MONROE, MELROSE

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Dois anos.

Foram dois anos onde só ouvíamos falar um do outro. Marianne virou história poucas semanas depois do último show de despedida da Sunset Strip. Era estranho, parecia que eu estava sempre a alguns poucos minutos de distância da Mave. Enquanto ela chegava com a Venomous em NY, havíamos acabado de sair de lá em direção à uma turnê pelo meio-Oeste.

E então, de repente a sorte virava e a Venomous tocava em Santa Fé no mesmo festival que a Dazzle, mas dois dias antes e quando chegávamos, elas já estavam na estrada.

Foi assim durante dois anos, volta e meia no camarim de algum lugar ou em algum bar depois do show, ouvia alguém comentar "A Venomous tocou noutro dia, foi foda, aquelas minas tocam pra caralho!" ou "Sabe que a Venomous toca no lugar tal depois de amanhã/semana que vem/semana passada"?

Não existiam celulares na época, e era difícil saber onde elas estariam para que eu pudesse encontrar o hotel, quarto e telefone público mais próximo. Era uma coisa do tipo "um dia a gente vai acabar se trombando em algum camarim de arena". Devo ter pensado isso algumas vezes, mesmo que esteja sempre chapado demais para acreditar que eu era capaz de pensar, de fato!

Mas isso nunca aconteceu. Na verdade, dois anos depois, estávamos no mesmo festival, como sempre em dias diferentes.Esse festival se não me falha a memória foi, ironicamente em Melrose, LA. Eu estava puto porque não queria voltar para LA. É como levar uma criança para conhecer uma montanha-russa e esperar que ela se contente em voltar para casa e brincar num escorregador enferrujado num parque qualquer! Mas fazia parte do itinerário, ou seja: fora de questão.

Era um festival bizarro, Alice Cooper, Twisted Sister (que ainda não estavam no auge), Dazzle, Hanoi Rocks, Venomous Sins.

E para finalizar, Ozzy. Essa informação é importante.

Depois de passar a noite em um strip bar e voltar para o hotel com uma ruiva e uma morena, acordei sozinho como sempre...a ressaca da noite anterior latejava a minha cabeça, parecia que tinham amarrado um torniquete na minha cabeça. Precisava de...água?

Sim. A água da piscina e uma dose de uísque. Meu quarto ficava para a parte de dentro do hotel, com uma varandinha charmosa de frente para a piscina. Por um momento, pensei que tinha visto uma loira de topless tomando sol, e estranhei, pois haviam pelo menos dois casais de velhinhos na piscina.

Não era uma loira de topless; era o Michael Monroe, do Hanoi Rocks, caralho! Um pouquinho mais de ressaca e eu podia ter dado um beijo na boca do porra do Monroe! De qualquer jeito, era melhor a ressaca do que ser um inútil com uma agulha na veia,...

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Não era uma loira de topless; era o Michael Monroe, do Hanoi Rocks, caralho! Um pouquinho mais de ressaca e eu podia ter dado um beijo na boca do porra do Monroe! De qualquer jeito, era melhor a ressaca do que ser um inútil com uma agulha na veia, e estava um bocado orgulhoso de mim mesmo por isso.

Em cinco minutos, estava sem ressaca, tomando sol e piorando o mau cheiro do corpo com o cloro da água da piscina. E, nessa condição deplorável, quem aparece e se senta no chão, entre eu e o Michael, confortáveis em nossas espreguiçadeiras brancas?

STARRY EYESWhere stories live. Discover now