. Você não tem nenhuma relação com isso.

     Assenti e me mantive em silêncio, apenas encarando Amaya desacordada. A Uzumaki decide me deixar sozinha por um tempo e eu agradeço mentalmente por isso. Me curvo para ficar na altura do rosto da minha irmã e deixo um beijo delicado em sua testa.

— Eu vou dar um jeito. -sussurrei. — Se nada der certo, vou continuar por você. Eu só preciso pensar um pouco.

feiticeira • entre uchihas e senjusOnde histórias criam vida. Descubra agora