• papo constrangedor •

3.6K 504 203
                                    

S/N:

    Acordo com um sobressalto, ouvindo batidas na porta. Estou suando tanto que minha camisa está encharcada. Olho no relógio, que marca dez da noite. Levanto e corro para atender.

— Mito?! -exclamo assim que abro a porta.

— Por que você sumiu assim? -ela me abraçou de repente, deve estar sensível por conta da gravidez.

— Eu precisava descansar. -respondi.

    Ela separou o gesto e eu dei espaço para que pudesse entrar. Andamos até o sofá e tomamos nossos lugares, mas confesso que ainda estou meio dormente pois acabei de acordar.

— O que aconteceu no escritório? Chegamos e você não estava mais lá. -ela pergunta em tom preocupado.

— Ah, eu saí pela janela. -dei de ombros. — Estava nervosa, não queria conversar naquele momento.

— Eu entendo. -ela faz uma pausa. — Vocês conversaram?

— Sim.

— Ele te ouviu?

— Ouviu. -respiro fundo.

— E ele disse alguma coisa? -ela usa o seu tom mais acolhedor.

— Ele tentou me ofender. Disse que sou fraca, não quis me levar com ele, não me perdoou. -listo rapidamente, sem me importar muito. — Eu já sofri tanto nesta vida, que nem doeu como ele esperava.

— Não precisa reprimir os seus sentimentos. Até a pessoa mais forte fica triste quando ouve coisas ruins da boca de alguém que gosta. -ela aconselhou.

— Estou com raiva. -confessei, torcendo o nariz. — Mais de mim do que dele.

— Por quê? -ergueu as sobrancelhas.

— Eu sabia que ele poderia estar enfeitiçado, mesmo assim continuei. Eu omiti coisas só para que ele não se afastasse. -atiro a cabeça para trás, fechando os olhos. — Eu agi de maneira tão irracional. Desejei tanto ele que quase me perdi de mim.

— É normal. -ela sorriu. — Ele foi o seu primeiro homem, provavelmente o primeiro que você amou também.

— Amei? -não contenho uma gargalhada divertida. — Eu nunca o amei, sensei, isso eu garanto.

— Ótimo. -ela se ajeita no sofá, animada.

    Posso ver que sua barriga já está evidente, suponho que por ter descoberto a gravidez quando já estava avançada.

— Agora me conta como foi a sua primeira vez. -ela dispara, me fazendo enrubescer instantaneamente.

— Primeira vez? -me faço de sonsa.

— Não começa, S/n, eu sei que vocês não foram em uma missão falsa só para colher flores em um jardim qualquer. -ela me dá um tapa no braço. — Me conta!

    Fico calada, nunca conversei sobre isso tão explicitamente com alguém. Minha irmã não falava disso, pois eu era muito ingênua e ela não tinha tempo de ficar me contando experiências sexuais. E a minha mãe, muito menos.

— Ok, vou contar como foi a minha primeira vez, assim você não fica tão envergonhada. -Mito limpa a garganta e se prepara para falar. — Bom, eu demorei alguns dias para conseguir transar direito com o Hashirama. É muito grande e, sabe, doía muito. Eu fiquei bastante assada também e...

— MITO!! -grito, a interrompendo. — Que nojo! Eu não quero saber o tamanho do pau do seu marido! -coloco uma almofada no rosto, tentando tirar a imagem da minha mente.

— HÁ! -ela se atira para trás, gargalhando. — O do Tobirama é grande também? Porque se for, é de famil...

— MITO! -jogo a almofada no rosto dela, que ri descontroladamente da minha cara.

— Eu tenho uma pomadinha de assaduras se você quiser. -ela continua.

— Eu juro que te conto tudo, mas para de falar essas coisas! -me rendo, com as bochechas já queimando.

— Então tá! -ela diz entre risos. — Você fez no mato? Numa moita ou coisa do tipo?

— Não, ele me levou para um hotel. -dou um sorrisinho, lembrando de tudo.

— Chique. -ela faz uma pausa. — A minha primeira vez foi nas construções do prédio do hokage.

— Numa construção? -gargalhei alto.

— Acontece. -ela deu de ombros, divertida. — Mas me fala, doeu?

— Sim, bastante. -faço uma careta. — Mas só das primeiras vezes.

— Então você conseguiu?

— Sim, um pouco antes de vir. -cubro o rosto, envergonhada.

— E foi bom?

— Sensei, já chega dessas perguntas! -pedi. — Foi num hotel, doeu e no final foi bom. Satisfeita?

— Argh, você é chata! -ela reclamou. — Sangrou?

— Sim. -torci o nariz. — Eu não sabia que acontecia isso, na hora me assustei. Mas ele levou numa boa.

— Ele foi um babaca hoje, mas pelo menos foi gentil com você naquele momento. -ela ficou séria. — É uma pena que tenha acontecido tudo isso. Não foi a intenção do Hashirama, ele foi descuidado e ingênuo.

— Não lamente, nem eu estou lamentando. -sorri. — Eu pensei que seria pior, mas está sendo tranquilo. No fundo, eu já esperava que isso aconteceria.

— Que bom que você pensa assim. -ela sorriu em minha direção. — Eu demorei para pensar dessa forma. Sofria muito no começo do meu namoro com o Hashirama pois sentia muita insegurança quando ele partia para as batalhas e me deixava em casa.

— Sério? Você era insegura? -ergui as sobrancelhas, surpresa.

— Muito! -ela assentiu com a cabeça freneticamente. — Eu me tornei uma kunoichi para acompanhá-lo, mas no fim, eu o superei em várias áreas. -sorriu orgulhosa. — Depois de um tempo foi fácil deixá-lo partir. Claro, sempre tive medo de perdê-lo, até hoje tenho, mas é um risco que aceitei correr. Pelo bem da nossa vila.

— Uau. -deixo escapar, refletindo nas suas palavras. — Que bom que você amadureceu sobre isso. Seria vergonhoso ver você sofrendo pelo seu marido quando ele estivesse fora. -zombei, recebendo um olhar de reprovação, mas ignoro e continuo rindo.

— Acordou hilária, né. -ela ironiza, levantando. — Quase me esqueci. -colocando a mão no bolso do seu kimono.

    Fiquei observando seus movimentos, imaginando o que poderia ser. Mito me entrega um pergaminho de missão cujo eu preciso assinar para poder partir rumo à vila oculta dos pássaros.

— Me colocaram em uma missão? -torci o nariz, cansada.

— Sim, inclusive, vocês partem hoje pela madrugada. -ela sorriu travessa. — Nada melhor para esquecer uma decepção amorosa, do que trabalhar e manter essa cabecinha oca bem ocupada.

    Respiro fundo e aceito, afinal, preciso de dinheiro para me manter e minhas reservas estão zeradas. Assino o pergaminho e devolvo para Mito, que precisa entregar para o hokage antes de partirmos.

— Vou indo, nos vemos em breve. -ela se despede e anda até a porta.

— Sensei? -chamo e ela me olha. — Qual é a minha equipe? -perguntei.

— A mesma daquele dia, lembra? Com os Uchihas. -finalizou, abrindo a porta e indo embora sem dizer mais nada.

    Não tinha uma equipe melhor, não?
    Me atiro no sofá e fico encarando o teto por um longo tempo, até decidir levantar para arrumar os meus pertences que precisarei levar para a viagem.

feiticeira • entre uchihas e senjusWhere stories live. Discover now