• hokage •

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S/N:

    Assim que Amaya sai da minha casa, desmorono em lágrimas ao deitar na cama. Não consigo parar de chorar, e confesso que não quero. Se eu reprimir esse sentimento agora, não vou conseguir me despedir pois ficarei sempre com isso entalado na minha garganta. Me permito chorar para renovar a minha alma e me preparar para o dia seguinte.

• • •

    Acordo me sentindo um pouco melhor e levanto-me nos primeiros raios de sol da manhã. Já não está chovendo, mas está frio.

    Ando até o banheiro e dou um pulo ao ver os meus olhos no espelho. Estão super inchados por conta do choro intenso da noite passada. Acho que passei muitas horas chorando, mas me sinto bem por isso agora.

    Bom, hoje é o meu primeiro dia de despedidas de todos aqui. Não posso contar para onde vou, então decidi não dizer que vou embora. Vou simplesmente desaparecer e deixá-los cheios de lembranças boas comigo, apesar de terem me mentido, não guardo rancor deles.

Mas como eu faço isso? -sussurro para mim mesma.

    Coloco uma roupa quente e confortável e saio de casa, pois ficar aqui me faz sentir sufocada. Amaya me deixou com um pouco de dinheiro, pois deve ter percebido que eu não tinha muitas coisas para comer em casa.

    Mas não vou gastar com comida, pois não vou ficar muito tempo nesta casa, então decido ir até Mito para fazermos algo juntas. Espero que eu não chore perto dela, no fundo eu não queria estar me despedindo.

    Chego em frente à sua casa e bato na porta. A mesma é aberta poucos segundos depois, por Mito, que está com o cabelo um pouco bagunçado pois provavelmente acabou de acordar.

— Bom dia, sensei! -falei, animada.

— S/n? -ela coçou um dos olhos. — O que te trás aqui essa hora da manhã?

— Ah... -me enrolo, coçando a nuca. — Queria te convidar para sair. Talvez um passeio?

— Hum. -ela me analisou, desconfiada. — Vou me arrumar, então. Entre!

    Ela me deu espaço e eu entrei, logo após tirar as sandálias na porta. Vejo o hokage sentado à mesa, tomando café da manhã e vestindo um kimono branco com detalhes verdes.

— Bom dia, shodaime! -digo, sorrindo.

— Bom dia, S/n. Caiu da cama, foi? -brincou, rindo.

— Mais ou menos isso. -respondi.

— Mito já comeu, mas ainda sobrou muito aqui. Quer me fazer companhia? -ele convidou.

— Ahn... claro. -aceitei e me aproximei dele, um pouco receosa.

    Não há motivos para sentir vergonha ou medo, mas sinto mesmo assim, como se eles pudessem descobrir a minha intenção só de olharem para mim.

    Sento-me à mesa na frente de Hashirama e me sirvo com um pouco de comida. Eles comem muito pela manhã. Mito, por estar grávida e Hashirama, por precisar de bastante energia para lidar com todos os problemas desta aldeia.
    Eu não conseguiria ser hokage nem se quisesse.

— Está muito bom. -elogiei a comida.

— Minha esposa quem fez. Ela é uma ótima cozinheira, não acha? -sorriu largo, orgulhoso.

— Muito. -dou um gole no café e faço uma careta. — Esse café está esquisito.

— Foi a única coisa desta mesa que eu fiz. -ele perde a postura.

— Ah, quer dizer, está ótimo! -minto, tomando outro gole. — Nossa, que café maravilhoso!

— O primeiro gole é sempre estranho, mas eu faço um café ótimo! -estufou o peito, convencido.

    Eu deveria ter servido menos dessa bebida horrível, agora vou ter que tomar tudo.

— Tem falado com o Izuna? -shodaime perguntou.

— Sim, ontem.

— E com o Madara?

— S-sim. -me engasguei rapidamente ao lembrar de tudo, mas disfarcei bem. — Ontem.

— A sua amizade com o Izuna é muito bonita, S/n, você quase morreu por ele. -ele sorriu largo. — Essa é a vontade do fogo que eu quero para o meu povo! -ele fecha a mão em punho, falando num tom teatral.

— Ah, aquilo não foi nada. -dou um risinho forçado.

— Depois daquele dia, Madara parou um pouco com os assuntos sobre poder e se tornou um homem mais flexível nos assuntos referentes à Konoha. -ele ficou sério e pensativo. — Acho que ele percebeu que poderia ter perdido o irmão e talvez tenha entendido a sua posição na vila, como co-fundador e não hokage.

— Isso é bom? -murmurei. Não entendi nada.

— Sim. -ele me encarou de repente. – Você e os Uchihas estão bem próximos, não é? Posso ver pelo seu colar.

— Ah, eu ganhei de uma senhora. -coloquei uma das mãos no pingente. — Mas eu estive lá ontem, sim. Fui falar com o Izuna e conversar. -menti. — Afinal, somos amigos.

— Você acha que o Madara seria um bom hokage? -perguntou de repente.

— Como eu vou saber?

    Posso ter soado meio rude, mas não foi a minha intenção.

— Vou passar o cargo assim que Mito ganhar o bebê, mas vou continuar atuando como shinobi. -cruzou os braços e fechou os olhos. — O meu irmão não acha uma boa ideia colocar um Uchiha no poder assim.

— Eu sinceramente não sei, shodaime. Não acho que somos próximos o suficiente para que eu responda algo desse nível. -lamento, baixando o rosto.

— Eu entendo. -ele fez uma pausa.

— Sabe quem eu acho que seria um ótimo hokage? -falei travessa.

— Quem?

— A sua esposa!

— Kami que me livre. -Mito apareceu de repente, me fazendo rir. — Já basta um marido ocupado e estressado, mais eu? Estou fora! -riu.

    Gargalhei com a sua resposta, enquanto Hashirama apenas sorria, rendido e bobo olhando para a sua mulher.

— Eu gosto de você, S/n. Me vejo em você, no seu jeito de ser e de falar. -disse o hokage. — Fico feliz em ter você do nosso lado. Talvez você consiga salvar o meu amigo, da maneira que eu nunca consegui.

    Ele parece estar falando isso propositalmente, para me deixar mais triste do que eu estou. Será que ele pensa que eu posso "salvar" o Madara só porque sou "próxima" dele? Meu filho, eu não salvo nem à mim, quem dirá um Uchiha.

    Enfim, cada um com os seus problemas e eu já tenho demais. E além disso, Madara e eu somos apenas amigos que fazem sexo, nada mais. Assim como foi com o Tobirama. Supera, Hashirama, supera.

— Estou pronta, vamos? -disse Mito.

— Vamos. -levantei e me despedi do hokage, seguindo com a sua esposa para fora da casa.

feiticeira • entre uchihas e senjusWhere stories live. Discover now