• último adeus •

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S/N:

    Chego em casa e bato a porta com força atrás de mim, trancando-a em seguida. Corro até o meu quarto e me atiro na cama, fechando os olhos e me permitindo chorar e gritar livremente.

    Após alguns minutos com a cara enfiada no travesseiro, sinto o meu corpo dormente e o clima fica gélido, mesmo estando no meio do verão. Quando o abro os olhos, não estou mais na minha cama.

    Passo as mãos pelo meu próprio corpo e olho ao redor, em pura confusão. É uma sala completamente branca, com uma porta mais adiante. Será que eu morri? Eu tenho certeza de que não dormi, eu não posso ter dormido tão rápido e sem perceber.

    Caminho na direção da porta e coloco a mão na maçaneta. Eu nunca tive sonhos tão reais assim. Sinto tudo como se fosse de verdade.

    Abro a porta e dou de cara com um extenso campo cheio de flores. Parece eterno, pois não vejo o fim. Respiro profundamente e os meus pulmões se enchem pelo ar e meu olfato reconhece o cheiro de várias flores perfumadas. É um cenário de paz.

    Um pouco distante, há uma enorme árvore. Uma figueira que parece ter muitos anos de vida. Embaixo de um dos galhos, está uma mulher com longos cabelos brancos que tocam facilmente os calcanhares, de costas para mim.

Não pode ser. -sussurrei comigo mesma, sentindo o meu coração acelerar. — AMAYA! -gritei o mais alto que pude.

    Ela se vira na minha direção e eu finalmente tenho a certeza de que é mesmo a minha irmã. Ela não está mais debilitada. Está vestindo um vestido fino e completamente branco, que combina com a cor do seu cabelo. Uma brisa leve balança os fios e posso ver a paz nos olhos dela, mesmo de longe.

    Começo a correr em sua direção. Estou descalça e posso sentir a grama e as flores embaixo dos meus pés, me dando uma certeza ainda maior de que isso não pode ser apenas um sonho lúcido.

    Eu a alçando e pulo em seus braços, sentindo o seu corpo e a abraçando como se ela pudesse fugir. O pior é que eu sei que ela vai.

— Como isso é possível? -perguntei entre as lágrimas compulsivas.

— Eu não tenho muito tempo, irmã. -Amaya separou o abraço e me encarou, repousando uma das mãos na minha bochecha. Fechei os olhos pelo seu toque.

— Como isso é possível? -perguntei novamente.

— Nós feiticeiras vamos para um plano espiritual diferente do restante das pessoas. -explicou, sentando-se aos pés da grande árvore e escorando-se com as costas no tronco. — Eu usei o que restou da minha magia para atrasar a minha passagem e conseguir me despedir de você.

— Então é real? Não estou sonhando? -sentei-me ao seu lado.

— Não. -ela sorriu docemente. — Eu não poderia partir sem concertar algumas coisas. Tenho muitos assuntos pendentes com você, S/n.

— Pode falar, irmã. -segurei ambas as mãos dela, aproveitando cada momento.

— A culpa nunca foi sua, S/n. -Amaya iniciou. — Eu acabei com a minha própria vida porque não soube olhar pelo lado bom quando tive a chance. No fundo, eu agradeço por você não ser como eu.

— Não fale essas coisas. -pedi, deitando a cabeça nas pernas dela. — Você foi ótima, só fez escolhas ruins. Você também era apenas uma criança e estava quebrada por conta da maneira que foi criada.

— Isso já não importa mais. -ela sorriu. — Não quero perder o tempo que me resta falando sobre mim. Preciso te contar algumas coisas.

— Então me conta. -pedi.

feiticeira • entre uchihas e senjusWhere stories live. Discover now