• nascimento de uma amizade •

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S/N:

    Adentro a casa dos Uchihas e caminho ao lado de Izuna até chegar na sala de estar, onde eu não lembro de ter vindo algum dia. Estou com a memória fraca ultimamente.

    O cômodo é bem iluminado, mesmo que tenha as paredes e móveis em tons escuros. Há muitas luzes acesas, o que deixa o local aconchegante e claro.

    Na mesa de centro há duas garrafas de awamori e um whisky. Izuna quer encher a cara mesmo. Mas eu gosto de disso, sou resistente ao álcool - pelo menos eu acho - e na minha opinião, a conversa flui melhor quando estamos bebendo.

— Por que tanta bebida? -perguntei.

— Não acho que vamos beber tudo, mas eu quero ficar bêbado e comemorar. -Izuna riu, sentando-se em uma poltrona.

— Comemorar o quê? -arqueei uma sobrancelha.

— Que você foi esperta e conseguiu sair viva de lá. -ele falou como se fosse óbvio. — Sabe, eu fiquei perturbado quando pensei que você estivesse morta.

— O que seria de você se eu realmente estivesse, não é? -brinquei, sentando na outra poltrona que ficava na frente dele.

    A mesinha de centro está no meio de nós dois, então nos movemos ao mesmo tempo e cada um pega uma garrafa de awamori. Abro a minha e dou um gole no gargalo, fazendo uma careta pelo sabor amargo que desce queimando a minha garganta.

— Você já é quase uma Uchiha mesmo. -Izuna brincou. — Possui um doujutsu foda, é um pouco delinquente, amaldiçoada e alcoólatra. -contou nos dedos, me fazendo rir alto.

— Kami que me livre. Um elogio desses, eu passo. -falei entre risos, dando mais um gole na bebida em seguida.

    De repente, uma garota entra na sala trazendo duas taças. Fico calada, observando a sua aproximação. Ela é jovem, muito bonita e parece ser uma empregada nova aqui.

— Senhor Izuna. -ela fez uma breve reverência. — Trouxe as taças.

— Deixe aí, Suyen. -ele apontou para a mesa de centro.

    Ela largou os objetos e ficou parada ao lado da mesinha, esperando por mais algum comando de Izuna. Ela parecia bastante submissa, e isso me incomodou.

— Pode sair! -ele ordenou num tom rapidamente rude. — Está demorando. Some!

    A garota assentiu e se retirou do local, fechando a porta em seguida. Fico séria, observando o Uchiha. Ele parece não se importar com o fato de tê-la tratado daquela forma, pois está servindo a taça com bebida despreocupadamente.

— Quem é ela? -perguntei.

— Minha empregada particular. -deu de ombros.

— Particular?

— Sim, ela só serve à mim, não ao meu irmão. -explicou.

— E por que você fala com ela daquela forma tão rude? -perguntei discretamente.

— Ela é minha empregada. -ergueu as sobrancelhas.

— E?

— E eu não obriguei ela à trabalhar para mim. Ela está aqui porque quer, então precisa me aguentar. -responde simplesmente, me fazendo rir em ironia.

— Se eu fosse sua empregada e você falasse daquele jeito comigo, eu quebraria as duas taças nessa sua cabeça vazia. -disse entre risos.

— Veio aqui para me enfrentar? -cerrou as sobrancelhas.

— Não. Longe de mim. -debochei. — Mas se você quer ser amado pela vila, deve tratar melhor todas as pessoas, e não só as que te convém. -acrescento.

— Cuida da sua vida, garota! Enche essa boca suja de bebida e fica quieta. -ele prendeu o riso, me entregando uma taça.

    Soltei a garrafa que estava bebendo no gargalo e peguei a taça, para tentar parecer mais formal. nos meus sonhos eu seria formal perto do Izuna.

— Por que você me salvou? -ele perguntou.

— Acha que eu ia ficar escondida naquela moita olhando você morrer? -revirei os olhos. — Nem você acredita nisso.

— Mas nós nem somos próximos.

— Você é meu amigo. -cerrei as sobrancelhas. — E eu não me importo se você não me considera da mesma forma. Eu te considero e pronto.

— Eu também considero você uma amiga. -ele sorriu, bebendo um gole do líquido da sua taça. — Mas não me mataria por você.

— Nem eu por você, idiota. -bufei. — Acha que um golpe daqueles iria me matar? Meu querido, eu sou médica ninja, eu sei me curar sozinha.

    Izuna gargalhou divertido com a minha fala. Não contive um riso também, afinal, a risada dele é contagiante.

— Isso inflou o seu ego, não é? -disse entre risos. — Aproveita, pois não vou mais precisar ser salvo por você.

— Acabou de admitir que precisou de mim. -arqueei uma sobrancelha.

— NUNCA! -ele pareceu indignado.

— Então ela veio. -uma terceira voz se fez presente. Olho na direção da porta e vejo Madara, vestindo um kimono preto. — Bastou só um comentário simples para você vir.

— Vim para ver o Izuna, não para ver você. -respondi.

    Izuna alternou o olhar entre o seu irmão e eu, sério e minimamente tenso. Ele deu um golaço da bebida, para aliviar a frustração.

— Posso me juntar à vocês? -o mais velho perguntou. — Eu gosto de awamori.

— Pode. -Izuna logo proferiu, saindo da poltrona e dando lugar para o mais velho.

    Madara agora está bem na minha frente, me mirando com um olhar intenso, como se pudesse - ou quisesse - ver a minha alma. Ajeito a postura na cadeira e levo a minha taça aos lábios, lentamente.

— Pegue uma taça para mim, Izuna. -o líder pediu.

    O mais novo se retirou rapidamente da sala para buscar, me deixando sozinha com esse Uchiha tão misterioso. Continuei firme, encarando aqueles olhos na mesma intensidade que ele encarava os meus.

— Finalmente vamos beber juntos. -ele disse. — Isso é excitante, não?

— Muito. -proferi, exalando ironia no meu tom de voz.

feiticeira • entre uchihas e senjusWhere stories live. Discover now